Capítulo 5

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Ela sorriu levemente, seus olhos brilhando com uma mistura de cumplicidade e satisfação. Digitou rapidamente uma resposta: "Mas pelo amor de Deus, pare de brincar com a comida e guarde isso para a sopa."

Seu parceiro respondeu quase instantaneamente com uma risada, representada por um simples "😂".

Ela guardou o celular de volta no bolso, seus pensamentos retornando brevemente à última vez que haviam se encontrado. A emoção, o perigo, e a adrenalina de seus encontros proibidos eram como uma droga para ela. No entanto, ela sabia que precisava manter a compostura no ambiente de trabalho. Levantou-se, alisando seu uniforme branco impecável, e se preparou para voltar ao plantão.

Enquanto caminhava pelo corredor, suas memórias continuavam a surgir, misturando-se com a rotina monótona do hospital. Cada passo ecoava levemente no piso de linóleo, e as vozes abafadas dos colegas e pacientes formavam um murmúrio constante ao seu redor.

Ela sabia que, mais tarde naquela noite, encontraria seu parceiro novamente. Eles tinham planos, sempre tinham. A vida dupla que levava era perigosa, mas irresistível. Havia uma estranha satisfação em saber que, sob a fachada de uma enfermeira dedicada e profissional, existia um lado de sua vida que era desconhecido para todos ao seu redor.

Chegando à próxima sala de pacientes, ela deixou seus pensamentos escuros de lado e colocou um sorriso profissional no rosto. Ajudou uma paciente idosa a se acomodar na cama, verificou os sinais vitais de um jovem que havia sofrido um acidente de carro, e ofereceu palavras de conforto a uma mãe preocupada com o filho doente.

O tempo passava lentamente, mas finalmente seu turno chegava ao fim. Ela foi ao vestiário, trocou seu uniforme por roupas casuais, e deixou o hospital. A noite estava fria, e ela puxou o casaco mais para perto do corpo enquanto caminhava em direção ao ponto de encontro. Sabia que ele estaria lá, esperando por ela, com aquele sorriso enigmático que sempre a atraía.

Ao virar a esquina, ela o viu. Ele estava encostado em um carro preto, os braços cruzados e um olhar despreocupado no rosto. Quando a viu, abriu um sorriso que não chegava aos olhos.

— Pronta para mais uma noite? — perguntou ele, a voz suave e cheia de promessas.

Ela assentiu, sentindo a excitação crescer dentro dela.

— Sempre — respondeu ela, enquanto se aproximava.

Juntos, eles entraram no carro e desapareceram na noite, prontos para continuar sua estranha e perigosa jornada, um mistério sombrio envolto nas sombras do cotidiano.

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Camargo girava nas mãos o ziploc com a foto que Renata havia pegado no prédio. Os olhos dele analisavam cada detalhe da imagem, procurando qualquer pista que pudesse ajudar na investigação. A mulher na foto era jovem, com cabelo escuro e comprido que caía em ondas sobre os ombros. Ela tinha olhos expressivos, um sorriso enigmático e vestia uma blusa de cor cremada, simples, mas elegante.

Ele se perguntava quem era aquela mulher. Seria ela a dona do DNA encontrado na cena do crime? A foto era amassada, como se tivesse sido guardada descuidadamente, mas ainda assim, a imagem estava clara o suficiente para que cada característica do rosto dela fosse visível.

Camargo chamou Renata, que estava organizando as anotações no quadro branco do outro lado da sala. Ela se aproximou rapidamente, a expressão dela era de preocupação e determinação.

— Renata, você conseguiu mais alguma informação sobre esta mulher? — perguntou Camargo, erguendo a foto para que ela visse.

Renata olhou para a imagem e balançou a cabeça negativamente.

— Ainda não, chefe. A recepcionista do prédio disse que nunca a viu antes. Nenhum dos moradores a reconheceu também. É como se ela tivesse aparecido do nada — respondeu Renata, com uma expressão frustrada.

Camargo assentiu lentamente, ainda analisando a foto.

— Precisamos descobrir quem ela é. Leve a foto ao nosso especialista em retratos falados. Talvez possamos obter uma versão digitalizada e distribuí-la mais amplamente — instruiu ele, entregando a foto a Renata.

Renata pegou a foto e saiu da sala rapidamente, enquanto Camargo voltava sua atenção para a pilha de documentos na sua mesa. Entre os papéis, havia relatórios preliminares do laboratório forense. O DNA encontrado na cena do crime estava sendo analisado, mas os resultados ainda não haviam chegado. A espera era angustiante, mas ele sabia que cada detalhe era crucial para solucionar o caso.

Ele pegou seu celular e ligou para o laboratório forense.

— Aqui é o Camargo. Alguma atualização sobre o DNA? — perguntou ele, tentando esconder a impaciência na voz.

— Ainda estamos trabalhando nisso, detetive. Mas posso adiantar que o perfil genético não corresponde a ninguém em nosso banco de dados criminal — respondeu o técnico do outro lado da linha.

Camargo franziu a testa. Isso complicava ainda mais as coisas. Sem um correspondente no banco de dados, identificar a mulher seria mais difícil. Ele agradeceu ao técnico e desligou, sentindo o peso do caso sobre os ombros.

Sombras de Serra VerdeOnde histórias criam vida. Descubra agora