Cap.8 - Engolidos pelo Fogo e pela Água

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O conselho havia terminado, os nobres e membros do conselho estavam se levantando para sair. A mesa pouco a pouco ficou vazia, apenas pergaminhos velhos, resquícios de taças e totens de madeira derrubados e posicionados estrategicamente sobre o mapa, restavam diante de Ronnel. Hermes abriu as portas da sala e poeira voou pela claridade da luz solar que penetrava a sala do conselho. De pernas cruzadas e roupas de couro, com gibão verde, Ronnel continuou pensativo. Passava os dedos por entre os cabelos castanhos e focava em como derrotar os Zera de uma vez por todas.

— Irmão, precisamos conversar. — Hermes fechou as duas portas, deixando os guardas do rei para fora.

— O conselho já acabou.

— Sei que não fará diferença agora, mas não iria descansar se não tentasse. Já está na hora de parar essa guerra.

— Só vou parar quando colocar a cabeça de Kaleb Zera em uma estaca.

— Você está usando a morte de Veyla e de Heron como desculpa para realizar o feito que nosso pai nunca conseguiu. — Hermes deu alguns passos na direção do irmão e Ronnel se afastou andando em direção a uma jarra de prata com vinhouro. — Quantos mais você vai perder até encerrar essa guerra?

— Com o apoio dos Runner do Bosque e as casas do Campo, poderemos finalmente derrotar os Rios e casa Zera. Eu já perdi tudo.

— Você não perdeu tudo, você ainda tem um filho para criar. Fael vive chorando nos meus pés, pelos Bons-Senhores irmão, você já perdeu essa guerra! Nossa irmã Elza desapareceu, está provavelmente morta agora. — Hermes balançou a cabeça em negação, secava o suor das mãos em seu gibão verde-escuro. Apesar de ser o irmão mais novo, se mostrou o mais cuidadoso entre eles. — Eu sabia que você insistiria nisso, por tanto estou levando Gwen e Mathias para outro lugar.

— Seu filho recém-nascido correrá riscos, precisa deixá-lo aqui, onde é seguro.

— Não tem mais lugar seguro, mas pelo menos, tem lugar longe de você.

Hermes o deixou sozinho. Aprontou uma pequena comitiva, com sua mulher e seu bebê. Para onde foram, isso não tem importância agora. Ronnel não conseguia sair daquela sala, ficava pensando em formas de torturar Kaleb enquanto se entorpecia de vinhouro. O choro de seu filho pequeno chegou até a sala do conselho, levado por Aluarde, o senhor da guerra de 1,91 de altura. O negro colocou a criança no chão.

— Eu não pedi para vê-lo. — Ronnel deu de costas para seu filho.

— Majestade, seu filho precisa de você. — O homem segurou a pequena e delicada mão do menino. — Ele não está comendo, precisa de sua orientação.

— Leve ele daqui, agora!

— Sim, majestade. — O alto entregou a criança para a guarda do rei e fechou as portas, ficando sozinho com Ronnel. — Tem mais uma coisa. Há alguns dias, uma patrulha encontrou uma trupe de artistas que podem dar uma visão melhor para a mancha negra que se estende pelos domínios do Campo.

— Artistas são mentirosos, você quer realmente que eu acredite que em qualquer coisa que eles digam?

Momentos depois, Ronnel estava boquiaberto em seu trono, elevado por três degraus. A sala do trono estava iluminada pelos raios de sol que entravam pelos lados da construção, formando um corredor de luzes. Os três integrantes dos Barulhos, Adel, a loira, Jeff, o moreno e Maxwell, o ruivo, foram colocados lado a lado de frente para o trono.

— Estávamos atrás de Morgana Luceluz quando fomos presos. Acredito que seu destino seja Vila Murmúrio. — Max suspirou. — Não posso dizer com clareza qual seu real propósito em Persaria, mas a prévia que ela deixou para trás, nos leva a crer que ela não está do nosso lado.

O Prelúdio Da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora