Capítulo 1 sem título

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- Mais uma longa noite, que Deus nos proteja – Disse o policial Matos

- É... mais umas horas para nossa longínqua e curta aposentadoria – retrucou capitão Silva.

Saindo da delegacia e entrando na viatura para mais uma ocorrência.

- É Dona Vanda novamente? Essa mulher é tão sozinha que precisa de nós toda a semana, da última vez era para achar o cachorro que tinha fugido na pastagem. No final, o cachorro não tinha nem saído de casa. – Iniciou Silva coçando seu bigode e se ajeitando no carona.

- Ouvi dizer que nem cachorro ela tinha, mas ao que parece encontrou um companheiro para ela depois que o Edson desapareceu. – Respondeu Matos com um leve frio na espinha.

- A coitada deveria morar com os filhos, qual a razão de ficar naquela casa no fim do mundo e longe de tudo? Alias, por que estamos indo lá mesmo?

- Os filhos nem moram mais no mesmo estado, se mudaram a anos. Dessa vez ela disse que ouviu um barulho enorme e de longe uma luz azul, os bombeiros estão lá apagando um princípio de incêndio que ocorreu na plantação de eucalipto. Estão precisando de nós para registrar a ocorrência e serem liberados. – Explicou Matos.

A viatura cortava as longas retas em velocidade um pouco acima do permitido para que pudesse chegar a tempo e liberar todos. Após algumas curvas e estradas de chão, chegaram na residência.

- Matos, você que tem mais intimidade com ela, puxa a ocorrência com ela que vou falar com os bombeiros.

- Sim, senhor – Prontamente foi Matos interrogar dona Vanda.

Silva se dirigiu até o local do incêndio que ficava a poucos metros mata adentro. Chegando lá encontrou um dos bombeiros.

- Parece que já controlaram a situação, já fizeram a perícia do que poderia ter ocorrido? – Questionou Silva ao capitão daquele turno.

- Este foi um dos mais fáceis para a equipe controlar, porém a perícia não teve tanta sorte. Eu particularmente nunca vi nada igual, porém tinha uma coloração azul roxeado. Encontramos algumas carcaças e metais retorcidos jogados, pedi para eles não tirarem nada do lugar e evitar contaminar o máximo possível dos elementos.

- É estranhamente curioso. – Respondeu Silva indagando-se e coçando sua careca por debaixo da boina.

- Ei, já ia me esquecendo, pode andar em toda a região queimada. A fumaça que está vendo é por que ela está completamente gelada, como se tivesse saído do congelador.

A região queimada formava um quadrante de 5 metros em todas as arestas desenhadas com um pó esbranquiçado, junto a muito sangue e metais por todos os lados.

- A senhora chegou a ouvir algo? – Questionou a dona Vanda.

- Nã... Não, somente uma lu... luz azul fortíssima que ilum... iluminou toda a casa. Depois ou... ouvi alguns gemidos altos da floresta como se estivessem sofrendo. – Disse Vanda, uma senhora de aproximadamente 70 anos com rugas no rosto e que sofria de uma pequena gagueira devido ao mal de Parkinson.

- Chegou a ver alguém? Identificou se era homem ou mulher?

- E... eu nem sei se eram pessoas, bichos ou al... alienígenas.

- Alienígenas? Como a senhora com seguiu identificar?

- Ao ver pela janela avistei um deles ro... rodeando a casa, parecia estar man... mancando e gemia incessantemente pe... pedindo ajuda. Fiquei com tanto medo que pa... paralisei até que um outro veio e puxou-o para a pastagem. Digo que poderiam se... ser aliens por que eram retorcidos como arames, os pés pa... pareciam como pernas traseiras de cavalos. Meu bom Je... Jesus de Nazaré... – Detalhou dona Vanda chorando e desesperada.

- Alguém está vindo visitar a senhora, está com os seus remédios direitinho? – Perguntou Matos segurando a senhora nos braços.

- Está me cha... chamando de ca... caduca? Queres que eu enfie essa ben... bengala e não poder sen... sentar nunca mais? Se eu fosse louca já estava em um Sanatório.

- Desculpa se eu ofendi a senhora, vamos entrar um pouco para...

Um barulho rítmico de algo correndo e arrastando na mata aumentam.

- A senhora vá indo que vou encontrar o capitão. – Matos solicitou a dona Vanda que anda em direção a casa devagar e reclamando do policial.

Prontamente Matos entra a mesma trilha que Silva se dirigiu anunciando pelo rádio que estava a caminho. Passando na mata com uma lanterna potente porém com foco reduzido, estranhamente ouvindo o som do silêncio. Não poderia ser ouvido. Nem uma cigarra, coruja, grilhos, nada... apenas o som inquietante do estralar das árvores e galhos se batendo na leve brisa. Seguindo o mais rápido na trilha ouve um som que chama sua atenção, uma respiração pesada e lenta, com expiração que pareciam gritos abafados e distorcidos. Ao olhar na direção do barulho mirando com o foco da lanterna não encontra nada, porém o som continuava lá, ao retirar o foco lentamente pode-se notar um pequeno ponto verde piscando intermitentemente. Jogou novamente o foco e o brilho desapareceu. Um enorme estalo chama sua atenção.

- Está trazendo a dona Vanda no colo? Está demorando hein... – Disse Silva no rádio.

- Perdão, vou apertar o passo. – Disse Matos com o coração já disparado e seguindo rapidamente para a localização da ocorrência.

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⏰ Última atualização: Jul 01 ⏰

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