Capítulo 53

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- Seja mais rápida, Emma! – Louise grita quando retira a sua mala do carro a medida que ainda estou me despedindo da minha mãe.

A mulher fez questão de trocar de plantão para poder me levar a escola, onde se encontra vários alunos totalmente ansiosos pelo tão esperado acampamento. O evento é único na vida de qualquer estudante, seja ele para traumatizar ou trazer aventuras inesquecíveis, ou seja, a pessoa só tem dois caminhos, ou ela odeia muito ou ama muito o acampamento.

- Olha bem quem irá beijar, Emma! – minha mãe alerta assim que finalmente saio do transporte.

- Beijar, tia? É sério? – interrogou Louise, entrando na minha frente e encarando a mulher no volante pela janela do automóvel. Não acredito que elas estão discutindo sobre isso justo agora. Um garoto passa sorrindo da situação e eu sorrio de volta, meio sem graça.

-Vamos, Louise - apresso a menina, fazendo largar o carro e assim ceder passos para traz.

- Ai, meu Deus! A minha princesinha cresceu! – minha mãe paralisou para refletir – lembre-se de usar camisinha – Ela pisca o olho no mesmo instante que liga o transporte.

– Mãe! – exclamo, e minha amiga, me apoia muito atrás de mim, dando diversas gargalhadas.

- Pode deixar que cuidarei direitinho dela – Louise me abraça, passando o seu braço pelo meu pescoço.

- Eu não preciso de cuidados – nego diversas vezes coma cabeça.

- Hora, Emma, eu sei muito bem o que acontece nesse tipo de evento. – minha mãe entra na onda de me zoar.

- Olha ai, a sua mãe sabe que você vai desfrutar dos prazeres humanos.

- Só espero que se proteja. Beijinhos da mamãe – ela manda uma sequência de beijinhos no ar à medida que o vidro da janela vai se erguendo e o automóvel se movendo.

- Eu adoraria saber como era sua mãe na adolescência,- diz a garota sorridente enquanto seguimos em direção à fila em frente ao primeiro ônibus. Havia dois deles para levar todos os alunos, e o treinador do time distribuía os papéis com os números dos assentos para o primeiro transporte. - Será que vai sobrar número pra gente? - questionou ansiosa, esfregando as palmas das mãos.

- Não tem problema, nós vamos no próximo – digo, dando de ombros.

- Mas as pessoas legais vão nesse – faz biquinho como recusa.

Eu sei bem quem é essa pessoa legal. Será mesmo que Louise está disposta a fazer tudo isso apenas por uma experiência sexual? Será que suas ações são impulsionadas apenas pelo desejo físico, ou existe algo mais profundo motivando suas escolhas?

- Minha mãe na adolescência era... uma mistura de rebelde com estudiosa. Imagina uma pessoa que usava óculos fundo de garrafa e ao mesmo tempo liderava protestos na escola. – digo para passar o tempo e
Louise solta uma gargalhada.

- Sério? Que interessante! E ela já te contou alguma história embaraçosa?

- Várias!- respondo, pensando em todas as vezes que minha mãe me pegou em situações comprometedoras. – Mas é uma conversa para outra hora.

Então, em meio a tanta ansiedade que parecia emanar de Louise, o professor de educação física se aproximou de nós com uma expressão séria e entregou dois papéis. Ele nos disse que tivemos muita sorte e que deveríamos aproveitar ao máximo os lugares que nos aguardavam. Suas palavras deixaram minha barriga tensa de curiosidade e uma pontada de nervosismo, pois não consegui decifrar completamente o significado por trás delas.

Entramos no ônibus e começamos a seguir a numeração que o professor havia nos indicado. A cada parada, a excitação crescia enquanto eu observava pela janela o cenário que se transformava rapidamente. Minha mente estava ocupada com pensamentos sobre o que nos esperava e como tudo aquilo iria se desenrolar. De como seria quando chegássemos lá, que brincadeiras vão ter e o pior de todos. O que irei responder a Liam se ele me jogar contra a parede e não ter como eu fugir, pois a indecisão ainda se mantém presente em meu consciente.

Enquanto caminhava pelo corredor do ônibus, perdido em meus pensamentos, acabei esbarrando em uma mochila que estava descuidadamente jogada no chão, trazendo-me de volta à realidade do momento presente.

- Presta aten... – e no mesmo momento olho para o dono da bendita bolsa, e logo ele para, assim que suas íris da cor castanho claro cruzam com as minhas. Faz tanto tempo que não temos esse contato que acho estranho, e de imediato desvio o olhar, aparecendo meio envergonhada.

- Ah, foi sem querer mesmo - murmurei, sentindo o peso do olhar de Dylan e Luiz sobre mim. Passei as mãos pelos cabelos nervosamente, tentando desviar a atenção do meu deslize.

Louise, após examinar minuciosamente o ônibus, retornou ao nosso grupo com uma expressão surpresa, percebendo que tínhamos ultrapassado a nossa parada. O ambiente dentro do ônibus ficou tenso, cada um de nós absorvendo a gravidade da situação de maneira silenciosa.

- é essa bem aqui – apontou com o braço   para os dois assentos ao meu lado, que infelizmente é perto do capitão do time. Não que isso seja de completo desgosto, uma vez que ficarei com a parte da janela, então não teremos contato algum. Bom, isso seria na teoria, se as pulsações de prazeres que minha amiga possui no Luiz não fossem mais forte que a nossa ida juntas para o acampamento, onde escutaríamos musicas e soltaríamos gargalhadas dos que dormiam com a boca aberta.

- Por que não fazemos trocas de lugares? – Luiz deu a ideia enquanto eu finamente havia me sentado. Maldito seja! Eu estava mesmo rezando para que ninguém concordasse. Mas Dylan se levantou e eles trocaram de lugar. Agora tenho que passar horas ao seu lado, prendendo-me ao máximo nos pensamentos. Pois se tem uma coisa que sou boa é evitar uma conversa indesejável.

Merda!

Dylan se sentou ao meu lado com um sorriso meigo, mostrando as suas charmosas covinhas.  Tirou um saco de batatas e abriu. Ele claramente não estava dando em cima de mim, porém, a barriga tremeu mais do que quando Liam me cantou.

- Você quer? – ele ofereceu.

- Não, obrigada, eu estou bem – digo, balançando a cabeça e um pouco sem reação pelo seu olhar ou pela pequena distância que estamos. Por isso, resolvo desviar o meu campo de visão para a janela.

- Emma! – chama a minha atenção de volta para si – Eu sei que é a sua preferida.

- Está bem, já que faz tanta questão – dou de ombros e encho a minha mão de batatinhas, ao ponto de precisar da ajuda da outra e fazer com que alguns pedaços caiam em cima de mim.

- Minha nossa – ele gargalhou – você não mudou nada – balança a cabeça, e começo a sorrir também ao ver a bagunça que causei.

Então, após algumas gargalhadas, o meu celular tocou.

- Atende o meu celular, por favor, por que eu to com as mãos ocupadas agora – mostro as batatas.

- é claro - gentilmente se abaixou, abriu a minha mochila e pegou no celular, e só nesse instante o celular parou de tocar.

- Quem é? – pergunto, e depois como mais uma batatinha.

- Era da operadora – responde, fecha a bolsa e volta a sua posição de antes.

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Me digam oq vcs acham q vai acontecer nesse acampamento???

Quero muitos comentários até liberar o próximo cap.

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