único

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não é como se fosse mudar algo daqui para alguns minutos. relógio marcando 03:00AM.

a cama tão vazia quanto estava às 10:00PM, exalando saudade da presença das 11:00PM. os vestígios acusatórios: preservativos abertos e jogados por qualquer canto empoeirado, desde que não relem, milimetricamente que o seja, nos livros empilhados na escrivaninha, a bagunça vulgar não parecia tão incomodativa, edredom num unico lado da cama (o que junhui estava), porta entreaberta acusando a urgência da saída — o rombo vazio da ausência do que era preenchido momentos recentes passados continua dilacerante, inegável natureza humana, por mais que fingir costume seja o rumo menos humilhante, não dá garantia alguma que não o seja.

as madrugadas de domingo resumem-se no apagamento dos pesadelos efêmeros (porém já corriqueiros), contorcer articulações e extremidades pela cama até a exaustão ser maior ou igual a vontade de deletar a existência do passado. as manhãs de domingo tomam pontapé de partida com o mantra ao menos eu só durmo com os melhores.

claro, afinal, abaixar o nível nunca foi uma opção. beijar a wen junhui com gosto de cigarro seria como dar passe livre para uma repugnante escarrada na boca, tocar a wen junhui com as mãos pecadoras não seria nada mais que implorar pela noite mais traiçoeira de sua curta existência. no quarto vermelho só permanecem os melhores, os que estão em suas casas pelas 3, os que tratam tudo como um rebater ilusório — miragem sabática, feitiço temporário. aceitam e sabem que foram personagens por uma noite apenas.

um estalar de dedos e mais uma vez que o despertador berraria contra seus tímpanos numa novíssima segunda-feira eram o bastante para a muralha ser reconstruída — voltara a encenar o papel de exemplar estudante de medicina, homem escrito por uma mulher de cabelos encaracolados, coração nu e puro brilhando na redoma de vidro. o mais excitante era decidir que tipo de presa semanal imobilizaria em seu anzol, brincar  — os prazeres são o carvão do espírito.

a sujeira mortificante abriga apenas a alma — sinta-a dissipar como grãos de areia no momento que estiver saboreando as entranhas úmidas de teu semelhante. banha-te em pecado e luxúria, vive tua falsidade, é tudo da lei.

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⏰ Última atualização: Sep 08 ⏰

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