As Piores Revelações

Capítulo 01

Morgan Walker
11 de julho de 2023, terça-feira
Los Angeles, Califórnia.
6:00

A luz do sol bate tão reluzente e forte sobre a janela, um quarto calmo, o berço cor-de-rosa é iluminado de uma maneira tão única. Colocando um fim a este silêncio impetuoso, um choro de bebê se instala no ar, está vindo do berço. A cada segundo o choro fica mais agoniante, tento me mover para ajudar, mas meu corpo está paralisado. A medida que o choro aumenta minha vontade de correr para perto é maior. Gotas de sangue começam a pingar pelos arredores do berço. O choro se torna em pequenos gritos de súplica, meus olhos ardem em lágrimas e uma dor insuportável toma conta de meu ventre.

- Minha filha... - Sussurro enquanto me curvo perante a dor. - Não posso perder m-minha filha. - Meu corpo cede a dor me obrigando a ficar de joelhos.

O choro cessou, o berço sumiu, resta apenas uma poça de sangue no chão. Minha dor agora se tornou um aperto no coração. O oxigênio começa a fugir de mim, minha visão começa a embaçar. O som de passos apresados se estende pelo corredor, a porta é aberta brutalmente, em segundos me sinto envolvida nos braços de uma pessoa. Meu coração se acalma, minha respiração se regulariza.

- Me perdoa Morgan.

Essa voz, esse toque, esse abraço... Benjamin. Antes que eu pudesse olhar para seu rosto, seu corpo desaba ao meu lado. Mais sangue. Mais uma morte. As lágrimas cortam meu rosto, quero gritar, preciso gritar, mas não estou conseguindo, meu corpo começa entrar em um estado crítico de desespero. Começo a massagear meu tórax e sinto, por cima da roupa, um pequeno relevo sobre minha pele, uma cicatriz, bem no meu coração.

Com um sobressalto, acordo ao som irritante do despertador. O suor frio escorre por minha testa e minha respiração estava mais pesada que nunca.

- Água. Preciso de água. - Tento me convencer que está é a solução.

Saio do quarto, passo pelo corredor em passos rápidos e quase atrapalhados, meu corpo trava quando chego à escada. Flashs do que aconteceu surgem em minha mente. Meus olhos se enchem de lágrimas novamente, minha garganta começa a arranhar. Desço a escada devagar, já no seu fim corro para a cozinha. Pegando o copo vejo que minhas mãos estão trêmulas, pego a garrafa da geladeira e com dificuldade tento encher o copo.

Desde que me lembro, sempre tive sonhos extremamente realistas. Pelo menos antes dessa tragédia em minha vida, meus sonhos eram felizes, eu gostava de sonhar. Meus sonhos são tão realistas que é impossível diferenciar da realidade, ao não ser por um único detalhe, essa cicatriz em minha pele, onde fica meu coração, eu não a tenho vida real. Isso é o que me salva.

Zac Mackenzie

Um peso sobre meu corpo me faz acordar, pisadas curtas, porém pesadas. Sua respiração está a centímetros do meu rosto, não movo um músculo, então ele da um pequeno pulinho em cima de mim e começa a lamber meu rosto, já não consigo mais segurar o sorriso.

- Bom dia pra você também Kylo. - Falo acariciando sua cabeça.

Saio da cama e vou tomar um banho, enquanto o filhote de Beagle me espera brincando com o lençol. Minutos depois quando eu termino, escuto uma voz vindo do quarto, saio de toalha e vejo que é Susan, a governanta, ela está lutando para separar Kylo do lençol.

- Kylo seja um bom garoto e solte o lençol. - Ela fala entre dentes.

Não posso evitar de rir da situação, assovio chamando a atenção de Kylo, o fazendo soltar o lençol, Susan respira fundo com a vitória.

- Bom dia querido. - Ela fala com um sorriso doce.

- Bom dia Susan. - Deposito um beijo em sua testa e vou em direção ao closet.