"¿que pasa?"
Frank se virou, assustado. Não tinha percebido o movimento. Raramente o percebia. Gerard estava logo atrás de si, olhando-o de cima com aqueles olhos verdes incalculáveis.
"Suponho que queira brigar comigo agora." Murmurou, voltando o olhar para os humanos na distância ébria - ao que estes catavam os pedaços remanescentes dos destroços.
"Deveria. Suas memórias são uma merda." Ele retrucou, sentando-se ao seu lado em movimentos rápidos e suntuosos. "Mal se lembra de sua vida. Não de verdade. Poderia te contar em detalhes sobre o dia em que casei, e todas essas coisas. Mas você, por outro lado, sequer se lembra dos rostos das pessoas. Me disseram que é genuíno, é genuíno?"
Frank tentou focar e recordar das coisas, mas quase tudo era fumaça espessa, com pequenas fotografias e imagens em movimento. Sua infância, sua adolescência, o início de sua vida adulta: uma sequência de cenas rasuradas e estranhas. Sabia disso. Mas esperava que o que havia em seu subconsciente talvez fosse o suficiente para fazer com que o outro entendesse quem ele era, olhando em seu rosto agora, não tinha tanta certeza de que havia sido o suficiente.
Como poderia não ser genuíno?
"Pensei que aquela bebida te mostraria tudo o que está escondido dentro de mim. Mas acho que escondi tanto que..." Frank não queria chorar, sabia que seu rosto já era uma mancha vermelha, levou as mãos aos olhos a as deixou ali. "Elas sumiram de verdade."
"Hum..." Gerard esticou um braço lentamente e o tocou no ombro. Frank retirou a mão dos olhos e o encarou, sem saber ao certo como reagir. "Se serve de consolo, pouca coisa presta. É uma miríade de absurdos horríveis. Não é terrível que não tenha guardado os detalhes, e que o que se lembra seja tão mal lembrado."
Frank encontrou espaço para inclinar os lábios para cima. Uma ventania soprou com força em seu rosto. Ele suspirou. "Não é tudo tão ruim assim. Teve Arthur."
Way arqueou as sobrancelhas e abriu os lábios em reconhecimento. "Ah, sim, o namoradinho. Por que nunca foi atrás dele depois que seu pai morreu? Imagino que não hajam restrições de relacionamento entre os caçadores de vampiro." Havia uma certa zombaria em suas últimas linhas, Frank o ignorou.
"Quem disse à você que não fui? Busquei nas redes sociais. Arthur foi mandado para o Afeganistão, ou Iraque, não... não tenho certeza agora." Cruzou as mãos sobre o colo. "Não quis trazer ele para o meu mundo. Não quis trazer ninguém, durante aqueles nove anos. Então não mandei mensagem."
Gerard olhou para frente, para as montanhas e o gelo. "Quem diria. Esses soldados eram verdadeiros terroristas, ouvi falar. Espero que tenha morrido, ou no mínimo perdido uma perna." Frank não disse absolutamente nada em resposta, queria ter um cigarro entre seus lábios naquele mesmo instante. Tinha visto o vazamento de informações no noticiário alguns anos atrás e estava bem ciente dos... incidentes. "Embora, deva admitir, ele tenha sido bom para você quando eram crianças."
"Ele foi." Iero deixou-se ser tomado por breves memórias daquele garoto. Sabia que - caso estivesse vivo - ele seria um homem maduro hoje em dia, que se assustaria se o visse tão novo. Não tinha a mínima vontade de revê-lo. Não o amava há muito tempo, portanto, não via sentido em correr atrás.
"Espero que não faça mais isso."
Frank franziu o cenho. "O que?"
"Redes sociais." Way o elucidou. "Não tem classe alguma. Um vampiro em redes sociais. É como ter um instagram, ou uma alexa dentro de casa. Não combina com a nossa natureza."
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my sweet vampire † frerard
RomanceFrank é filho de um caçador de vampiros. Gerard é um vampiro. Uma história sobre amor e ódio, a passagem do tempo e os problemas de ser um vampiro no século 21.