Capítulo 1

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Acordo assustada.

Estava sentada em minha cama com minha camisola colada em meu corpo, por conta do suor, toda vez era isso, acordar desses sonhos com meu coração quase pulando para fora de meu peito. Levo minhas mãos trêmulas até meu cabelo os puxando com força,e observo ao redor, meu quarto era grande, com cortinas brancas de linho, com um piano branco no canto esquerdo, a porta rosa que vai para minha biblioteca, e até mesmo para minha mesa de pintura, onde minhas tintas estavam espalhados por conta de ontem. E novamente teria que me lembrar de deixar elas tampadas, por já ter perdido várias cores por sua seca.

Quando minha respiração se normaliza a porta de meu quarto é aberta, vejo Herma minha ajudante pessoal, uma senhora de setenta anos passando pela porta com suas bochechas enrugadas e gordinhas, meu sorriso aparece assim que eu a vejo, Herma era como uma mãe para mim, não sei o que seria de mim sem ela.

—Minha flor, está na hora de levantar. -Sua voz calma e gentil me conforta do sonho que tive a pouco, eu me sento na cama e ela me abraça e beija minha testa.

Ela me ajuda com minha camisola e mandou preparar meu banho, a água estava quente como sempre amei com pétalas de rosas brancas, que são minhas favoritas, um banho era o que eu precisava.

A casa com a qual eu cresci era tão grande que eu mal a conheço, já entrei em casa porta, olhei cada janela, mas nunca me acostumei. E temo que nunca vá.

Chego na sala de jantar, vejo meu café posto à mesa, com minhas frutas favoritas,e uma xícara de o que achou ser chá, ela estava fumegando pronta para mim, me sento e olho em volta.

Era apenas eu, e meus demônios.

Herma era a governanta da casa, já tem muitas responsabilidades, além do que passar seus dias com uma jovem sozinha, os outros funcionários não podem se aproximar de mim, por leis maiores do que posso imaginar.Então sempre fico sozinha a maior parte do meu dia, mês e ano de existência. Levo o garfo de coloração dourada com morango a meus lábios sentindo seu gosto doce, e logo meu prato está vazio e minha xícara com borra de café no fundo.

O jardim da casa era enorme, com diferentes flores e cores diferentes, e uma cascata no meio do jardim deixando o ar mais limpo e suave, gostava de passar meus dias ali, lendo um livro ou desenhando, mesmo que minha vontade era de correr por esses muros.

Fui criada em uma bolha, a casa era rodeada por muros altos com espinhos, era uma cela bonita.

A grama era macia e verdinha, me sento e observo meus pulsos, onde pulseiras rodeadas de pedras cintilantes estavam adornadas a ele, pulseiras que nunca tirei e me recuso a tirar.Era o que mantinha todos protegidos, protegidos do monstro entre minha pele leitosa.

Horas passaram comigo observando a água da cascata cair sem parar, não mudava o curso nem a densidade, continuava sempre igual. Tudo era igual, um dia após o outro, às vezes me pergunto, fora desse muro, existiria uma jovem na minha idade vivendo uma vida? Uma vida feliz, não vivendo um papel falso.

—Minha flor - Levanto meu olhar e velho Herma, ela não estava sorrindo para mim como costume, estava com os olhos marejados e suas mãos gordinhas estavam em punhos.

Me levanto rapidamente, e dou dois passos até parar e olhar o soldado atrás dela, um soldado com uniforme vermelho e uma espada em seu quadril, eu sabia o que significa um soldado entrar na casa e está em minha frente.

—Senhorita, chegou a hora. - A voz do soldado era forte e fria, como uma adaga cortando o ar, e temo dizer que a adaga estava vindo em minha direção.

Meu joelhos fraquejam e minha respiração falha, vejo criadas com malas, minhas malas, estava tudo preparado, sempre esteve, um plano, um papel a desempenhar.

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