Seu garotinho ainda estava vivo. Léo aprendeu muito com seu sonho. Aprendeu que, independentemente de tudo, jamais deixaria a amizade de Rémi desaparecer. Léo agora tinha um novo medo: perder Rémi.
Léo abriu os olhos lentamente e não viu Rémi ao seu lado.
– Rémi? REMI? – gritou, saindo do quarto e correndo até o banheiro. Ele bateu na porta com força. – REMI! REMI? – gritou novamente, com a voz trêmula.
– Estou aqui! – Rémi abriu a porta.
Léo abraçou Rémi com força, quase sufocando-o.
– Não faz isso, me assustou.
– Estou bem, fica calmo. – disse Rémi, tentando acalmar Léo. – Vamos, mamãe já fez o café. – Ele puxou Léo pelo braço e o levou para a cozinha.
A cozinha estava iluminada pela luz suave da manhã. A mesa estava posta com uma variedade de alimentos, e o aroma de café fresco preenchia o ar. Sophie e Peter estavam sentados, parecendo um pouco preocupados.
– Bom dia, meninos. Dormiram bem? – perguntou Peter, com uma tentativa de sorriso para aliviar a tensão.
– Dormimos sim. – respondeu Léo, tentando soar convincente.
– Agora que já estamos mais calmos, posso saber o que houve ontem à noite? – questionou Sophie, olhando de Léo para Rémi com preocupação evidente nos olhos.
– Não foi nada demais, eu apenas tive um sonho que não foi muito legal... – disse Léo, desviando o olhar.
– Hum... – Sophie respondeu, ainda preocupada.
Rémi e Léo sentaram-se à mesa. Léo sentou-se ao lado de Rémi. Enquanto Rémi bebia uma xícara de leite e começava a comer, Léo olhou para a comida e disse:
– Estou sem fome...
– Tudo bem, não precisa comer. – disse Sophie, com uma voz suave, tentando não pressionar Léo.
Ao ouvir isso, Léo lembrou-se de já ter ouvido Sophie dizer a mesma coisa antes, no mesmo cenário. Começou a ter uma crise de ansiedade, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
– O que houve? – perguntou Rémi, preocupado, notando o estado de Léo.
– Nada... Apenas estou com dor de barriga. – disse Léo, tentando esconder sua ansiedade.
– Então não coma, não deve ser nada demais, só não coma. – disse Sophie, tentando tranquilizá-lo.
– Mas...
– Já sei o que vou fazer, acho que...
– Água morna e limão vão resolver? – Léo completou o que Sophie ia dizer.
– Como você... – Sophie começou, surpresa.
– Preciso ir ao banheiro. – disse Léo rapidamente, levantando-se da mesa.
Léo caminhou até o banheiro com lágrimas no rosto, sentindo-se sufocado pela ansiedade.
– O que está acontecendo comigo? Foi só um sonho, nada demais. Foi apenas um sonho. – disse a si mesmo, olhando-se no espelho.
– Léo. – chamou Rémi na porta, a voz cheia de preocupação.
Léo enxugou as lágrimas com um rolo de papel toalha e abriu a porta rapidamente.
– Oi? – disse, tentando soar normal.
– Eu te conheço e sei que não está bem. O sonho em que eu morria foi tão amedrontador assim? – perguntou Rémi, tentando entender o que se passava.
– Foi muito real. Estou com medo de realmente acontecer e não sei como lidar com isso, caso você se vá. Não estou bem... Não quero que você se vá! Eu não quero que você... – Léo começou a soluçar, sem conseguir terminar a frase.
Rémi o interrompeu e o abraçou firmemente.
– Estou aqui do seu lado. Quantas vezes terei que dizer isso? Calma. – disse Rémi, enquanto Léo chorava em seu ombro.
– Tá tudo bem, meninos? – perguntou Nathalie da cozinha, a voz preocupada.
– Está sim! – respondeu Rémi, tentando não alarmar mais ninguém.
– Vamos voltar? – perguntou Léo, ainda se sentindo frágil.
– Vamos... – disse Rémi, com um sorriso reconfortante.
Eles voltaram para a cozinha, onde todos começaram a comer. Léo apenas bebeu uma xícara de leite, tentando se acalmar enquanto os outros conversavam sobre trivialidades, tentando manter a atmosfera leve e reconfortante.
Logo depois de terminarem o café da manhã, Léo e Rémi saíram para brincar. Enquanto caminhavam, eles pararam em um campo de flores. Rémi pegou uma toalha que trouxera e a colocou sobre o chão, convidando Léo para deitar. Ambos se deitaram e ficaram olhando para o céu.
– Oi... – Rémi disse, quebrando o silêncio.
– Oi! – Léo respondeu, sorrindo.
– Quer me contar algo? – Rémi perguntou, notando a expressão pensativa de Léo.
– Contar? Não... – Léo hesitou.
– Tem certeza? – Rémi persistiu.
– Tenho... – Léo respondeu rapidamente, tentando mudar de assunto.
– É que... – Rémi começou a falar, mas Léo o interrompeu.
– Sabe uma coisa que eu sempre notei? É que todas as vezes que durmo na sua casa, de um tempo pra cá, venho notando que você fica mais tempo dentro do banheiro. Tem algo pra dizer? – Léo perguntou, curioso.
– Bem, não é nada. Eu apenas faço minhas necessidades lá, o que mais eu iria fazer lá? – Rémi respondeu, tentando parecer casual.
– O que mais? Você não se machuca ou algo assim? – Léo perguntou, sendo direto.
– Não... Eu não... – Rémi tentou continuar, mas foi interrompido por Léo.
– Não! Não. Mente. Pra. Mim. – Léo disse, enfatizando cada palavra.
– Léo, eu não faço isso! – Rémi respondeu, um pouco exasperado.
– Sei...
– É SÉRIO! – Rémi insistiu, seus olhos se enchendo de lágrimas.
– Calma... – Léo tentou acalmar a situação.
– Desculpa... – Rémi disse, suas emoções à flor da pele.
Léo o abraçou. Eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas se abraçando.
– Pode chorar. Põe tudo pra fora. – Léo disse, suavemente.
– Eu não consigo... todas as vezes que me vejo no espelho, sinto-me diferente dos outros garotos. Eu tento não me importar com isso, mas é tão evidente. Não é evidente? – Rémi desabafou.
– Evidente, o que é evidente? – Léo perguntou, demonstrando preocupação.
– Eu... Eu não sei ao certo, mas eu acho que gosto de... – Rémi hesitou.
– De...? – Léo incentivou, percebendo a dificuldade de Rémi.
Rémi não conseguiu continuar e começou a chorar.
– Shiii... Tudo bem... Vai passar. – Léo o abraçou mais forte, tentando confortá-lo.
– Eu sinto que não estou... – Rémi tentou explicar, mas as palavras falharam.
– Shh, não precisa contar agora. Eu acho que vou chorar também... – Léo confessou, também emocionado.
Os dois choraram juntos, compartilhando um momento de vulnerabilidade e conexão profunda.
O que mudaria? Uma coisa que os pais de Rémi e ele próprio tentaram esconder é que ele tem depressão. Isso é evidente, mas por algum motivo, nunca alertaram ninguém, nem mesmo a escola. Rémi enfrenta muitos problemas e dificuldades, mas seria desonesto revelar tudo de uma vez. Vocês precisam ler para descobrir.
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Além do sonho: A jornada de Remi e Léo
FanfictionRemi e Léo são amigos, mas em um dia doloroso, Remi tira sua própria vida, deixando Léo completamente sozinho. No entanto, ao acordar desse pesadelo, Léo percebe que, na verdade, Remi não morreu, e tudo o que ele tinha visto era apenas um sonho terr...