Não havia gostado do fato da minha namorada ter recusado que eu fosse buscá-la. Eu gostava de buscá-la, vê-la saindo da fachada do hospital com o rostinho cansado mas que quando me via abria um sorriso, tão linda.
Preferia respeitar suas decisões ou espaço, ao parecer invasivo ou alguém que não entende seu lado, por isso não a contrariei.
Permaneci na família resolvendo os problemas em que vinha enfrentando, principalmente a questão de achar Elijah, pessoas que estavam por trás de toda essa bagunça em tentar atingir pessoas próximas há mim e terem destruído a minha casa.
David ainda estava desacordado, mas estava estável e consciente, porém se mantinha em um sono profundo sem prévia de acordar.
Setty estava me ajudando muito na busca pelos culpados e estava tão determinado quanto eu. Algo que eu tinha mais certeza do que qualquer coisa, era que Elijah não estava sozinho. Não era possível ele sempre estar há um passo em minha frente, alguém estava o avisando, e era alguém próximo.
Quando uma hora se passa e não recebo uma ligação ou mensagem de Lea, ligo para a mesma.
1,2,3,4,5,6 vezes...nada!
Meu coração acelera e minha mente começa a cogitar inúmeras hipóteses do que poderia ter acontecido.
Ligo para a recepção do condomínio do apartamento em que estávamos temporariamente, havia deixado avisado que ela era a minha mulher, sabiam quem era ela.
Confirmando minhas suspeitas, ela não havia aparecido no condomínio.
Minha última opção para eu não enlouquecer e sair atirando em qualquer filho da puta que me parecesse suspeito. Ligo para Abby.
__Boa Noite, Noel! -me saúda com sua típica animação na voz.
__Boa noite, Abby. Me diz, a Lea já saiu do hospital? -parte de meu peito doía com o medo de algo ter acontecido com ela, a outra torcia para ela estar junto com a amiga.
__Já sim, faz quase uma hora se eu não estiver enganada. Ela disse que pegaria um táxi, mas por que? Ela...não chegou ainda?
__Não...
__Ai Meu Deus!
__Encontrarei ela, obrigado pela informação.
__Por favor, acha a ursinha.
Desligo a ligação e repuxo o ar entre os meus dentes travando uma batalha contra mim mesmo para não perder o controle.
__O que foi, Águia? -Setty que estava sentado ao meu lado pergunta.
__Minha namorada não está no nosso apartamento e nem no trabalho, ela saiu há certa de quase uma hora. Provavelmente a sequestraram. Consegue entrar no sistema dos radares das ruas ao redor do hospital?
__Deixa comigo! -toma posse de sua cadeira giratória e seus dedos escorregam sobre os teclados com tanta rapidez que chegava a ser impressionante alguém conseguir processar e digitar tão rápido.
Não demora tanto tempo para aparecer as imagens nas diversas telas de computador. Era possível ver Lea entrando em um táxi que com um pouquinho mais de zoom, permitiam ver mais dois homens. Um motorista e o outro dividindo o veículo com a garota, graças aos vidros de janelas transparentes.
Passando para a próxima imagem, o que dividia o táxi ataca fisicamente Lea que tenta se defender mas é em vão. Depois disso o veículo some da vista dos radares.
Antes que pudesse tomar qualquer iniciativa de decisão ou atitude, sinto o meu celular vibrar em ligação com um número desconhecido para mim.
__Venha para o Mount Sinai Hospital!
Essa voz...
__John?!
__Sim, sou eu! Agora venha para cá, garoto. Sua namorada precisa de você.
Ele desliga antes que eu pudesse questiona-lo. O que porra ele estava fazendo com a Lea? Será uma armadilha? Por que ele ajudaria ela?
Resolvo não continuar em minhas perguntas mentais sem respostas e pego minha pistola colocando em minha cintura.
__Monitore tudo pelas câmeras, Setty.
__Cuidado, águia.
Dou uma leve piscada em sua direção antes de sair da sala e pegar o elevador para a garagem no subsolo. Aperto o botão na chave destravando a Volvo que logo adentro me sentando no banco do motorista.
