Treze

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                                 Julia Smith

Me reviro e acordo com seus gritos:
— Não... Não.
Ele está sonhando, está tendo um pesadelo.
— A culpa é toda minha...
— Charlie acorda, é só um pesadelo...
Ele continua a falar dormindo.
— Charlie — Julia pega em seu rosto e ele está ardendo em febre.
— Charlie acorda.
Charlie acorda atordoado e olha para Julia assustado.
— Nós dormimos?
— Sim, você estava sonhando.
— Preciso ir... — Charlie se levanta bruscamente, sem olhar para trás, começa a procurar suas roupas jogadas pelo chão do quarto.
— É melhor você voltar para a cama, você está ardendo em febre, vamos deixar-me te ajudar, eu sou médica! — Julia o puxa pela mão e tenta colocá-lo na cama, mas Charlie não aceita e puxa o braço tentando colocar a camisa.
— Eu não deveria ter vindo aqui.
— Então por que veio?
Charlie a encara com um olhar confuso e rosna.
— Acredite, eu também não sei, mas já estou de saída.
— Você deveria descansar, você não está bem.
— Já estive pior e sobrevivi, não vai ser uma febrezinha que vai me matar, pode ficar tranquila.
— Eu estou tranquila.
— Por que tanta preocupação comigo? — Charlie mostra um meio sorriso.
— Me preocupo com você como me preocuparia com qualquer um, não se sinta importante.
— Sei. — Charlie se vai sem olhar para trás.
Julia fica olhando para o teto pensando em tudo que tinha acabado de acontecer, revoltada em mais uma vez cair na lábia de quem ela mais odeia.
— Isso não pode acontecer novamente. — Ele é mesmo um canalha, entra no meu quarto e vai embora como se eu fosse nada.
— As coisas que ele dizia, o que será que o deixa tão aflito?
Julia se levanta e vai até o banheiro, molha o rosto e olha para o seu pescoço e ombro marcados por Charlie. Ao passar as mãos, sente um arrepio recordando tudo que aconteceu entre os dois.
— Preciso de um banho gelado.
Entra na banheira e fica um bom tempo de olhos fechados.
— Eu não posso me apaixonar, não por ele, eu o odeio!

The CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora