𝖈𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖔𝖓𝖟𝖊

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NOTA: Para ter uma experiência melhor durante a leitura, reproduza a trilha sonora no link do YouTube. Ela será reproduzida enquanto você lê.


𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐎𝐍𝐙𝐄

A escuridão rastejava através dos galhos grossos e úmidos, rivalizando com a luz do luar. Enquanto o vento chicoteava contra as últimas folhas que ainda estavam presas aos galhos finos das árvores, a chuva caía do céu em pequenas e frias gotas. A noite era implacável; o frio arranhava a pele de Varya enquanto ela caminhava pelo meio da Floresta Proibida, com uma varinha de madeira escura na mão. Sua coragem havia sido extinta pelos uivos das criaturas que percorriam o local, e agora, em seu lugar, havia apenas uma garota adolescente assustada.

A hora da meia-noite soou no ar estático, enviando ondas de terror ecoarem pela floresta abandonada. Os corvos grasnavam, vozes roucas e enferrujadas, seus pescoços torcidos espreitando pelas aberturas e virando para observar a jovem garota.

A capa de Varya se agitavam no vento, e a chuva as fazia grudar em sua pele. Seus cabelos caíam ao redor do rosto em mechas escuras e emaranhadas, colando-se contra seus lábios abertos enquanto os dentes batiam. O frio tinha se instalado em seus ossos; seu corpo parecia mais pesado a cada passo hesitante. Enquanto seus olhos de ônix procuravam freneticamente ao redor, sua respiração se tornava mais urgente.

Ela primeiro ouviu como um sussurro, um chamado sem palavras. Depois, isso bateu em sua cabeça, gritando, chorando, implorando para que ela o seguisse. Quase como se fosse puxada por um fio invisível, ela seguiu para a floresta, vestindo apenas seu pijama e sua capa.

Agora, a garota percebeu que seus pés estavam descalços, e ela encolheu os dedos dos pés contra a terra glacial, ignorando a mordida severa da geada. Estavam dormentes, e se tivessem sofrido cortes, ela não seria capaz de perceber.

Não foi uma voz que a chamou, não, foi uma presença. Além disso, era odiosa, quase de maneira provocativa. Varya deveria ter sabido melhor; ela havia ouvido muitas histórias de crianças vagando pela noite e nunca mais voltando. Inferno, ela mesma quase tinha sido uma delas. Mesmo assim, o chamado era forte, magnético, e quanto mais ela o ignorava, mais ela sentia como se estivesse sufocando. Seria sua mente fraca? Teria baixado a guarda porque não estava mais em sua antiga academia?

Ela ficou parada no meio da floresta, tão longe do castelo que ninguém poderia ouvi-la mesmo se ela gritasse até perder a voz. E por um momento, ela rezou para que pelo menos encontrassem seu corpo.

Varya não ouviu sua aproximação; não sentiu o vento aumentar com sua presença, nem ouviu os arbustos farfalhando conforme ele se aproximava. Nem mesmo ouviu enquanto arrastava suas pernas quebradas pelo chão da floresta, deslizando mais perto dela.

Não, ela apenas sentiu sua respiração em seu pescoço.

Ela tremeu quando a criatura arrastou seu dedo pela bochecha dela, que estava tão apodrecida que era o osso que ela sentia contra sua pele.

— Por que você está tão longe de casa? — Perguntou, e Varya sentiu-se imobilizar ao som de sua voz. Era melodiosa, até divina, a voz de uma mulher encantadora, mas enquanto se inclinava ligeiramente sobre o ombro de Varya, ela podia ver sua pele lentamente se rasgando dos ossos da face.

Olhos enlouquecidos a olhavam, quase obsessivos, e o sorriso da criatura era psicótico, estendido muito além do normal. Talvez o fato de metade de seu rosto ter sido arranhado, músculos rasgados e ligamentos à mostra, permitisse uma liberdade facial maior.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋𝐒 | 𝐓𝐎𝐌 𝐑𝐈𝐃𝐃𝐋𝐄 {+𝟏𝟖}Onde histórias criam vida. Descubra agora