O Gato da Academia

Capítulo 1

A faculdade e o trabalho de garçonete me tiravam o couro, os trabalhos e provas complicam a minha vida e tem gente que diz que licenciatura de história é algo fácil para fazer, só porque não é de exatas. As vezes penso se realmente quero ser professora e desisto por alguns segundos, mas me lembro que é o meu objetivo e permaneço firme. E o trabalho de meio período de garçonete ajudava a pagar as contas. Por mais cansativo que fosse, ir para a academia me ajudava a aliviar o estresse, por mais que tivesse outras maneiras possível no momento para mim era malhar, alivia a minha ansiedade também me ajudando a dormir a noite.

Era a minha segunda academia esse ano, eu mudava porque não suportava o instrutor que sempre dava em cima de mim e soltava piadinhas desnecessárias. Essa pelo menos parecia melhor, o instrutor parecia realmente preocupado em ensinar o exercício correto e a dona era uma mulher muito simpática, até parei para conversar com ela e disse que acorda todos os dias às cinco da manhã e faz caminhada e depois vai malhar. Realmente empenhada e só me serve de inspiração, apesar que as vezes eu falto com umas desculpas esfarrapadas, mas recentemente eu tenho ido fielmente todos os dias e não era só eu, um certo homem que vinha nos mesmos horários que eu me chamava a atenção.

Até tentei conversar com ele, mas nunca conseguia e teve uma vez que vi ele chegando com um outro cara, apresentou como o namorado dele para o instrutor e fiquei chocada que até parei de fazer o exercício só escutando a conversa. Bom as minhas esperanças tinham ido para o ralo, até desisti de saber o seu nome. Porém teve um dia que precisei usar o Cross, que é um aparelho que dá pra fazer diversos exercícios juntos, enquanto ele fazia treino de costas eu precisava usar a barra que fica atrás dele para fazer o afundo.

-Moço! Vou te atrapalhar? - Ele estava de fone e não me ouviu, então perguntei mais alto - Moço, eu vou te atrapalhar?

-Se eu vou te atrapalhar?

-Não, se eu vou. Ele me olha e por alguns segundos fico sem graça e começo a sorrir igual idiota.

-Não, pode usar tranquilo.

-É que eu coloco meu pé aqui. Apontei onde tinha um relevo de metal que usava como apoio.

-Não tem problema, não me chutando tá ótimo.

-Nossa, calma também né. Dei risada e o moreno riu junto, minha barriga estava toda estranha e parecia que tinha borboletas ali.

-Tudo bem moça.

Então foi isso, ele se virou voltando a fazer o exercício e eu também comecei o meu. Tentei focar apenas na execução, quando terminei ele já tinha ido para outro que coincidência, ou não eu também tinha que fazer.

-Eu juro que não tô te seguindo, mas eu também preciso usar. Podemos revezar?

-Claro.

Em cada sequência de exercício e outra conversamos, puxei assunto até que precisei sair e subir no segundo andar para fazer abdominal e esteira, para enfim ir embora. Subindo as escadas percebo que ele vem atrás de mim e olhei para trás.

-Vai fazer abdominal?

-Sim e você também?

-Também, podemos fazer juntos.

-Beleza.

Assim se seguiu o treino, eu desconfio que ele não precisava fazer esteira e mesmo assim fez comigo e ficamos conversando por um bom tempo até a hora de ir embora.

Nos dias seguintes, terça, quinta e sexta eu sempre o via e conversamos. Sempre assuntos triviais até mesmo sobre as pessoas que malhavam com a gente, notava alguns olhares das outras garotas para ele e fingia não ver já que ele mesmo não via, ignorando-as. Era cada coisa que acontecia que ele sempre me fazia rir, a gente se divertia as vezes. Igual o dia que quebrei o espelho com a bunda.