A Festa Para Zoe

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Antes de tudo: olá, pessoas. Antes de tudo, gostaria de avisar que essa história é baseada em fatos reais com uma pitada de ficção. Escrito por mim, Maryelle Siqueira e Heloisa Silva. Esperamos que se divirtam e que essa história arranque risadas de vocês como arrancou de nós. Boa leitura.

Respiro fundo, tentando manter um sorriso no rosto. A música eletrônica ecoa dentro de minha mente enquanto observo grupos de pessoas em cada canto. Luzes estroboscópicas piscam ao ritmo da música, criando uma atmosfera vibrante. Porém, permaneço na minha, pois não acho apropriado me juntar a elas. Em vez disso, presto atenção nos salgadinhos ao meu lado. Quanto mais os minutos passam, mais salgadinhos eu agarro. Cada um com uma crocância saborosa invadindo meu paladar, instigando-me a me apaixonar completamente. Aliás, Chase terá que dar um jeito de preparar uma outra quantidade, dessa vez que seja maior.

As crianças correm de um lado para outro, levando um furacão junto a elas. E sinto tudo ao meu redor se embaçar como se a agitação e tumulto desse lugar fossem demais para eu aguentar.

— Delilah? Venha aqui — de repente, meu primo chama minha atenção, tirando-me do meu transe e me puxa para outro canto da festa. Para a porta de entrada, para ser mais exata.

Quando a porta se abre, um rosto familiar é revelado. Zoe, com seus cachos castanhos arrumados em um coque elegante, sorriso tímido, vestida de preto da cabeça aos pés. Um vestido longo e justo que realça suas curvas voluptuosas. Portanto, meu primo volta seu olhar a mim com uma certa melancolia, mas para ela, ergue a cabeça como um governador. Deixando-me com ela, sem se importar em cumprimentá-la.

O que esses dois fizeram um para o outro?

— Aonde você estava? — esboço um sorriso, minha face expressando uma impressionante mistura de surpresa e alegria.

— Lá fora.

— Todo esse tempo?

— Sim, quase não consegui abrir essa porta — ela relaxa a postura, um grande contraste com sua roupa.

— Não me diga que você puxou.

— Quase... — admite um tanto tímida — Até perceber que era para empurrar.

— Mas está enorme escrito "empurre" — bati em minha própria testa, mostrando sua falta de inteligência.

Zoe começa a rir de sua própria vergonha, mas uma música cuja batida é bem eletrizante se apodera do meu espírito, como se eu tivesse tomado três coquetéis energéticos de um só vez.

— Quem que colocou essa música? — uma expressão de desgosto cobre o rosto de Zoe — Faz me lembrar da Mia que nem está aqui.

— Oi, meninas — Mia de repente aparece entre nós com um vestido exuberantemente verde, semelhante a de uma sereia. Tão elegante, fazendo-me recolher pela minha vestimenta simples.

— De onde você veio? — arregalo os olhos, assustada com sua presença — Do pó na sola do meu sapato?

— Eu não falei? Invocaram ela! — Zoe exclama.

— Você invocou — pego um copo de refrigerante na mesa que estava me atraindo desde minha chegada.

Ela solta um leve sorriso, mas ergue a visão por cima de mim, como se procurasse outra pessoa. E os olhos dela param em Chase, posso notar que ele está nervoso pelo jeito que anda de um lado para o outro, pelo jeito que cambalea. Talvez seja por isso que ela é tão apaixonada por ele. Parece que pouco importa a ela o que Mia e eu estávamos falando. Foi aí que me toquei. Ela não veio por nós, ela veio por ele. Vejo ele e Miguel, o amigo dele, conversando. Chase só falta desmaiar e pude sentir o desejo horrendo de Miguel de dar um tapa no nele, com o propósito de parar com todo aquele drama adolescente. Que estranho. Eu esperava isso da Zoe, não dele.

Mia empurra Zoe para perto dele enquanto fico ali, apenas observando como eu naturalmente sempre faço.

— Vão tirar a foto — Mia tenta segura a garota de todos os jeitos para que não fuja.

— Ah, não. Não consigo — Zoe nega com a cabeça.

— Só uma foto.

— Vá lá, pode ir — digo a Zoe com uma inefável tranquilidade, percebendo que esse é o único mandamento meu que irá obedecer.

Depois de minha pequena desligada com a realidade, já percebo Zoe parada na frente de Chase, rindo como uma boba. Ela não consegue nem falar um "oi" decente. Seus olhos se encontram e ele a olha profundamente como se lesse todos os segredos soterrados na alma dela, compreendendo cada um sem ter nenhuma ajuda. Zoe tenta dizer algo, mas Chase fala primeiro:

— Você está muito bonita.

Zoe levanta a mão, fazendo um sinal de "ok", mas sua mão treme como um avião em turbulência. Chase percebe e alega que a mão dela tremia descontroladamente.

— Ah, nem percebi — ela diz, rindo novamente. Acho que, de alguma forma, rir é o seu mecanismo de defesa para não, simbolicamente, colapsar. Zoe desvia de vez em quando o olhar dos olhos que ela tanto gosta, apertando suas mãos uma na outra, tentando encontrar firmeza. Espero que o tremor não sobrecaia em seu tom de voz.

Chase pega o celular do bolso e abre a câmera. Eles já haviam falado sobre tirar uma foto juntos, mas a vergonha que sentem torna tudo mais estranho. E para piorar: a câmera do celular de Chase é horrível. Apenas dois borrões são notáveis naquela tela cheia de digitais.

Vejo os dois tão tímidos como se fosse a primeira vez que se veem. Ele tenta a abraçá-la, mas ela foge dele em questão de segundos pela timidez, que parece mais um ser implacável lutando com unhas e dentes para afastarem um do outro. Uau, o cheiro de desespero que exalam me faz cobrir meu nariz. Seus rostos ficam vermelhos como pimentas, e eles desviam o olhar um do outro. Chase coça a cabeça, sem saber o que fazer, enquanto Zoe brinca com os dedos. O clima fica tenso e constrangedor, e eu não consigo evitar um sorriso.

— Ela desenhou ele — Mia sussurra para mim — E ele está bonito.

— Só assim para ele ser bonito — digo com desdém, tomando um gole do meu refrigerante.

— Meu Deus — ela cobre a boca com as mãos — Concordo.

— Eu estou de vela de novo — balanço a lata de refrigerante.

— Não só você, eu também.

— Não, você é a aclamada cupida que elabora mil e uma estratégias para fazê-los se aproximarem. Parece que cada mísero acontecimento foi planejado para juntar Zoe e Chase.

— É, você tem razão. Mas e você? Como está?

— Eu... — solto um suspiro — estou preocupada.

— Com os dois?

— Não. Quer dizer, também. Mas meus pais vão viajar para o exterior amanhã e vão me deixar com babás — jogo minha visão para o chão, um sinal implícito de minha tristeza — Não sei como eles não entendem que uma garota de 17 anos pode cuidar de si própria sozinha.

— Complicado.

— E eu nem sei que babás são essas. Tenho até um pouco de medo.

— Se você der sorte, vai que seja a Sam e Cat — abro um risada fraca com sua piada e ela apoia sua mão em meu ombro a fim de oferecer algum conforto — Vai dar tudo certo, confie. Você está em uma festa de Chase Roden agora. Relaxa, Del.

— É verdade — relaxo meus ombros, aliviando a tensão sobre eles — Eu preciso relaxar.

Não há nada o que possa me preocupar. Não há nada... O que pode dar de errado?

After LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora