𝟏𝟒|𝐄𝐕𝐄𝐍

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ALGUNS DIAS ANTES...

Resumo da Consulta por Nancy Leans.

Paciente: Janesa Jaida Barrett

Observações: Sofreu aliciamento paterno na infância.

A sugestionabilidade deu resultados por um tempo maior que o esperado. A paciente conseguiu resgatar suas memórias reais. A paciente está recebendo os tratamentos convencionais e reage bem as regressões, mas nem sempre se recorda de suas sessões.
Alguém do passado a ampara, um garoto, essa figura é muito presente. Mas alguém a atormenta também, um homem, o pai.

Frase dita pela paciente e que a deixa mais agitada nas sessões:

"Minha Nessa. Eternamente"

A promessa feita a paciente quando criança, a faz temer o futuro e não a liberta das amarras do passado.

Conclusão: Fazê-la entender que promessas são vis, trabalhar seu psicológico para que se liberte da imagem opressora do pai. Encontrar o garoto pode ser de grande valia.

Ele encarava o papel, no momento sabiam exatamente o que fazer, o sorriso perverso lhe dizia o que palavras nem precisavam proferir.

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NESSA BARRETT

ATUALMENTE

— Sério mãe, eu não vou extrapolar. - afirmei pela quinta vez e Marry me encarava indecisa.

— Devo mandar a Betsy? Talvez seja melhor... - falava consigo mesma, enquanto organizava as últimas coisas para sua viagem romântica com o namorado.

— Mãe, eu vou ficar bem. - toquei-lhe o ombro de leve. — Posso ligar de meia em meia hora se quiser, mas não me trate como uma criança. - ela ainda exibia indecisão. — Por favor. - pedi com os olhos mais gato de botas que pude fazer.

- Aill, certo Ness. - suspirou em derrota. — Mas qualquer coisa, por mínimo que seja, me ligue e peça ajuda aos Hosslers, de qualquer forma falarei com Amy.

— Tá bom mãe. - falei daquela forma enfadonha, típica de adolescentes.

Eu sabia que poderia contar com os
Hosslers, mas parte de mim se ofendia com aquilo, como se não tivesse condições de tomar conta de minha vida por míseros dois dias e precisasse de babás. Revirei os olhos, pondo algumas roupas de minha mãe na mala, mais parecia que ela iria de férias para um país longínquo, não para uma cidade a cinco horas daqui.

Ajudei a descer as malas, Liam chegou e minha mãe se derreteu toda.

— Olá Ness. - ele disse.

— Nessa. - percebi que fui rude sem querer e tratei de me corrigir. - Por favor.

— Ah, tudo bem, Nessa. - ele sorriu de forma normal, mamãe que parecia desconcertada.

Eu gostava de Liam, ele sugeria ser uma boa pessoa. Mas só duas pessoas podiam me chamar de Ness, e isso não vai mudar por enquanto.

— Ness querida. - mamãe me encarou com olhos preocupados.

— São só dois dias. Vai dar tudo certo, divirtam-se. - incluí Liam, dando-lhe um sorriso agradável que o deixou feliz aparentemente.

Evitei mais despedidas e a empurrei, pedindo que ele a levasse logo dali. Mal encostei a porta e lembrei que chamei Charli, depois de anos eu encararia a piscina. Puxei a cortina da janela, o sol não era dos melhores, mas pra quem vivia sobre um véu cinza e constante de nuvens, estava me sentindo no Rio de Janeiro.

𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐌𝐄-𝐍𝐀𝐃𝐄𝐍 Onde histórias criam vida. Descubra agora