Morgana e Esmeralda estavam prestes a sair, quando Morgana lançou um olhar sério para Seraphina, que estava devorando seu pote de geleia de morango. Com um tom firme, ela disse:
— Tu ficarás encarregada desta casa, entendes?
Seraphina levantou os olhos, ainda lambendo a colher, e assentiu, tentando parecer responsável, mas com um leve sorriso travesso nos lábios. Willian e Marryson observavam a cena, trocando olhares preocupados. Foi então que Esmeralda, com uma expressão ligeiramente triste, se ofereceu para cuidar da casa:
— É melhor que eu fique, antes que Seraphina acabe tacando fogo na casa por causa de seu comando. Clarice, vai com Morgana para ajudá-la. Eu ficarei no comando aqui, cuidando da casa.
Morgana olhou para Esmeralda com uma mistura de surpresa e gratidão. Sabia que Esmeralda tinha um bom coração, apesar de sua tendência a se meter em confusões. Ela assentiu, aceitando a oferta de Esmeralda:
— Muito bem, Esmeralda. Cuide bem de tudo aqui. Seraphina, obedeça a Esmeralda e não cause problemas, ouviu?
Seraphina fez uma careta, mas assentiu, sabendo que Morgana estava certa. Clarice, sentindo a tensão no ar, se aproximou de Esmeralda e a abraçou rapidamente, sussurrando em seu ouvido:
— Obrigada, Esmeralda. Prometo que voltaremos logo.
Esmeralda sorriu e retribuiu o abraço, sentindo-se um pouco melhor com o apoio de Clarice. Com tudo resolvido, Morgana e Clarice pegaram suas coisas e saíram, deixando Esmeralda, Seraphina, Willian e Marryson na casa.
Enquanto Morgana e Clarice caminhavam em direção à feira, Morgana olhou para Clarice e disse:
— Tens certeza de que Esmeralda dará conta de tudo? Ela tem bom coração, mas às vezes se mete em encrencas.
Clarice respondeu com confiança:
— Tenho fé em Esmeralda. Ela quer provar que pode ser útil e responsável. E além disso, Willian e Marryson estão lá para ajudar.
Morgana suspirou, mas não pôde deixar de sorrir ao ver a confiança de Clarice em sua amiga. As duas seguiram seu caminho, prontas para enfrentar os desafios do dia.
Enquanto isso, na casa, Esmeralda assumiu o comando, começando a organizar as tarefas do dia. Com Willian e Marryson ajudando, ela estava determinada a mostrar que podia ser confiável e capaz, mesmo sob a supervisão de uma Seraphina relutante.
Quando Morgana e Clarice chegaram à vila, Morgana rapidamente colocou um grande capuz azul sobre a cabeça de Clarice, e inclinando-se para sussurrar em seu ouvido, disse:
— Para que ninguém te reconheça, afinal, tu és filha de nobres, não és?
Clarice apenas concordou com um aceno, seus olhos observando atentamente o movimento na vila. As barracas estavam cheias de mercadores vendendo seus produtos, e o burburinho dos clientes enchia o ar. A vila estava animada e vibrante, com pessoas de todas as idades passeando pelas ruas estreitas.
Logo, começaram a se aproximar da venda de geleias, onde Morgana, com um sorriso acolhedor, anunciava os preços que havia decidido.
— Geleias frescas de framboesa, morango e maçã! Apenas cinco moedas de ouro por pote!
Os potes de geleia, ainda guardados na cesta, reluziam ao sol, atraindo a atenção de muitos que passavam. Clarice, sob seu capuz, observava tudo com curiosidade e um pouco de apreensão. Ela sabia que o preço era justo, mas também estava ciente de que cinco moedas de ouro não eram uma quantia pequena.
Alguns clientes se aproximaram, examinando os potes de geleia com interesse. Uma senhora idosa, com um sorriso gentil, pegou um dos potes e olhou para Morgana.
— Parece delicioso, minha querida. Vou levar dois potes, um de morango e um de maçã.
Morgana sorriu e agradeceu, aceitando as moedas de ouro que a senhora lhe entregou. Clarice ajudou a colocar os potes na sacola da senhora, tentando ser o mais discreta possível.
— Obrigada, senhora. Aproveite as geleias! — disse Clarice, com uma voz suave e educada.
Conforme o tempo passava, mais e mais pessoas se aproximavam, atraídas pela reputação das geleias de Morgana. Uma jovem mãe com seus dois filhos pequenos, um casal de agricultores e até mesmo um mercador que vendia tecidos finos vieram comprar os potes.
A cada venda, Morgana e Clarice trocavam olhares satisfeitos, vendo que seus esforços estavam sendo recompensados. Clarice, apesar de sua timidez inicial, começou a se sentir mais à vontade, ajudando Morgana a lidar com os clientes e organizando os potes de geleia.
Até um casal que chamava atenção por onde passava, devido ao comportamento mais submisso do marido à sua esposa de pele branca como fumaça, cujos brincos de angolas brilhantes captavam olhares curiosos. O tecido elegante e preto que envolvia seus cabelos revelava apenas alguns fios cacheados e volumosos, castanhos, que escapavam delicadamente. Seu marido, sempre sorridente, a olhava com desejo nos olhos, um homem bonito de cabelos castanhos com algumas mechas caídas para o lado e um leve bigode.
Eles se aproximaram das geleias de Morgana com interesse. Pelos seus comportamentos e pelos amuletos e talismãs que criavam para as pessoas que os consultavam, seja para adivinhação, rituais espirituais de proteção, cura ou para atrair prosperidade, ficava claro que eram ciganos. Essa identidade despertava um misto de curiosidade e aversão em algumas pessoas, que frequentemente os associavam a bruxarias e os ameaçavam com a ideia de queimá-los, mas eles não pareciam preocupados ou temerosos com isso.
Quando aquela mulher com uma aura sedutora se aproximou, Morgana e Clarice ficaram sem palavras. O marido dela olhava as geleias, batendo levemente nos potes para verificar os vidros, até que a mulher o repreendeu com um olhar irritado, reunindo as outras mulheres mais jovens que a acompanhavam, incluindo Morgana, que parecia ter a mesma idade que ela. A mulher cigana disse, puxando seu marido gentilmente para perto dela:
— Me desculpem, meu marido não consegue ficar parado. Aliás, quanto estão as geleias? Meu marido e eu adoramos geleia.
Morgana tentando se concentrar em seu trabalho ela disse:
— São 5 moedas de ouro, temos o sabor maçã, morango é framboesa.
A mulher cigana sorriu para seu marido e, em seguida, para Morgana e Clarice, dizendo animada:
— Que maravilha, queridas. Tomem 10 moedas de ouro cada uma, aceitem como forma de gratidão.
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⌊ 𝕽𝐄𝐍𝐀𝐂𝐈𝐃𝐀𝐒 ⌋
Historical FictionNeste intrigante relato histórico, quatro mulheres destemidas da Idade Média buscam independência em um mundo dominado por normas opressoras. Longe de desejarem o caminho tradicional de casamento e submissão, elas desafiam as expectativas, enfrentan...