"Futuras Descobertas" - Segundo Capítulo

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Seu garotinho ainda estava vivo. Léo aprendeu muito com seu sonho. Aprendeu que, independentemente de tudo, jamais deixaria a amizade de Rémi desaparecer. Léo agora tinha um novo medo: perder Rémi.

Léo abriu os olhos lentamente e não viu Rémi ao seu lado.

– Rémi? REMI? – gritou, saindo do quarto e correndo até o banheiro. Ele bateu na porta com força. – REMI! REMI? – gritou novamente, com a voz trêmula.

– Estou aqui! – Rémi abriu a porta.

Léo abraçou Rémi com força, quase sufocando-o.

– Não faz isso, me assustou.

– Estou bem, fica calmo. – disse Rémi, tentando acalmar Léo. – Vamos, mamãe já fez o café. – Ele puxou Léo pelo braço e o levou para a cozinha.

A cozinha estava iluminada pela luz suave da manhã. A mesa estava posta com uma variedade de alimentos, e o aroma de café fresco preenchia o ar. Sophie e Peter estavam sentados, parecendo um pouco preocupados.

– Bom dia, meninos. Dormiram bem? – perguntou Peter, com uma tentativa de sorriso para aliviar a tensão.

– Dormimos sim. – respondeu Léo, tentando soar convincente.

– Agora que já estamos mais calmos, posso saber o que houve ontem à noite? – questionou Sophie, olhando de Léo para Rémi com preocupação evidente nos olhos.

– Não foi nada demais, eu apenas tive um sonho que não foi muito legal... – disse Léo, desviando o olhar.

– Hum... – Sophie respondeu, ainda preocupada.

Rémi e Léo sentaram-se à mesa. Léo sentou-se ao lado de Rémi. Enquanto Rémi bebia uma xícara de leite e começava a comer, Léo olhou para a comida e disse:

– Estou sem fome...

– Tudo bem, não precisa comer. – disse Sophie, com uma voz suave, tentando não pressionar Léo.

Ao ouvir isso, Léo lembrou-se de já ter ouvido Sophie dizer a mesma coisa antes, no mesmo cenário. Começou a ter uma crise de ansiedade, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

– O que houve? – perguntou Rémi, preocupado, notando o estado de Léo.

– Nada... Apenas estou com dor de barriga. – disse Léo, tentando esconder sua ansiedade.

– Então não coma, não deve ser nada demais, só não coma. – disse Sophie, tentando tranquilizá-lo.

– Mas...

– Já sei o que vou fazer, acho que...

– Água morna e limão vão resolver? – Léo completou o que Sophie ia dizer.

– Como você... – Sophie começou, surpresa.

– Preciso ir ao banheiro. – disse Léo rapidamente, levantando-se da mesa.

Léo caminhou até o banheiro com lágrimas no rosto, sentindo-se sufocado pela ansiedade.

– O que está acontecendo comigo? Foi só um sonho, nada demais. Foi apenas um sonho. – disse a si mesmo, olhando-se no espelho.

– Léo. – chamou Rémi na porta, a voz cheia de preocupação.

Léo enxugou as lágrimas com um rolo de papel toalha e abriu a porta rapidamente.

– Oi? – disse, tentando soar normal.

– Eu te conheço e sei que não está bem. O sonho em que eu morria foi tão amedrontador assim? – perguntou Rémi, tentando entender o que se passava.

– Foi muito real. Estou com medo de realmente acontecer e não sei como lidar com isso, caso você se vá. Não estou bem... Não quero que você se vá! Eu não quero que você... – Léo começou a soluçar, sem conseguir terminar a frase.

Rémi o interrompeu e o abraçou firmemente.

– Estou aqui do seu lado. Quantas vezes terei que dizer isso? Calma. – disse Rémi, enquanto Léo chorava em seu ombro.

– Tá tudo bem, meninos? – perguntou Nathalie da cozinha, a voz preocupada.

– Está sim! – respondeu Rémi, tentando não alarmar mais ninguém.

– Vamos voltar? – perguntou Léo, ainda se sentindo frágil.

– Vamos... – disse Rémi, com um sorriso reconfortante.

Eles voltaram para a cozinha, onde todos começaram a comer. Léo apenas bebeu uma xícara de leite, tentando se acalmar enquanto os outros conversavam sobre trivialidades, tentando manter a atmosfera leve e reconfortante.

Logo depois de terminarem o café da manhã, Léo e Rémi saíram para brincar. Enquanto caminhavam, eles pararam em um campo de flores. Rémi pegou uma toalha que trouxera e a colocou sobre o chão, convidando Léo para deitar. Ambos se deitaram e ficaram olhando para o céu.

– Oi... – Rémi disse, quebrando o silêncio.

– Oi! – Léo respondeu, sorrindo.

– Quer me contar algo? – Rémi perguntou, notando a expressão pensativa de Léo.

– Contar? Não... – Léo hesitou.

– Tem certeza? – Rémi persistiu.

– Tenho... – Léo respondeu rapidamente, tentando mudar de assunto.

– É que... – Rémi começou a falar, mas Léo o interrompeu.

– Sabe uma coisa que eu sempre notei? É que todas as vezes que durmo na sua casa, de um tempo pra cá, venho notando que você fica mais tempo dentro do banheiro. Tem algo pra dizer? – Léo perguntou, curioso.

– Bem, não é nada. Eu apenas faço minhas necessidades lá, o que mais eu iria fazer lá? – Rémi respondeu, tentando parecer casual.

– O que mais? Você não se machuca ou algo assim? – Léo perguntou, sendo direto.

– Não... Eu não... – Rémi tentou continuar, mas foi interrompido por Léo.

– Não! Não. Mente. Pra. Mim. – Léo disse, enfatizando cada palavra.

– Léo, eu não faço isso! – Rémi respondeu, um pouco exasperado.

– Sei...

– É SÉRIO! – Rémi insistiu, seus olhos se enchendo de lágrimas.

– Calma... – Léo tentou acalmar a situação.

– Desculpa... – Rémi disse, suas emoções à flor da pele.

Léo o abraçou. Eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas se abraçando.

– Pode chorar. Põe tudo pra fora. – Léo disse, suavemente.

– Eu não consigo... todas as vezes que me vejo no espelho, sinto-me diferente dos outros garotos. Eu tento não me importar com isso, mas é tão evidente. Não é evidente? – Rémi desabafou.

– Evidente, o que é evidente? – Léo perguntou, demonstrando preocupação.

– Eu... Eu não sei ao certo, mas eu acho que gosto de... – Rémi hesitou.

– De...? – Léo incentivou, percebendo a dificuldade de Rémi.

Rémi não conseguiu continuar e começou a chorar.

– Shiii... Tudo bem... Vai passar. – Léo o abraçou mais forte, tentando confortá-lo.

– Eu sinto que não estou... – Rémi tentou explicar, mas as palavras falharam.

– Shh, não precisa contar agora. Eu acho que vou chorar também... – Léo confessou, também emocionado.

Os dois choraram juntos, compartilhando um momento de vulnerabilidade e conexão profunda.

O que mudaria? Uma coisa que os pais de Rémi e ele próprio tentaram esconder é que ele tem depressão. Isso é evidente, mas por algum motivo, nunca alertaram ninguém, nem mesmo a escola. Rémi enfrenta muitos problemas e dificuldades, mas seria desonesto revelar tudo de uma vez. Vocês precisam ler para descobrir.

Além do sonho: A jornada de Remi e Léo Onde histórias criam vida. Descubra agora