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Uma parte de mim se agarrava à ideia de que as coisas não deveriam terminar assim, meu amor. Eu queria acreditar em nós, mas sua traição destruiu completamente a confiança que eu tinha em você. Você se revelou um monstro, horrível e irreconhecível, tão diferente daquela garota doce e amorosa com quem compartilhei parte da minha vida. E, no fim, não me restou escolha a não ser seguir em frente e tentar superar.
Eu te amei com cada pedaço do meu ser, me doei por completo ─ sangue, suor e lágrimas. Acredite, te deixar agora não foi fácil, mas eu não me arrependo. A culpa é toda sua.
Você implorou, gritou e chorou, com os olhos vermelhos e o rosto encharcado, mas suas lágrimas já não tinham valor. Nada disso foi suficiente. Era apenas um mar de mentiras que jorrava de você, acompanhado por palavras vazias. Eu já estava farta. Cada parte de você gritava traição, e, exausta, precisei pôr um fim em tudo. Suas súplicas não faziam mais diferença.
"Por favor, não faça isso", você repetia. E eu fiz. Esse foi o nosso fim.
Sem olhar para trás, sem hesitar ou me importar com nada ─ muito menos com você ─, empacotei o que precisava, joguei na mala e entrei no carro. Antes de dar a partida, houve um silêncio absoluto, como se o mundo tivesse parado por um segundo, um espaço para respirar. Liguei o rádio, sem saber ao certo para onde ir, mas satisfeita em me afastar de tudo ─ de você. A estrada se estendia à minha frente, e a cada quilômetro, eu me sentia mais leve.
O som da nossa playlist favorita preenchia o carro, trazendo à tona os sentimentos enterrados no fundo da minha alma. As músicas me levavam de volta àqueles momentos de pura paixão, e eu revivia cada doce memória, sentindo o calor arder em meu peito como uma fogueira, acesa por cada sorriso que trocamos, cada toque que fez meu coração disparar.
Agora, tudo isso não passa de lembrança. Estou presa nesse redemoinho de emoções, onde cada parte sua parece correr em meu organismo ─ uma pílula preciosa de êxtase, eternamente enraizada em mim. E, ironicamente, já me sinto em abstinência. Aqui estou eu, sem você, agarrada às palavras do passado, como se as últimas não tivessem destruído tudo.
Toda essa paixão, percebo agora, foi uma prisão. Uma armadilha que me cegou por muito tempo. E sua traição foi a chave que, finalmente, me libertou ─ e que será enterrada a sete palmos do chão, junto com o amor que um dia te dei.
De repente, uma sensação estranha começou a me incomodar. No sinal vermelho, peguei o celular, distraída, checando notificações para confirmar que tudo estava bem. Grande erro. Em questão de segundos, um carro escuro surgiu do nada e, antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, dois homens mascarados desceram correndo em minha direção.
── ABRE A PORTA E DESCE DO CARRO!!! AGORA!!! ── um deles gritou, batendo no vidro com força.
── Por favor, não me machuquem! ── minha voz saiu fraca, trêmula, enquanto eu escondia o celular e obedecia, abrindo a porta.
