Capítulo 7

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No estacionamento do colégio de Forks, os alunos aglomeravam-se no estacionamento após tocar o sinal indicando o final das aulas; suas conversas e risadas ecoando pelo ar frio da manhã. No entanto, a habitual atmosfera alegre rapidamente se transformou sussurros circulando rapidamente, quando viam Jacob e Ana, parados ali, apenas de bermudas jeans e nenhuma camisa. Os dois estavam com os braços cruzados e expressões sérias, encostados cada um em sua moto.

Os olhos dos alunos se arregalaram ao notar os dois. Não era muito comum ver pessoas da reserva, mas vê-los em plena luz do dia, assim, era um choque; principalmente por ver como eram bonitos. Os alunos comentavam entre si, especulando o motivo daquela aparição. "O que eles estão fazendo aqui?", "Será que vão brigar com alguém?", "Por que estão sem camisa?", "Daria tudo para ter um encontro com um deles!"

Mais adiante, os Cullen também perceberam a presença dos dois lobos. Alice e Stassie foram as primeiras a notarem, seus olhos se estreitando em uma mistura de curiosidade e preocupação, por pensar que algo havia acontecido com Ana; Edward, ao ler a mente de Jacob, ficou sério porque sabia como aquele lobo era um pé no saco, então se aproximou de Bella; Emmett e Jasper mantiveram-se atentos, prontos para qualquer eventualidade. Contudo, foi a reação de Rosalie Hale que roubou a cena.

Seus olhos dourados encontraram os de Ana, e o mundo pareceu parar. A vampira, que sempre se orgulhara de sua resistência e controle, sentiu seu coração morto saltar uma batida. A loba, já em pé, ereta e confiante, não desviou o olhar nem sequer por um segundo.

Rosalie, finalmente recuperando-se de seu breve momento de vulnerabilidade, caminhou em direção a Ana. Cada passo era deliberado, cada movimento exalando a graça letal de um predador. Ela parou a poucos passos de distância da loba, seus olhos brilhando com uma intensidade que fez o coração de Ana saltar no peito.

- Ana. - Disse Rosalie, sua voz fria e controlada. - O que está fazendo aqui?

A loba respirou fundo, sentindo o cheiro de doce da vampira entrando pelo seu olfato.

- Eu precisava ver você - respondeu ela, sua voz firme, apesar da ansiedade que fervilhava em seu interior. - Precisamos conversar.

Rosalie ergueu o queixo, avaliando Ana com um olhar crítico. Finalmente, seus olhos suavizaram, apenas um pouco. - Muito bem, então! - disse ela, seus lábios se curvando em um sorriso enigmático. - Vamos conversar, mas não aqui.

A loba assentiu, já entendendo que a loira queria privacidade. Ana olhou para a moto e depois para ela.

- Você pode vir comigo? Quero te levar em um lugar e não posso deixar a moto aqui, e bem, apenas eu posso andar com ela. - Falou, colocando as mãos na cintura. Rosalie a olhou cerrando os olhos. - Ordens do dono!

Rosalie respirou fundo, pensando e concordou com a cabeça. A atitude que ela teria agora, com certeza, era a maior loucura que a vampira iria cometer em todos os seus séculos de vida. Ela pegou a chave do seu carro e entregou para Jasper, que a olhou incrédulo.

Os irmãos Cullen começaram a falar ao mesmo tempo. Jacob e Rosalie reviraram os olhos; ao contrário de Bella e Ana, que seguravam a risada.

- Calem a boca! - Rosnou Rosalie. - Jasper, cuide do meu bebê, só confio em você para dirigir até em casa. - Pediu. Seu irmão assentiu e deu um sorriso para Ana, chacoalhando a chave, essa que não entendeu nada do que o esquisitão estava querendo dizer a ela.

No entanto, a loba acabou sorrindo, entregando seu capacete para Rosalie. Sem hesitar, Rosalie aceitou e, com a graça de uma bailarina, subiu na moto atrás de Ana.

O choque percorreu o pátio como um raio. Alunos pararam no meio de conversas, olhos arregalados, bocas abertas. Ninguém esperava ver a imaculada e refinada Rosalie Hale subir em uma moto.

