Mil Noites Pensando Em Você

coração confuso, amor confessado.

Após sair de mais um julgamento, Casey Novak caminha para seu gabinete, mas sua mente não está lhe acompanhando, seus pensamentos estão longe. Poderia ela mudar pensamentos? uma simples garota que acabara de se tornar uma promotora, lidar com tudo isso? Lidar com um passado que lhe assombra? Ela não sabe, mas quem sabe?

Casey fechou a porta atrás de si e deu um grande suspiro, jogando sua bolsa na cadeira em frente a sua mesa. Sua mente estava uma pequena confusão. aquele julgamento, ela realmente não queria expor o garoto daquele jeito, lhe retirando do armário sem ele estar preparado, mas foi necessário e ele e todos sabem disso. Seu corpo se acomoda no pequeno sofá do gabinete, retira os saltos e abraça seus joelhos, ficando na mesma pose desde quando era menor, era assim que seu doce e corajoso coração se acalmava de todo o caos que era sua vida.

Ela estava tentando fazer um bom trabalho, realmente lidar com vítimas vivas é diferente de lidar com um cadáver, a UVE não é fácil, ela deveria ter ficado na homicídios, mas seu chefe não quis trocá-la por disse que confiava no seu potencial e que aquele era seu lugar, ele era louco? Ninguém é lúcido, pensou ela.

Seus olhos já estavam inchados desde o tribunal, ela quis chorar quando teve que assumir o garoto daquele jeito, realmente se viu no lugar dele, mas nunca lhe tiraram do armário, ela é fraca demais para conseguir fazer isso a seu pai. Seu coração treme em pensar como seu pai reagiria, por que parecia tão difícil? Por que não pode ser fácil apenas ser quem você realmente é?

Sua relação com seu pai é normal, nem muito presente e nem muito distante. Depois de perder sua mãe aos 6 anos, ele se afastou um pouco da filha e ela notou, mas como sempre teve o pensamento de estar incomodando, ela nunca tentou se aproximar e então tudo esfriou e continuou assim até ela se formar e entrar no mundo judiciário, foi onde ele se aproximou, para dizer o quão orgulhoso estava, assim fazendo uma nova amizade com sua filha. Casey não quer estragar essa relação com o pai, pois pensa que ele nunca aceitará sua sexualidade, principalmente por ser um homem tão católico.

Casey saiu de seus pensamentos quando ouviu batidas na porta, suas persianas estão baixadas então ela apenas ficou em silêncio, assim iriam embora e ela poderia ficar em sua melancolia da sexta-feira, onde seu coração estava gritando para se tornar livre daquela prisão que ela criou para se proteger.

A pessoa não foi embora, mas abriu a porta e entrou. Olivia estava prestes a falar, mas quando viu Novak daquele jeito, ela se calou e se aproximou devagar, se ajoelhando na frente da garota de cabelos longos e loiros. Olivia estava confusa, o que deixaria a promotora desse jeito? Ameças? Um coração partido?  Decidiu não perguntar e apenas limpou o rosto da loira e se sentou ao lado dela, pensando no que falar e em como confortar a parceira.

-Eu sou lésbica, Liv. --disse a promotora em meio a lágrimas, seu coração estava acelerado pois era a primeira vez que ela estava contando isso a alguém e esse alguém é seu amor secreto, a qual ela não tinha chance alguma, pois sabe que Olivia não se interessa por garotas.

Olivia nada disse por uns minutos, apenas ficou acariciando o rosto da loira, ela estava frágil e Olivia nunca tinha lhe visto assim, normalmente parece ser tão durona, mas também pode ser uma boneca sensível às vezes, ela também é humana, isso é normal. Liv suspirou profundamente, se afastou um pouco da promotora, baixou os joelhos da mais jovem promotora e segurou suas mãos. Casey arrumou sua postura no sofá preto, mas as lágrimas ainda eram presentes e estava difícil lhes mandar embora.

--O que há de errado nisso? Você continua sendo a Casey, uma das melhores promotoras que já vi, minha amiga. Obrigado por me contar seu segredo, mas eu desconfiava.

Olivia rio e Casey arregalou levemente os olhos, se Olivia desconfiava então todos da unidade também? Então eles sabiam e nunca vieram conversar com ela para confirmar alguma coisa? Sua cabeça doeu, ela foi tão óbvia!

--Pelo visto era um segredo só para mim.

Casey baixou o olhar, mas Olivia segurou em seu queixo, fazendo-a lhe encarar novamente. Novak estava com o coração desesperado, Olivia estava perto, sabia do seu segredo, será que poderia também saber de sua paixão?  Sua mente gritava  confusa.

-- Não precisa me olhar assim, doutora. Eu também gosto de você, loirinha.

Casey Novak pensou que estivesse delirando em certo momento ou então estava louca, será que isso era verdade? Olivia, a detetive Olivia realmente estava dizendo essas palavras? Bem, às vezes é bom deixar o lado racional de lado e apenas se jogar na emoção, assim como ela fez, puxando Olivia para um beijo lento e calmo, cheio de amor.