Meu em quatidades quânticas

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Pov' Pedro

Alguns dias se passaram desde a festa da Malu, hoje é dia de reunião com o João. Me sinto meio nervoso ultimamente, sinto como se pudesse ficar com ele, mas não pudesse tê-lo comigo, como se ele fosse meu por pedaços e não por inteiro.

Meus olhos o segue atravessando a rua em direção a meu encontro e minha pupila fica maior.
Ele está usando uma calça jeans, um casaco rosa e uma jaqueta preta por cima, além de um boné rosa claro. Enquanto vigio seu corpo logo penso que ele ficaria lindo a meu redor, mais uma vez. Penso que não posso mudá-lo e que talvez nunca o tenha por inteiro, mas se não posso fazer isso, pode ser assim mesmo.

- Oii Pepê, tudo certo? – ele me cumprimenta simpático e me assusta, me tirando de meus medos e inseguranças, me trazendo de volta à realidade mais uma vez. – Tá bem? Foi mal pelo susto – ele diz rindo da minha cara.

- Olá Romania, tudo certo sim – respondo meio seco, acredito que ele vá ignorar a situação como fez da última vez e iremos trabalhar como profissionais. Seu sorriso se esvai rapidamente e seu semblante se torna sério.

Estamos em minha sala decidindo sobre as músicas que entrarão na peça, além de João me ajudar com algumas ideias sobre a história, não sabia que ele tinha uma criatividade tão extensa.
Ele me mostra algumas composições suas e eu o ajudo com algumas coisas.

- Tem alguma coisa que você não saiba fazer? – ele me pergunta em tom de flerte, sorrindo pequeno para mim.

- Aparentemente não sei fazer você ficar, acho que seu forte é ir embora – respondo sorrindo sem graça e seu sorriso se esvai de maneira quase que imediata.

Mais uma vez aquele clima estranho se instaura, de uma maneira tão pesada que os pensamentos e inseguranças de cada um se torna quase palpável, mas transparente, como se houvesse uma neblina entre nós.
Não posso ver seus pensamentos, sinto que se eu os visse poderíamos finalmente progredir e compartilhar nossos medos, superá-los juntos, mas ninguém diz nada.

Há mais coisas não ditas pairando no ar do que expressadas por nós dois.

- Pepê do que você tá falando? Eu estou aqui, eu sou seu. - ele me diz quebrando o gelo. - Eu já falei que eu quero você.

- Você tava bêbado João, você só fala essas coisas quando está bêbado, no fim de festa. Sou seu amor de fim de festa quando você não acha ninguém que te interessa - eu digo com um nó na minha garganta, como se estivesse sufocando e finalmente encontrasse o ar.

- Como assim Pedro? Eu tô te falando agora eu quero ser seu, alguma coisa eu senti mudar desde a primeira vez que meus olhos encontraram os seus, eu sinto um desejo súbito de encontrar todos os dias. - ele diz olhando no fundo dos meus olhos e pegando a minha mão a acariciando. - E você não é meu amor de fim de festa está bem? Eu já falei que eu quero você, eu quero você Pepê, tá me escutando?

- Mas João, você fica estranho e me ignora quando a gente fica e eu não gosto disso, o amor não se esconde e...-  falo apressado mas ele me cala com um selinho demorado.

- Eu não acho ninguém que me interessa em festas por que eu só me interesso por você Pedro, só tenho olhos pra você, entenda... eu sou seu. - ele me diz e me beija dá mais um daqueles beijos, outra explosão de fogos de artifício, mais uma explosão de sentimentos, me trouxe o caos mais uma vez.
Mas interrompe o beijo de maneira imediata quando percebe que alguém nos viu, parece ser alguém da limpeza do local.

- Viu? Você é meu em quantidades quânticas, pequenas, não por inteiro. - eu digo e uma lágrima escorre pelo meu rosto. Ele a seca e me olha surpreso por minha fala.

- Pedro eu só fiquei surpreso com alguém chegando aqui, e se fosse seu chefe ou algo do tipo? Poderiam falar que não podemos mais trabalhar juntos... você quer isso? Por que eu não quero.....- João fala calmamente e eu sinto uma verdade plena em sua fala.

- Tudo bem então... acho que faz sentido - digo e o dou um beijo demorado - Vamos sair? - pergunto parando nosso beijo.

- Va-mos sim-m. - ele diz dando selinhos entre sua fala. - Aonde você quer ir? - ele me pergunta sorrindo e se afastando do beijo.

- Ao mesmo lugar de sempre.

Fomos para a mesma cafeteria das últimas vezes, adoro essas tradições que criamos quase sem querer.
Vamos em meu corsa enquanto ouvimos algumas músicas. Pedimos as mesmas coisas da última vez e sentamos na mesma mesa.
É curioso pensar como tudo mudou mas ao mesmo tempo continua igual. Parece que conversamos mas sem dizer nada, meus medos continuam aqui, só foram apertados para mais fundo da minha mente.

Ficamos conversando naquele lugar por bastante tempo, sobre música e sobre a vida num geral, ele fala de muito orgulho sobre sua filha e como ela é minha fã e se espelha em mim.

- No fundo, acho que virei seu fã também... a maneira como você expressa sua arte é a mais bela que eu já vi. - ele diz sorrindo envergonhado.

- Eu também sou seu fã, João, a maneira como você fala sobre seus sentimentos é simplesmente apaixonante. Amo ver você sendo você. - digo sorrindo envergonhado para ele também, que pega minha mão e acaricia a parte de cima.

Voltamos para o Prédio e ficamos conversando por um tempo, até que ele percebe que está tarde e vai embora, mais uma vez.

- Olha.... a gente precisa combinar de sair - ele diz sorrindo pequeno.

- Vamos sim - digo sorrindo de leve para ele, que então me sorri e vai embora.

O amor não se escondeOnde histórias criam vida. Descubra agora