- Jake, leva a Bella para a Leah. - Pediu, e olhou para a humana, que deu um riso sugestivo para ela. - A ruiva está louca atrás dela. Antes de te encontrar aqui, Paul me parou e me avisou sobre a sanguessuga nas terras quileutes. - Avisou, agora em tom baixo.

O rugido da moto quebrou o silêncio, e num instante, as duas estavam partindo, deixando um rastro de perplexidade e curiosidade no ar.

{...}

A metamorfa acelerava a moto, o ronco do motor reverberava pela floresta silenciosa, ecoando entre as árvores. Rosalie, agarrada firmemente à cintura de Ana, permanecendo em silêncio, seus olhos dourados fixos na trilha à frente. Entretanto, após alguns minutos, Ana diminuiu a velocidade, guiando a moto para um pequeno acostamento. A loba desceu primeiro, virando-se para ajudar Rosalie, que aceitou a mão estendida com uma relutância quase imperceptível.

- Por que estamos aqui?- Rosalie perguntou, sua voz melódica soava em desconfiança.

- Eu queria te mostrar algo. - Respondeu Ana, seu rosto iluminado por um sorriso caloroso. - Vem, vou te guiar. - Estendeu a mão novamente. A loba e muito menos a vampira, não admitiriam tão facilmente como gostavam do contraste que seus corpos faziam uma na outra, o frio e o quente, como se cada uma precisasse daquilo em seus subconscientes.

Rosalie segurou a mão de Ana, que a puxou floresta adentro seguindo por trilhas escondidas, caminhos que apenas quem conhece a floresta profundamente poderia encontrar. A cada curva, a densidade da floresta diminuía, e um aroma doce e floral começava a preencher o ar.

Finalmente, elas chegaram a uma clareira escondida, um verdadeiro paraíso secreto. Flores de todas as cores e tamanhos se espalhavam como um tapete vivo, ondulando suavemente sob a brisa da tarde.

- Trouxe você aqui porque... - Ana começou, sua voz cheia de hesitação, mas também de determinação.

Rosalie olhou ao redor, seu olhar frio suavizando ligeiramente ao contemplar a clareira. Havia algo naquele lugar, uma paz e uma beleza crua que ressoava pelo ambiente. Ana deu alguns passos à frente, suas botas esmagando suavemente as pétalas sob seus pés.

- Sei que não nos damos bem ainda... - continuou Ana, virando-se para encarar Rosalie. - Mas eu preciso tentar. Então, pelo bem da minha autopreservação, podemos ao menos ser amigas? Prometo que não tentarei nada que não queira, apesar de poder ser o que você quiser que eu seja.

A vampira ficou em silêncio por um momento, seus pensamentos um turbilhão. A clareira, a sinceridade nos olhos de Ana, tudo contribuía para quebrar suas barreiras. Finalmente, ela deu um pequeno passo à frente, suas feições suaves mas ainda cautelosas.

- Vamos tentar. - disse Rosalie, sua voz tão suave quanto o vento balançava as flores ao seu redor. - Mas saiba que não será fácil.

- Eu não espero que seja, na verdade, será muito difícil. Mas quero que saiba que vou respeitar seus limites, apesar de você ser uma bela dama irresistível. - Falou Ana, soltando uma risadinha. A loira negou com a cabeça, e revirou os olhos logo em seguida. - Obrigada, Rosalie. Prometo que não vou decepcionar você!

A loba sorriu. Rosalie, pela primeira vez em séculos, sentiu seus olhos encher de lágrimas que jamais cairiam.

- Sei que mesmo tentando me convencer que isso é um erro, nada iria impedir você de tentar, afinal, nem eu conseguiria não tentar. Estou correta? - A vampira indagou, com um sorriso contido.

- Certamente. - Respondeu Ana, sentindo suas bochechas corarem.

Enquanto o sol começava a se pôr, banhando a clareira em um brilho alaranjado, a vampira e a loba ficaram ali por mais alguna minutos em meio às flores, com um novo começo se desenhando entre elas.

Hearing Damage - Rosalie HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora