DEBUTANTE VERMELHA II

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Com a festa se aproximando do fim, Ana e Diego decidiram sair para um momento a sós no jardim. A lua iluminava suavemente o ambiente, criando um cenário perfeito para um momento romântico.

— Foi uma noite incrível, — disse Diego, puxando Ana para mais perto.

— Sim, foi. Obrigada por estar ao meu lado — respondeu Ana, sorrindo.

Diego inclinou-se e beijou-a suavemente, um beijo carregado de emoção e promessas silenciosas. Ana retribuiu, sentindo o calor do momento. Porém, o instante de paz foi abruptamente interrompido por gritos vindos da floresta.

Ambos se afastaram, alarmados.

—  O que foi isso? — perguntou Ana, o coração acelerado.

Diego franziu a testa, olhando na direção dos gritos. 

— Parece a voz de uma garota gritando e o Lucas. Vamos, está vindo dessa direção.

Eles correram em direção à floresta, os gritos se tornando mais claros e angustiantes. Quando finalmente encontraram Lucas, ele estava possuído novamente por Felipe, sua esclera totalmente escurecida com uma aparencia sinistra e sua expressão distorcida de malícia. Ele tirou lentamente uma adaga do peito de uma das debutantes, e o corpo da jovem caiu desfalecido no chão.

Ana se aproximou para ver se ainda havia sinal de vida, abraçando com desespero sua prima e tentando acordá-la desesperadamente. Mas ela sangrava muito, e o sangue escorreu por todo o vestido de Ana. Mesmo a sacudindo e tentando achar algum sinal de vida nela, era tarde demais. Não havia mais esperança; estava morta.

Tomada de ódio e vingança, Ana correu atrás de Lucas, desaparecendo na densa neblina ao adentrar a floresta. Diego, desesperado, foi atrás deles, mas não encontrou sinal algum.

Tomado de preocupação, ele ligou para a polícia, temendo que o pior estivesse acontecendo.

Em minutos, o local estava coberto de policiais e cães farejadores. As luzes azuis das viaturas piscavam incessantemente, iluminando a cena de caos e desespero.

—  Temos que encontrar minha namorada! Ana está em perigo! — gritava Diego, enquanto era segurado por um policial.

— Calma, garoto. Vamos fazer o possível para encontrá-la — disse o oficial, tentando acalmá-lo.

Ana, ao adentrar mais profundamente na floresta, sentia uma mistura de medo e determinação. Os gritos de sua prima ainda ecoavam em sua mente, e a visão de Lucas possuído por Felipe a assombrava, mas ao mesmo tempo a encheu de ódio, seus olhos estavam inflamados de ira.

Lucas, possuído por Felipe, estava à frente, movendo-se com uma agilidade sobrenatural. Ana o seguiu, sentindo sua fúria crescer a cada passo. 

—  Lucas! Pare! Eu sei que você está aí dentro!— ela gritava, mas Felipe ria, sua voz ecoando na escuridão.

— Você é lerda demais para me alcançar, Ana. Será que cnsegue, — a voz de Felipe reverberava, cheia de malícia.

Ana correu mais rápido, tentando alcançar Lucas, mas ele parecia estar sempre um passo à frente. Quando finalmente o encontrou, estava em um pequeno claro na floresta, cercado por uma névoa densa e opressiva.

— Lucas, por favor, lute contra ele— implorou Ana, mas Felipe apenas sorriu, os olhos de Lucas brilhando com uma escuridão sinistra.

— É inútil, Ana. Você não pode me deter — disse Felipe, avançando em direção a ela.

Ana, desesperada, olhou ao redor, tentando encontrar algo que pudesse usar como arma. Sua mente corria, tentando lembrar dos escritos na caverna, algo que pudesse ajudá-la a libertar Lucas.

— Caiu perfeitamente em minha armadilha, sua tola — riu Felipe, a voz cheia de desprezo. 

Enquanto isso, Diego finalmente conseguiu se libertar dos policiais e correu para a floresta, determinado a encontrar Ana. Seus pés moviam-se rapidamente, guiados pelas pegadas do salto alto cravados no chão e pelos instintos de proteção.

Ao chegar ao claro, viu Ana enfrentando Lucas, agora possuído por Felipe. O horror e a determinação encheram seu coração, e ele sabia que precisava fazer algo.

— Lucas, lute contra ele! Você é mais forte que isso! — Diego gritou, avançando em direção ao seu irmão.

Os policiais, seguindo os rastros de Diego, chegaram ao claro logo depois. A visão do confronto os deixou atônitos, mas a determinação de salvar os jovens prevaleceu.

— Todo mundo, fique calmo e recue — ordenou o chefe de polícia, enquanto os oficiais cercavam o local, armas em punho.

Ana, percebendo a presença dos policiais, sentiu um fio de esperança. 

— Lucas, por favor, volte para nós — ela implorou, lágrimas escorrendo pelo rosto.

Felipe, deu um passo pra trás, lançou um olhar de ódio para Ana e Diego. 

— Isso não acaba aqui — ele rosnou, antes de desaparecer, deixando Lucas desmaiado no chão.

Os policiais avançaram, cercando Lucas e verificando seu estado. Ana correu até ele, segurando sua mão e sussurrando palavras de conforto.

— Vamos levá-lo para o hospital — disse o chefe de polícia, enquanto os paramédicos chegavam para prestar os primeiros socorros.

Diego, exausto e aliviado, abraçou Ana. 

— Você está bem? — ele perguntou, os olhos cheios de preocupação e alivio.

—  Sim, agora estou — respondeu ela, sentindo a força do abraço de Diego e encontrando consolo em sua presença.

Com Lucas sendo levado para o hospital e a polícia investigando a cena, Ana e Diego voltaram para casa, suas mentes ainda em turbilhão pelo que havia acontecido.

— Vamos superar isso juntos — disse Diego, segurando a mão de Ana.

— Ele foi capaz de matar, Diego! Ele não esta pra brincadeiras, ele quer nos enlouquecer antes de nos matar! Ele matou a Jessica, Diego. Matou minha prima — disse Ana, chorando.

Sabendo que a batalha contra Felipe estava longe de terminar, Ana e Diego decidiram que precisavam entender melhor os escritos na caverna e encontrar uma maneira de derrotar Felipe de uma vez por todas.

— Vamos decifrar esses escritos e descobrir como acabar com isso — disse Diego, a voz firme.

Ana assentiu, sentindo que, apesar dos desafios, estavam mais fortes e determinados do que nunca. 

— Vamos mandar esse filha da puta de volta para o inferno!

A lua cheia iluminava a noite, e só se ouvia choro e desespero dos pais de Jessica, e a pacata cidade de Silvialane ganhou novas cores, além do verde das arvores banhadas pelo orvalho da noite, vermelho, vermelho sangue, o mesmo que banhava a grama, mais uma vez, sangue inocente pelas mãos de um monstro. 

Determinados a proteger aqueles que amavam e derrotarem Felipe, Ana e Diego tiraram coragem onde não tinham para encarar de frente essa presença malgna, se revestindo de fé, coragem e a proteção de Deus.


TURMALINA NEGRA - Laços SombriosOnde histórias criam vida. Descubra agora