O beck recém tragado repousava entre os dedos delgados da jovem Kim, a lombra se apossando demasiada de seu corpo, a pupila dilatando, os sentidos torpes pela maconha se tornaram o único instante satisfatório de sua vida. Longe das obrigações e preocupações, ela via o pecado tamborilando os dedos diante dos seus olhos, de lábios fartos e tingidos de vermelho escarlate, alheios a sua presença.
A escuridão da matina divaga calma entre elas, acompanhada de uma brisa fria de toque suave que acaricia as bochechas, como se a chegada do verão acolhesse seu coração dolorido, empático as dores de sua alma, na qual ela carregava sozinha, um peso inteiramente seu.
A tranquilidade se apossando da mente da jovem Kim, e por céus! Era somente aquilo o que ela tanto almejava: paz, e encontrava nas poucas horas em que podia fumar um baseado a vontade.
Sua visão oscilando vez e outra a limitava de discernir claramente os elementos do espaço, as cadeiras amadeiradas e a mesa do botequim de beira de estrada eram quase um só no borrão no que sua mente era capaz de captar, as luzes neon roxo do estabelecimento dançavam valsa no telhado do bordel do outro lado da rua. Haviam poucas pessoas pelas ruas desertas naquela hora da madrugada, os raros seres que se atreviam a vaguear por aquelas bandas vale ressaltar.
A ilusão fez cócegas a concepção da garota, e ela riu tombando a cabeça para trás enquanto fechava os olhos, ela parecia genuinamente feliz e queria aproveitar aquela sensação ao máximo. Mas por a cadeira não conter recosto, quase foi de encontro ao chão se não fosse pela agilidade do pecado escarlate, que segurou seu rosto.
— Caralho garota, você tá’ muito louca! - A voz zombeteira da sua salvadora estava abafada e longe demais para Lara Kim, mas ela entendeu o resquício de sermão na fala da outra, infelizmente. O que a fez se afastar do contato singelo de Claire aos resmungos.
— Não fode! — Foi o que respondeu antes de dar mais uma tragada no cigarro, ignorando a outra que apenas deu de ombros.
Ignorando tudo.
Pelo menos por essa noite.
...
"Você já teve aquele medo de não conseguir afastar
Você não sabe que é a minha obsessão?
Sonhei com você quase todas as noites essa semana
Quantos segredos você consegue guardar?
Que as noites foram feitas principalmente
Para dizer coisas que não se pode dizer no dia seguinte
Me arrastando de volta para você (crawling back to you)"
Do I Wanna Know? – Arctic Monkeys
De volta ao apartamento, Taehyung tentava encaixar as chaves na fechadura da porta, cambaleando de tanta embriaguez e abraçando fielmente uma garrafa de whisky.
Ela seria sua única companhia naquela noite, era o que ele pensava e muito sinceramente desejava.
— Por que é sempre tão difícil? — Estava revezando as chaves do molho, já que não se lembrava de qual era a principal.
Os dedos sujos de terra não colaboravam com ele, muitos pensariam que talvez ele havia enterrado um corpo em uma vala rasa por seu estado tão deplorável, mas não se tratava disso, e sim que após o ocorrido lamentável com o senhor Johnson, o jovem realmente fez o que havia dito, e como era deveras fraco quando se tratava de álcool, o trajeto de volta ao apartamento lhe rendeu algumas quedas na grama de alguém e um belo vômito no tapete novinho de um dos seus vizinhos.
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STIGMA
Fanfiction(Sinopse sujeita a reescrita) A bela adormecida perdeu tempo espetando o dedo em uma navalha por um feitiço tão inútil quanto o de dormir e aguardar que o beijo de um amor verdadeiro venha a despertá-la, não conheço bem essa história, tão pouco faço...