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"O amor é uma loucura que só o curado compreende."
- William Shakespeare

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• Madrid, Espanha


Sabe quando você fica entre duas escolhas? Entre a razão e a emoção? Assim que eu estou agora. Tem um homem morto estirado no chão à minha frente, enquanto o homem que tomou conta dos meus pensamentos está ao seu lado, com uma arma na mão.

Uma parte de mim grita desesperadamente para eu ligar para alguém, chamar a polícia ou correr, mas a outra parte diz para eu ficar. Seria possível confiar em alguém que acabou de tirar a vida de uma pessoa na minha frente?

- Está tudo bem? - Ele se aproxima de mim, mas eu não consigo mexer um músculo do meu corpo. - Conhecia aquele cara? - Ele me olha nos olhos, assim como eu já fazia antes. Agora, olhando de perto, vejo que ele não está com a máscara que cobria suas feições.

- Estou bem... - desvio o olhar, olhando para o homem no chão. - Eu não o conhecia.

- Não é seguro você ficar andando de noite por aqui. - Ele pega as sacolas da minha mão. - Vamos, vou te levar para o hotel. - Ele aponta para um carro no final da rua.

- Não, eu nem conheço você. - Falo mais alto do que de costume. - Você acabou de matar um homem na minha frente, acha mesmo que confiaria em ir a algum lugar com você? - Ele abre um sorriso se aproximando de mim.

- Princesinha... - Ele me olha de cima a baixo. - Se você não confiasse em mim, teria ficado aqui? Estaria deixando eu tão perto assim? - Ele sussurra com a voz rouca.

- Você não vai querer que eu ligue para a polícia, vai? - Ameaço ele, pegando meu celular na bolsa. - Uma ligação e você vai para a cadeia. - Os olhos dele não transparecem nenhum medo ou remorso.

- Você não teria coragem. - Ele me olha sério. - Vou te dar duas escolhas. - Ele me puxa contra o peito dele. - Você pode entrar naquele carro e deixar eu te levar até o hotel, ou você pode ligar para a polícia para eles virem, mas eles vão ter que tirar minha refém de mim primeiro.

- Você não teria coragem. - Encaro seus olhos em busca de confirmação de que ele não faria isso.

- Eu não teria tanta certeza. - Sinto algo encostado nas minhas costas, olho de relance e vejo a arma apontada para mim. - Não entra no jogo se você não sabe jogar, princesa.

- Por quê? - Falo com um fio de voz.

- Eu estou tentando fazer do jeito fácil, mas você está querendo complicar isso. - Ele me acompanha até a frente do carro. - Deixe eu te levar e nós acabamos com essa pequena discussão, sim?

- Você acabou de colocar uma arma nas minhas costas e ainda quer que eu confie que você vai me levar para casa? Quem garante que você não vai me sequestrar? - Fico entre ele e o carro.

- Por mais que essa ideia pareça tentadora, eu não faria nada sem sua permissão. - Ele abre a porta do carro. - Assumir alguns riscos é necessário, não acha?

Entro no carro e permaneço em silêncio. Claro que antes de tudo, mando minha localização para Fabrizio e deixo tudo preparado caso eu tenha que sair correndo. Fico em silêncio até chegarmos na frente do hotel. Eu até poderia perguntar como ele sabe que estou ficando nesse hotel, mas prefiro sair logo do carro. Quando tento abrir a porta, vejo que ela está trancada.

- Você ficou calada o caminho todo. - Sinto seu olhar sobre mim. - Está com medo? - Ele não recebe nenhuma resposta minha. - Você sabe que eu nunca te machucaria, certo?

- Você matou um homem na minha frente e ainda por cima, ameaçou atirar em mim. - Encaro ele que dá uma gargalhada gostosa de se ouvir. - Não vi a graça.

Aliança PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora