Oodal.

Capítulo 12.

Soraya 🪽

Iris: Viram a Suzana? - Vi ela saindo do quarto, olhando para mim e as minhas irmãs.

Samanta: Sei lá. Do jeito que sufoca a garota, deve ter fugido. - Eu ri fraco.

Iris: Melhor do que ela acabar como vocês. - Apontou pra mim e a Samanta.

Soraya: Ish, mãe. Me envolve nas paradas de vocês não. Sufoca a garota mermo, pode nem respirar. - Ela me olhou.

Iris: Para de falar bobagem, garota! Vai atrás dela. Agora! - Eu levantei. - Mas é pra ir atrás dela, não do Castelã. - Revirei os olhos.

Calcei meu chinelo, e saí.

Porra, Suzana! Uma hora dessas?

Subi beco e desci beco, e nada de encontrar a Suzana. Entrei em um, que dava acesso à quadra e vejo o Castelã fumando, com uma menina aqui da favela.

Fingi não ver, e passei reto.

Castelã: Só não vale ficar bolada, demorou? - Ouvi ele rir, me provocando e segui meu caminho.

Eu amo o Castelã. Isso não é de agora. Eu sou apaixonada nele desde os meus 13 anos, mas ele nunca me deu moral. Nunca mesmo.

Aos 14, ele me notou. Fui pro baile da favela, pela primeira vez. Eu não tava na intenção, mas acabou rolando. Desde ai, nós começamos a ficar. Se espalhou pela favela inteira, minha mãe descobriu, mas continuamos a ficar escondido. Isso durou dois anos, e agora eu estou grávida.

Não foi uma decisão sábia. Eu relutei muito pra não perder minha virgindade com ele, mas chegou um momento em que eu não consegui mais. No começo, era tudo perfeito, sabe? Coisa de filme. Mas ai, tudo desandou quando ele conseguiu o que queria.

Apesar da gente nunca ter namorado, eu considerava ele meu namorado.

Ele não tinha consideração por mim. Pegava quem quisesse, na hora que quisesse e quando quisesse. Ele não ligava. Por várias vezes, o Henrique ficava com as meninas na minha frente de propósito. Aquilo me magoava muito, e ele sabia.

Quando um homem sabe que certa coisa machuca a gente, mais eles fazem. Por isso, nunca demonstrem.

Soraya: Se liga, Castelã. Quero que pegue AIDS e vá pro inferno. - Ele riu. - Aí, viu minha irmã? - Ele assentiu, tragando o cigarro de maconha.

Castelã: Pô, deve ta por ai. - Eu neguei e saí.