Um dia chuvoso

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Corro o mais rápido que posso depois de sair do trabalho. Infelizmente perdi
o ônibus e, pelo tempo, vai vir uma chuva daquelas. Continuo correndo pela calçada, fazendo o caminho que faço todos os dias de ônibus, porém, hoje foi diferente. Depois de uns 15 minutos correndo, viro a esquina e a chuva vem com toda sua força. Tento correr o mais rápido possível mas acabo não prestando muita atenção ao meu redor e com essa chuva, não consigo ver quase nada, provavelmente esse foi o motivo de eu ter esbarrado naquele pedaço de mal caminho. — — Meu Deus, que homem.

— Ah, me desculpe. Eu não te vi. Sinto muito — apresso em me desculpar.

— Está tudo bem, eu também não estava prestando atenção. Você está bem?

— Sim. E você? — ele apenas sorri, como se fosse uma pergunta boba. Neste momento estamos totalmente molhados e rindo feito dois idiotas.

— Você não quer ficar ali naquele café até a chuva passar? Já estamos
molhados, mas, pelo menos, será mais seguro do que continuar até nossos
destinos com esse tempo. E podemos nos aquecer com um bom café.

— Sim, claro. Acho que um café quente seria bom agora — aceito seu convite
sem nem pensar duas vezes. Acho que esse tempo está me deixando louca.

— Com certeza. Vamos? — aceno com a cabeça e seguimos para o café do outro
lado da rua.

Depois de longos minutos conversando e tomando o melhor café que já tomei na
vida e o melhor bolo de chocolate, descobri que aquele lindo homem se chama Augusto, mora perto do meu trabalho e é um advogado criminalista, e o melhor, é solteiro. Fala sério! Nem dá para acreditar. Quanto mais conversava com ele, mais parecia que já o conhecia.

Assim que a chuva passa, Augusto pergunta se podíamos nos encontrar
novamente e pede meu número. Não fico com receio de passar, pois parecia que
já o conhecia a tempos. Antes de seguirmos nossos caminhos, ele para na minha frente e fica me olhando como se quisesse dizer ou fazer algo. Eu já estava ficando nervosa e ansiosa com o que ele diria. Continuei sorrindo e esperei... Se tivesse um buraco gigante na calçada naquele momento, com certeza teria me jogado dentro.

— É.. desculpe, não quero ser indelicado, mas tem um pedaço de bolo no seu
dente — ele aponta para o próprio dente, para me indicar onde o pedaço de bolo
estava.

Coloco a mão na boca imediatamente e passo a língua para limpar — ai meu
Deus! Não acredito que estou sorrindo para ele que nem uma idiota e meu dente está sujo, mais que droga! — penso enquanto olho para aqueles belos olhos azul.

Limpo rapidamente e sorrio para ele com o rosto mais vermelho do mundo. Odeio isso em mim, sempre que fico com vergonha e sem graça, meu rosto fica totalmente vermelho e quente, impossível de disfarçar.

— Bem, obrigada por me avisar e me desculpe por isso. Não tinha percebido.
Agora tenho que ir. Foi um prazer te conhecer e obrigada pelo café — só quero sair o mais rápido possível daqui e me esconder. Arrh.

Me viro para ir embora, mas antes de dar um passo se quer, ele me puxa e me
beija e, meu Deus, que beijo. Um dos homens mais gatos e bem sucedidos que já conheci estava me beijando depois de uma chuva forte e um café quentinho. Se isso for um sonho, por favor não me acorde.

Segundos se passam do nosso beijo e ele se afasta sorrindo para mim. Me dá um
leve beijo no canto da boca e diz que vai me ligar. Dou um tchauzinho, sorrio
rápido com medo de ter alguma outra coisa nos dentes e me afasto logo.
Continuo meu caminho para casa toda bobona, mas como não sou tão sortuda
assim, antes de chegar na calçada de casa, a chuva volta novamente. Corro e
entro em casa indo direto para a lavanderia jogar as roupas na máquina e depois vou direto para o banho.

Durante o banho penso em cada minuto desse fim de tarde e imagino como seria
estar com um homem desse, aqui e agora. Imagino ele aqui comigo, tomando um belo banho quente, rindo de todas as bobagens possíveis, e depois, sua mão livre lentamente passeia pelo meu corpo, seus lábios macios beijam meu pescoço, segurando minha nuca e aproximando nossos corpos e depois.. trim, trim, trim.

Acordo ofegante e olho ao redor assustada. Bato a mão no despertador ao lado da cama para desliga-lo.

— NÃO ACREDITO QUE ESTAVA SONHANDO COM O HOMEM MAIS
ARROGANTE QUE JÁ CONHECI NA VIDA, AAAAA — aperto o travesseiro no
rosto para abafar o grito.

Jogo o travesseiro de lado ainda frustrada. — E ainda por cima meu chefe. Como sou idiota, o que você tem na cabeça, Anna? Tanto homem para sonhar e ter e você sonhando com ele. Justo com ele?

Sento na beirada da cama ainda com a coberta embolada nas pernas e passo a
mão no cabelo bagunçado, tentando ajeitar. Preciso manter a calma e me arrumar para o trabalho. Não posso chegar atrasada ou aquele metido a besta vai me colocar para trabalhar até mais tarde de novo.

Estágios são uma droga. Preciso manter a mente tranquila quando ver Augusto
Valladari no trabalho. Lindo, gostoso, rico e totalmente impertinente, arrogante e mandão! Mas eu preciso desse trabalho para concluir o estágio, se quero mesmo me tornar uma grande advogada, tão grande e conhecida quanto ele.

Jogo a coberta de lado e me levanto. Vou para o banho, desta vez sozinha e bem
acordada, e me preparo para começar meu dia e voltar para toca do lobo, mais
uma vez.

UM DIA CHUVOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora