Amante Amado - Romero x Garro

Um

    As gotas gélidas de água pingavam molhando toda a extensão do corpo de Garro, sua pele se arrepiava com o frio, tomava um banho gelado a fim de despertar-se. Ensaboava o cabelo castanho e curto com um shampoo neutro, preparava-se para o treino rotineiro, que hoje em específico, ocorreria ás oito, já eram cerca de sete e dez da manhã. Quando o argentino finalizou a ducha, enrolou uma toalha em sua cintura e saiu do banheiro, adentrando o quarto e indo em direção ao armário, pegou uma bermuda preta e uma blusa bege da Nike, se vestiu sem pressa, colocou uma corrente prateada no pescoço e calçou uma meia com chinelo. Seu olhar foi até um perfume novo que havia comprado, decidiu usá-lo, aplicou em seu pescoço pálido e preparou sua bolsa, já estava pronto para partir. Por fim pegou o celular e checou o horário, tratavam-se de sete e quarenta, logo logo Romero passaria para buscá-lo e irem à sessão de treinamento juntos, como sempre faziam, era costume dos dois gringos.

    O telefone do camisa dez vibrou, uma mensagem do paraguaio chegou, avisando que estava na porta de seu prédio, rapidamente o respondeu com uma figurinha qualquer e partiu, trancando a porta do apartamento e indo em direção ao elevador. Enfim saiu do edifício, o camisa onze estava aguardando, encostado em sua Porsche Panamera, mexendo no celular, assim que avistou o argentino, guardou o aparelho no bolso e sorriu acolhedor, cumprimentou o outro com um aperto de mão breve e em seguida foi puxado para um abraço caloroso. O meio-campista era o tipo de pessoa que adorava toque físico e Romero não reclamava, talvez ele nunca admitiria em voz alta, mas, meio que amava sentir os braços fortes do amigo ao seu redor. O perfume cítrico e refrescante, diferente do comum chamou sua atenção, uma vontade súbita de permanecer naquele abraço tomou seu corpo, afundou o rosto com cuidado no pescoço alheio e roçava a barba mal feita na área, aquele bom cheiro adentrou suas narinas. Rodrigo estranhou a atitude repentina, mas não achou ruim, muito pelo contrário, a respiração do outro contra si, juntamente da asperidez do seu queixo lhe causava arrepios.

    Separaram-se após alguns longos segundos - Hueles muy bien, ¿Has cambiado tu perfume? - O ponta direita elogiou, Garro sorriu cortês, não imaginava que o paraguaio prestava tanta atenção em seu cheiro - Ah, sí... - Respondeu acariciando a própria nuca - ...¿Te gustó? - Por fim perguntou, o elogio de Ángel mexeu consigo de um jeito que não sabia explicar - Mhm, muy bueno, te sienta bien - O atacante disse piscando para Garro, que sorriu em resposta - Muchas gracias, estás muy guapo hoy - O camisa dez devolveu na mesma moeda, realmente o moreno estava bonito, usava uma blusa folgada preta com uma estampa nas costas, junto de uma bermuda cinza escuro, um relógio digital no pulso e uma correntinha prateada no pescoço, ela quase não aparecia. O cabelo preto e molhado estava jogado para trás, alguns fios caíam de lado, dando um charme para o atacante.

    Rodrigo passou alguns instantes admirando o homem em sua frente - Hmm... ¿Sólo hoy? - O camisa onze falou com um tom de falso descontentamento, o acastanhado riu baixinho do drama do amigo - No... Todos los días - Deu a resposta que o paraguaio gostaria de ouvir. Romero sorriu involuntariamente, sorriso este que fez o coração de Garro palpitar fortemente - Gracias, Rodri - Agradeceu com a voz mansa e deu dois tapinhas carinhosos no ombro do argentino. Ambos adentraram o veículo e logo colocaram o cinto de segurança, Romero ligou o som do carro, tocava um reggaeton animado, ele cantava baixinho dirigindo em direção ao CT Joaquim grava, Rodrigo sorria em divertimento e tentava acompanhá-lo na cantoria desafinada. Em seguida, sertanejo passou a tocar, o rítmo sofrído e lento fez com que o meio-campista trocasse de faixa revirando os olhos, definitivamente não fazia seu tipo. Ángel fez um biquinho tristonho, tratava-se de seu gênero musical predileto - Eyy... - Repreendeu baixinho, mas assim que o samba de melodia contagiante iniciou, sorriu largo, esquecendo de sua birra momentânea - ...Esa canción es buena - Sussurou.

    Os sons dos instrumentos adornavam os ouvidos de ambos, o camisa onze remexia-se lentamente ao volante, fazendo uma espécie de dança desengonçada, que arrancava sorrisos e gargalhadas do acastanhado.