"Doutora Stein, o que aconteceu?"
A voz do meu copiloto, Tyler, no fone parece mais desesperada do que eu.
— Espera.
Não consigo ver com muita nitidez, a parte quebrada na viseira, cria um padrão esmigalhado. Levanto a mão lentamente ao meu capacete e aperto o botão lateral, a viseira sobe.
Até então, não era possível saber se esse planeta era respirável, mas com meu capacete quebrado, já tenho a prova.
Ainda é dia nesse lado, embora a camada extra de gás sobre a copa das árvores não deixe passar muita luz, eu posso ver tudo com muita clareza agora, desde a vegetação avermelhada até o solo de um azul profundo e os troncos, assim como na Terra, a madeira é marrom.
Me apoio na roda tratorada do meu veículo, usando como apoio para me levantar, não posso perder tempo.
Apesar de não termos provas de seres hostis nesse planeta, é normal que animais grandes usem o ataque quando estão assustados.
Além disso, eu estou transportando uma matéria valiosa.
Descobrimos esse planeta há uma década, quando a teoria dos buracos de minhoca foi comprovada. Logo o apelidamos de Beta Mongoose por causa da coloração marrom granulada do gás em volta.
As primeiras expedições robóticas trouxeram bons resultados, descobrindo uma espécie muito parecida com o homo sapiens em genética.
Porém, é mais forte e resistente a diversas doenças humanas.
Em laboratório, descobri que esse DNA é a base para minha vacina contra a gripe N-32, que está dizimando a população terrestre há anos.
Essa missão consiste em apanhar as amostras colhidas pelo robô e levá-las para a Terra.
Deixei meu copiloto na nave, no campo aberto mais próximo que encontramos e decidi descer sozinha, com meu traje de borracha único, para me proteger das intempéries e a mochila para transportar os tubos de coleta. Subi no veículo, uma espécie de moto de tração e apanhei as amostras com muita facilidade.
Na volta, algo desestabilizou o veículo e eu caí.
"Doutora, você está bem?"
— Estou, mas não consigo levantar o veículo, terei que continuar andando.
"Como estão as amostras?"
Som de folhas sendo esmagadas atrai minha atenção para a esquerda. Os troncos são escuros demais para qualquer criatura se esconder, de modo que identifico um braço e parte de uma cabeça. A altura e o comportamento, me dizem se tratar de um Cruker, a raça de DNA compatível com o nosso.
Recuo, ainda encostada no veículo, tento não fazer nenhum movimento brusco enquanto me estico para alcançar a mochila.
Não quero irritar a criatura. Estou com minha arma laser na cintura, mas odiaria ter que matar um espécime tão perfeito.
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O Jogo Dos 23 Monstros
ChickLitComo duas senhoras bingueiras, eu e a @ProxyMr, vamos completar a cartela. Multiplas cabeças? Monstros marinhos? Chifres? Acompanhe