𝖈𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖙𝖗ê𝖘

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𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐓𝐑Ê𝐒

"Por que há apenas uma luz, mas duas sombras? Você acha que algo mais dentro de mim despertou? Sou uma monstrinha. Tenha medo de mim, eu faço você sofrer, eu faço você sonhar apenas comigo."

irene&seulgi – monster



Os dormitórios da Sonserina brilhavam em verde, o lago reluzindo através das janelas. Varya encarava as criaturas que nadavam nas águas profundas, seus corpos se aproximando tanto da janela que ela precisava prender a respiração. O fogo estalava atrás dela, suas faíscas dançando ao redor do quarto. O suave cheiro de madeira queimada evocava memórias indesejadas.

Ela estremeceu, afastando o pensamento. Não, ela havia deixado aquele lugar. Não havia necessidade de remoer o passado, mas como ela poderia não fazê-lo? Hogwarts lhe lembrava de tudo que lhe fora privado. Ela mergulhou nos bolsos de suas vestes, puxando sua varinha e girando-a entre as mãos. Seu dedo roçou a borda, testando a sensação áspera da madeira.

Sua mente vagou para o que havia acontecido mais cedo, e um leve gemido escapou de seus lábios. Depois de perceber que o garoto em pé diante dela era seu alvo, Tom Riddle, eles foram escoltados para seus dormitórios, instruídos a aguardar o horário de aula. Enquanto caminhavam pelos corredores, ela o observava se portar com uma quantidade incrível de elegância. Cada sorriso e cada palavra eram tão meticulosamente calculados que Varya sentiu o gosto amargo subindo em sua garganta.

Crescendo cercada pela escuridão, a descendente Petrov conhecia todas as suas formas e truques, e Tom Riddle estava repleto disso. Ela reconheceu isso no leve erguer de sobrancelhas quando ele a viu olhando para ele, na forma como seu peito se inclinou ligeiramente como se deixasse escapar um desdém mal contido. O pior de tudo, no entanto, eram seus olhos. Eles se tornaram azul meia-noite enquanto ele a observava, perguntas nadando em sua profundidade.

Eles não falaram, e Varya fez o possível para não se deter em sua aparência encantadora. Como um rosto tão bonito poderia se transformar em um de terror e maldade? Quando Dumbledore lhe falou de Tom Riddle, ela não sabia o que esperar, mas definitivamente não era um rapaz magricela quase de dezoito anos com o rosto de um descendente de Veela. Havia uma beleza notável nas curvas de seu perfil, como se ele fosse um devaneio da imaginação de Oscar Wilde, um miragem perturbadora do que poderia ter sido um ser impecável.

É claro, ela supôs que isso jogava a seu favor. Muitas criaturas que espreitavam as florestas romenas frequentemente assumiam a forma de um humano bonito, atraindo suas presas e fazendo-as se sentir seguras. Havia tanta decepção na beleza, um chamado pecaminoso para aqueles de mente fraca.

A porta da câmara abriu-se ligeiramente, uma garota de cabelos ruivos atravessando o limiar. Ela parou abruptamente, seus olhos castanhos pousando na outra garota que observava a janela maravilhada. Por um segundo, ela ponderou sobre seus pensamentos sobre Varya Petrov, sobre o enigma que ela representava.

Com a maioria das famílias bruxas, havia uma tendência clara em suas crenças. A maioria das famílias de sangue puro valorizava sua árvore genealógica, se consideravam superiores aos trouxas e achavam que o fanatismo de Grindelwald era valioso. Embora não o apoiassem necessariamente abertamente, era um fato conhecido, especialmente entre os sonserinos. Mas e quanto a Varya? Por que ela ficou escondida todos esses anos, levando o Bruxo das Trevas a acreditar que uma de suas linhagens mais devotas havia perecido na batalha? Havia uma estranheza nesse pensamento, pedaços de um quebra-cabeça intrincado que se juntavam para formar uma imagem distorcida.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋𝐒 | 𝐓𝐎𝐌 𝐑𝐈𝐃𝐃𝐋𝐄 {+𝟏𝟖}Onde histórias criam vida. Descubra agora