— E então vai pra onde? — Perguntou o homem passando a mão áspera em minha perna. Me arrepiei do frio, os olhos escuros dele me comiam de cima a baixo enquanto ele alternava entre olhar para mim e para a pista.
— Qualquer bar aberto. — Respondi e ele sorriu.
A música da rádio estava bem baixinha, aquela voz sensual do Chris Isaak, entre os agudos da guitarra, fizeram eu me perder acompanhando o passar dos prédios escuros e das casas abandonadas do centro. Em pouco mais de quinze minutos o cara estacionou bem na frente de um pub chamado Rota 89, eu desci carregando minha mochila e ele pediu meu número, na mão esquerda havia uma grossa e dourada aliança.
Dei o número e ele prometeu me ligar. Entrei procurando a mesa mais afastada da entrada. Na sinuca havia uma dupla de jogadores e alguns outros observando o duelo na sinuca.
— O que vai querer? — Perguntou o garçom se aproximando.
— Conhaque.
Beberiquei e senti arder no fundo da ácida garganta, era um conhaque sem vergonha que ousava me entorpecer, assim tão rápido. Me subiu um repentino enjoo e balancei a cabeça, ao olhar para a porta vi entrar um grupo de motoqueiros. No brasão havia o nome Independentes bordado no colete; eram cinco homens e sentaram na mesa da frente pedindo cervejas. Um deles era alto e loiro, na sobrancelha esquerda tinha uma falha que o deixava charmoso, seus olhos verdes me penetraram e ele sentou virado para mim. Senti um calor subir para dentro das coxas e suspirei, ele se levantou indo até o balcão, comprou cigarro e acendeu deixando o isqueiro lá.
O observei jogar sinuca enquanto olhava para mim a cada tacada; no fim de sua segunda garrafa de cerveja e minha quarta dose de conhaque, ele puxou o segundo cigarro apalpando os bolsos. Peguei o isqueiro, que Chico não daria falta, de dentro da mochila e coloquei na mesa, bem à vista. Ele ergueu os olhos da mesa dele para a minha e veio até mim.
— Posso? — Falou com o cigarro na boca e pegou o isqueiro. Ele acendeu dando um longo trago e me devolveu o isqueiro, balancei a cabeça negando.
— Pode ficar com o isqueiro. — Eu disse.
Ele colocou no bolso e deu as costas; da mesa dele, pegou sua garrafa e seu copo, depois voltou até mim.
— Quer companhia?
Sorri sedutora e ele se sentou ao meu lado olhando diretamente para minha boca e depois para meus olhos. Olhei para seu peito e por entre suas pernas notei certo volume convidativo.
— Qual seu nome?
— Bell e o seu?
— Caio. — Ele sorriu quase me fazendo derreter e me aproximei mais.
Caio falava, mas eu já não prestava atenção em nada além de seus lábios mexendo e tragando, como se fossem parte daquela fumaça. Me aproximei mais e a vertigem dançante tremeu, seu perfume era de óleo de motor e homem, senti meus olhos pesar a cada gole ardente, senti sua grande seca mão passar em minha bochecha e de repente avancei até aquela gostosa boca que me engoliu com a fome de uma quarentena. Sua língua invadiu e se enroscou com a minha de forma lenta, senti mais calor e me remexi gemendo baixo. A mão dele segurou a minha e foi guiada para baixo da mesa, por cima da calça finalmente senti o que era o volume duro.
Mordi os lábios discretamente, mas ele percebeu e sorriu como um devasso garoto.
— Quer ir a outro lugar? — Ele me perguntou sussurrando ao meu ouvido.
Balancei concordando entorpecida. Ele chamou um dos amigos e levantou, entre eles falaram algo e eu bebi outro gole. Caio se virou me esticando a mão e me ajudou a levantar, peguei a mochila jogando nas costas e o acompanhei, deixando metade da oitava dose pela metade "Que desperdício". Ele me entregou um capacete e montou na harley preta, eu o imitei.
— Com ou sem emoção? — Ele perguntou.
Me agarrei em sua cintura e senti o abdômen mais duro já tocado, ele sorriu compreendendo o subtexto e acelerou.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.