Encaixo a chave na ignição e saio com o automóvel pela garagem e pelas portas da máfia dirigindo pelas ruas escuras, iluminadas apenas pelas luzes dos postes e os faróis dos carros que passavam.
Minha mente estava em Lea, será que estava machucada? Eu me sentia péssimo pelo o que aconteceu com ela, eu deveria ter insistido e ido buscá-la.
Eu nunca fui uma pessoa religiosa, mas minha mãe tinha muita fé no todo poderoso, tanto que me ensinou sobre e as orações. Mas depois que passei por tudo, fui perdendo a fé e me afastando de tudo que pudesse ser considerado sagrado.
Minhas mãos apertam o volante da Volvo, meus olhos presos na estrada enquanto minha boca começa a sibilar uma oração que aprendi com a minha mãe. Se existia um Deus, por favor, cuide do amor da minha vida!
__Padre nuestro, que estás en el cielo, santificado sea tu nombre, venga tu reino, hágase tu voluntad en la tierra como en el cielo...
Meus olhos começavam a marejar, o medo e culpa se apossando dentro de mim com força. Eu a amava demais para cogitar a idéia de um dia perde-la. Talvez fosse exagerado pensar nessas coisas, entretanto eu não sabia de sua condição atual, não estava atualizado sobre nada. A única coisa que sabia era que dois homens a sequestraram e que no momento está no hospital!
Meu dedo limpa a lágrima solitária que escorre de meus olhos enquanto me concentro em aumentar a velocidade e atravessar qualquer carro em minha frente.
Consigo chegar em pouco tempo no hospital e o estaciono de qualquer jeito em uma vaga qualquer, antes de descer e correr para dentro do local.
Havia algumas pessoas sentadas em cadeiras enfileiradas, aquele hospital era do meu pai, da família Miller. Se fosse um hospital comum, seríamos reconhecidos mesmo com identidades falsas e provavelmente ao invés de um atendimento de emergência, sairíamos com os pulsos algemados. Mas nunca o usei por orgulho, é a primeira vez que coloco meus pés aqui depois de tanto tempo.
Olho ao meu redor procurando pelo John, e como se lesse a minha mente, o mesmo aparece vindo de um corredor extenso. Ele estava o mesmo em que vi há algumas semanas, o diferencial é que agora carregava alguns hematomas na pele.
Sem pensar duas vezes vou em sua direção, já me preparando para uma série de interrogações ou até mesmo uma bala no crânio se preciso.
__Antes que venha me acusar de alguma coisa, eu ajudei a Lea. Tirei ela do lugar em que ela estava presa, mas antes que eu chegasse ela sofreu um ferimento e teve uma perda considerável de sangue. Ela está bem, está dormindo.
O olho por alguns segundos e decido que conversaria com ele depois, primeiro eu precisava vê-la.
__Qual quarto?
__O último do corredor.
Passo por ele sem dizer nada e caminho em passos apressados, quase correndo até a porta indicada. Giro a maçaneta e adentro o quarto gélido, a luz estava acesa mas não parecia incomodar minha garota que dormia serenamente em uma cama típica de hospital.
Tinha um soro ligado em sua veia, um pequeno corte em sua maçã do rosto e sua expressão estava serena mas cansada.
Me aproximo sentando-me em um banquinho ao lado da cama e seguro em sua mão, beijando cada um de seus dedinhos com leveza.
Seguro sua mão com as minhas e encosto minha testa em nossas mãos unidas, fechando os meus olhos. Deixo as lágrimas caírem pelo alívio de ela estar viva, mas também pela culpa que estava sentindo.
Gracias dios!
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𝑆𝑒𝑗𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎, 𝑎𝑚𝑜𝑟!
عاطفيةLea Smith é uma garota (brasileira) ao qual acaba de finalizar sua faculdade de psicologia depois de muito batalhar. Seu próximo objetivo agora é sair do seu país, ao qual jurou desde pequena, ser a primeira coisa a fazer assim que pudesse mas...não...