Capítulo 1

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Era uma noite chuvosa em Serra Verde quando o detetive Charles Camargo foi chamado para um caso, ao chegar no local viu dois de seus subordinados brancos igual papel e vomitando diante da cena do crime.

— É a pior cena já vista, detetive. — disse um deles entre ânsias.

Camargo seguiu incrédulo para dentro da casa que era a sua cena de crime, ao adentrar a casa visualizou uma decoração feita com retalhos do que se assemelhava a pele humana.

— A vítima ou o que sobrou dela está no segundo andar, senhor. — Disse o soldado.

Pé ante pé, com um frio na espinha, Camargo subiu as escadas. Quando chegou ao quarto, encontrou a vítima parecendo uma carcaça de animal em um frigorífico.

— Temos a identificação? — Perguntou.

— Não senhor, assim como as outras dezessete, a arcada dentária e as digitais sumiram.

Sim, havia outras dezessete vítimas, havia um serial killer tirando a calma daquela pequena cidade.

— Não há uma falha. — Disse o subordinado.

— Sempre há, uma hora eles sempre falham

O legista chegou e em um humor sórdido falou:

— O trabalho desse cara tá num esquema de produção em massa, mais rápido que o nosso, ele tem que ir devagar.

Camargo não disse nada, ficando ali imerso em seus pensamentos.

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Não muito longe dali, um indivíduo ouvia os barulhos da polícia e a frequência do rádio policial em um veículo, quando a porta do passageiro abriu e um segundo indivíduo apareceu.

— Estão falando nós?

— Não — disse o primeiro, apertando os lábios em uma linha fina. — Mas é só uma questão de tempo.

O recém-chegado, com uma expressão de alívio misturada à apreensão, encostou-se no assento, cruzando os braços. Ele sabia estarem caminhando sobre gelo fino, e que qualquer deslize poderia expô-los. Observou o parceiro, notando as linhas de tensão em seu rosto, as marcas de preocupação que se aprofundavam a cada momento.

— O que vamos fazer? — perguntou ele, a voz baixa e urgente.

— Esperar. — disse o primeiro, sem desviar os olhos do espelho retrovisor. — E estar prontos para agir. Eles vão cometer um erro. Sempre cometem, eles não se aguentam e revelam coisas para a mídia.

Enquanto isso, no local do crime, Camargo saiu finalmente de seu transe momentâneo, direcionando seu olhar firme para o subordinado e o legista.

— Precisamos de todas as informações possíveis. Não podemos deixar nenhuma pista passar despercebida. — disse ele, com uma determinação renovada. — Alguma novidade?

O subordinado balançou a cabeça, indicando que ainda estavam aguardando os resultados preliminares.

— Bem, vamos nos preparar. — continuou Camargo, virando-se para observar a cena mais uma vez. — Tenho a sensação de que algo grande está para acontecer.

E assim, com a tensão pairando no ar, todos sabiam que a caçada estava apenas começando.

Minutos depois, Camargo dirigia de volta para a delegacia, pensando em todas as cenas de crime em que esteve nos últimos meses, em como todas elas se conectavam, o modus operandi estava instalado, e muito bem instalado. Assim que Camargo chegou na delegacia, o seu superior lhe chamou em sua sala.

— 18 vítimas? Mas que porra é essa, Camargo? Quando você vai dar um fim nisso e pegar esse canalha?

Camargo respirou fundo antes de responder ao seu superior. Ele sabia que a pressão estava alta e que cada minuto sem resolver o caso aumentava a tensão na delegacia e na comunidade. Ele se sentou diante do superior e começou a relatar tudo o que descobrira até aquele momento.

— Chefe, eu sei que parece muito, mas cada uma dessas vítimas tem um padrão, um elo que as une. Estive analisando os casos, revisando as evidências e montando um quebra-cabeça. O modus operandi desse assassino é meticuloso, mas não é perfeito. Tenho certeza de que estamos nos aproximando.

Ele explicou os detalhes das vítimas, os locais onde os crimes ocorreram, os momentos em que os corpos foram encontrados e todas as pistas que conseguiu reunir. Camargo sabia que precisava convencer seu chefe de que ele estava no caminho certo e que precisava de mais recursos e apoio para levar o caso adiante.

Seu superior ouviu atentamente, mas a expressão em seu rosto mostrava a preocupação e a frustração com a falta de progresso no caso.

— Camargo, eu entendo que você está trabalhando duro nisso, mas precisamos de resultados. Não podemos continuar permitindo que esse maníaco continue solto por aí. Preciso que você intensifique seus esforços, mobilize a equipe, faça o que for preciso. Não podemos mais aceitar mais vítimas.

Camargo assentiu, compreendendo a gravidade da situação. Ele sabia que não podia falhar e que cada minuto era crucial. Levantou-se da cadeira, determinado a resolver o caso e trazer justiça às vítimas e suas famílias.

— Entendi, chefe. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para pegar esse assassino. Pode contar comigo.

Sombras de Serra VerdeOnde histórias criam vida. Descubra agora