Felíccit

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Nova Zelândia

   Felíccit havia sido adotada na mesma época que Pietro, por uma família também rica, não tanto quanto a dele. Ela descobriu seus dons antes mesmo de conhecer sua família, mas escondeu esse fato de todos ao seu redor, era esperta o suficiente pra saber que aquilo poderia ser usado contra ela. Mesmo com apenas 5 anos de idade, ela já sabia reconhecer quem eram pessoas "boas" e pessoas "más" apenas cheirando-as. Por puro instinto.

   Seu pai era conhecido por dominar tribunais, era um juíz jovem, porém, com uma autoridade implacável, seu outro pai, era dono de salões de beleza, totalmente opostos, entretanto com um amor incondicional um pelo outro e também pela filha. Quando tiveram de deixá-la em sua casa de férias, um chalé na beira de um dos belos lagos de uma cidade isolada com poucos habitantes, foi como se perdessem o único fio de esperança que ainda os restava, a esperança de que o mundo iria melhorar e de que aquele vírus era apenas momentâneo..

  Eles sabiam que levariam anos até que pudessem vê-la de novo, isso é, se pudessem e conseguissem chegar a vê-la. Desde o dia em que a deixaram no chalé, só mantiveram contato por vídeo chamadas durante 2 anos e então, veio o apagão, com ele, o vazio. E agora a dúvida, será que ainda estariam vivos? 3 anos após o apagão.. 3 anos sem notícias.

  O chalé em que Felíccit morava era igualmente protegido, paredes com uma camada de aço e outra de madeira, mas a arquitetura da casa era totalmente oposta a de Pietro, menos moderna, continha apenas um andar (sem contar com o porão, que era uma espécie de salão de jogos com diversas mesas e tabuleiros, alguns no estilo cassino, que o pai, Juíz, havia sido contra a instalação, mas o outro pai, Apostador de nascença, amava usar aquilo para irritá-lo, então fez questão de investir um dinheiro exagerado em tudo que fosse possível de se jogar ali. Incluindo o console misterioso que ficou em alta no último ano, antes do apocalipse global),  mas compensava em espaço, com 5 quartos e 4 suítes, a sala era gigantesca, mesmo assim, conseguia ser aconchegante, a lareira sempre acesa ajudava nisso, e a cozinha também não deixava a desejar, a biblioteca ficava logo depois.

   Diferente de Pietro, ela podia sair de sua casa e explorar o lago e a paisagem pelo lado de fora. Aproveitou essa liberdade e plantou uma horta vasta, coberta por telas de sombreamento, também algumas estufas com leguminosas, ao lado, continha um pequeno seleiro, com feno e rações para os animais. Ela não sabia quanto tempo aquelas rações durariam, o que seria um problema. Então vasculhou por receitas na biblioteca do grande chalé, pensando em como substituiria as rações industrializadas, ela já havia elaborado um plano, seria um pouco complexo devido ao inverno gritante da região fria, mas ela daria um jeito, ainda tinha anos para pensar nisso.

  
   Sua forma de lidar com a perda da antiga vida era treinar suas habilidades, treinar até não poder mais, ela treinava dia e noite, vendo até onde seu domínio sobre a própria mente poderia ir, criando labirintos mentais, testando as limitações do implante, ela sabia da existência dele, ainda não havia descoberto o propósito, mas sabia que suas habilidades se davam devido a ele, ela sentia a energia vinda dele, sentia a força entupir suas veias, quando ela se imaginava  como uma guerreira travando batalhas. Seu poder era gritante, ela tinha a força de 50 soldados espartanos, mesmo com uma aparência "magra", afinal não tinha músculos marcantes e visíveis, mas os anos praticando e treinando, a fizeram dominar até isso, ela poderia derrubar facilmente qualquer um com apenas um dedo, ela sabia disso, pois desde os 5 anos praticava e praticava, ela sentia que o implante a obrigava a fazer isso.

   Outra de suas habilidades era a agilidade, ela se locomovia como um gato, rápida e silenciosa, conseguia ultrapassar um guepardo com facilidade, a cada dia, batia metas invisíveis. Os quase 20 anos de prática eram a resposta para aquilo.

O Jogo, 23Onde histórias criam vida. Descubra agora