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Chan tentava prestar atenção na aula, mas era difícil, muito difícil. Tentava entender a obra literária em discussão, absorver as análises e reflexões, mas sua mente logo divagava para pensamentos obscenos demais.

Ele fazia um esforço para focar no que o professor dizia sobre a construção da obra, mas, mais uma vez, sua mente o traía. Seus olhos se fixavam nas mãos do outro, observando cada movimento com fascinação. Chan notava as mãos grandes, com dedos longos e elegantes, e imediatamente imaginava uma delas envolta em seu pescoço, sentindo a pressão suave, mas firme, e a textura quente da pele contra a sua.

Chan tentava, mas era fraco demais.

Ele era fraco pelo professor, fraco pelo modo animado como o mais velho falava, com uma paixão que fazia os olhos de Chan brilharem de admiração. Ele se perdia no movimento dos lábios do professor, assistindo hipnotizado à forma como eles se moviam com precisão e entusiasmo, pronunciando cada palavra com uma clareza envolvente. Seu coração acelerava toda vez que o professor passava a mão pelos cabelos escuros e longos, jogando-os para trás com uma elegância quase casual, um gesto que parecia em câmera lenta para Chan.

A voz do professor era uma melodia, cada palavra cuidadosamente escolhida e articulada, criando um ritmo que mantinha todos atentos. Para Chan, porém, era mais do que apenas uma aula; era um concerto privado, onde cada nota era destinada a ele. Ele observava o contorno dos músculos do pescoço do professor, visíveis quando ele virava a cabeça, e imaginava como seria sentir a pele quente contra a sua.

Ele podia quase sentir o toque do professor, o calor das suas mãos, a intensidade do seu olhar. Essas fantasias o perseguiam, tornando cada segundo na aula um tormento doce e torturante, uma mistura de admiração e desejo que ele não conseguia afastar Chan sabia que deveria lutar contra essas distrações, mas a tentação era forte demais. 

— Hoje você não estava aqui com a gente, não é, Bang? —  professor falou enquanto arrumava suas coisas, um sorriso brotando em seu rosto.

Chan olhou em volta e percebeu que a sala já estava praticamente vazia. A aula havia acabado e ele nem percebeu.

— Desculpe, professor Hwang, só tô com a cabeça cheia hoje — Chan estava envergonhado pelos pensamentos que teve.

— Não tem problema. Espero que esses problemas se resolvam logo. E, caso você não tenha prestado atenção, tem trabalho para a próxima aula. — Hyunjin já estava na porta, pronto para ir embora.

— Obrigado, professor. Vou falar com um colega de classe para ele me passar. — Chan apenas viu o professor lhe lançar um sorriso e sair pela porta.

Chan suspirou. A primeira aula do dia tinha acabado. 

Ele se encaminhou para a próxima e soltou mais um suspiro ao lembrar que a aula seria do professor Lee, marido de Hyunjin.

Para Chan, Hyunjin era como a própria Afrodite nascida da espuma do mar, uma beleza delicada e etérea que parecia ter sido esculpida pelos deuses. Seus traços eram como a aurora, suave e graciosa, contendo um poder de fazer qualquer um cair aos seus pés. 

Já Minho era a encarnação de Dionísio, o deus do êxtase e da luxúria. Sua presença era intoxicante como o néctar dos deuses, envolvendo todos em uma atmosfera de desejo e sedução irresistível. Ele exalava uma energia crua e potente, tão avassaladora quanto o vinho que deslizava pelas taças douradas nas festas dos deuses.

O moreno foi para a aula com um misto de excitação e culpa. Ele gostava das aulas, mas gostava ainda mais dos professores.

O tempo passou rápido e, mais uma vez, Chan não conseguiu prestar atenção na aula. Seus olhos ficaram presos no professor Lee e em como ele explicava a matéria tão bem que não era preciso nenhum esforço para conseguir nota. Minho tinha uma presença avassaladora, seus movimentos precisos e a voz hipnotizante. Cada palavra que saía de sua boca era carregada de uma autoridade natural que fazia Chan sentir um arrepio na espinha.

between the lines - hyunhochanOnde histórias criam vida. Descubra agora