Destino Real

2

Celeste

Passei longos dias indo com mamãe atrás de vestidos. Nunca pensei que isso poderia cansar tanto. Não que eu não gostasse, quem não gosta de comprar vestidos novos? Mas isso tinha definitivamente esgotado minhas energias.

Durante o jantar mamãe não para de falar sobre o príncipe. A verdade é que ninguém sabia como ele estava atualmente. Ele saiu para estudar em outro reino, e as únicas fotos que tinham era de quando ele era criança. Falam que ele voltou para ajudar seu pai com a guerra que está se alastrando nos outros reinos. Nosso rei estava tentando se manter fora, mas uma hora ela chegaria aqui.

Confesso que em partes estava curiosa sobre como era a aparência dele. Mamãe não parava de falar que ele deveria ser lindo, mas e se não fosse? Bom, eu provavelmente iria descobrir mais cedo ou mais tarde.

Depois do jantar, mamãe e papai foram dormir. Aproveitei que não havia ninguém de olho em mim, peguei um livro e meu diário e saí de casa. Fui para um jardim que tinha bem aqui do lado. Era um jardim lindo.

Apesar de muitas pessoas considerarem perigoso uma mulher andar sozinha durante a noite, eu faço isso desde pequena. Sempre foi o meu momento de paz.

Quando cheguei lá, sentei em baixo de uma árvore, e me encostei em seu tronco. Meus pais dormem cedo, então ainda não estava tão escuro. No verão demora para escurecer, e minha sorte era essa, poderia escrever tranquilamente em meu diário, pois ainda não havia escurecido o suficiente para impedir minha visão.

Estava absorta em meus pensamentos quando escutei um voz.

– Senhorita? Está bem? – Olho para cima e me deparo com um homem. Ele parecia ter minha idade. Sua pele era branca, seus cabelos pretos. Não conseguia ver direito seu rosto por causa do escuro da noite que finalmente havia chegado.

– Senhorita? – o rapaz repetiu me tirando de meus devaneios. Sua voz era encantadora.

– Oh! Perdoe-me estava perdida em meus pensamentos. – olho para os lados meio confusa

– Não acha perigoso para uma jovem andar sozinha durante a noite? – perguntou enquanto se abaixava para chegar a minha altura.

– O senhor irá me sequestrar? – pergunto rindo

– Talvez, mas acho que hoje não. – ele responde entrando na brincadeira.. – O que te traz até aqui?

– Precisava acalmar minha mente. Há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. – falo enquanto tento concentrar minha visão em seus olhos.

– Quer conversar sobre? Preciso distrair minha mente também. – ele pergunta dando um sorriso gentil.

– Não é do meu feitio desabafar com estranhos, mas acho que dessa vez não irei recusar.– retribuo seu sorriso.

– Então conte-me senhorita. O que anda te incomodando? – diz enquanto se senta próximo a mim.

– Meu pai quer que eu me case.

– Isso não parece tão ruim – ele responde.

–Não que eu seja contra casamentos, mas não queria que fosse assim. Queria me casar com alguém que amo, mas meu pai não entende. Ele disse que se eu não achar um marido logo, terei que me casar com um amigo dele de 60 anos.

– Agora faz mais sentido – ele diz e eu continuo

– Minha mãe quer que eu vá passar uma temporada no castelo, porque na cabeça dela, lá vou achar meu grande amor. E o pior é que ela não para de me falar daquele príncipe, como se tivesse alguma chance de eu me casar com ele. – falo a última frase em tom debochado.

– O príncipe não deve ser tão ruim assim – ele me falou com um olhar divertido no rosto.

– Não sei o que esperar de um menininho que ganha tudo o que quer dos pais. –  falo e ele solta uma risada rouca.

– Sabe o que seria legal?– pergunto e ele nega com a cabeça – Se ele fosse feio. Pensa comigo, se ele fosse feio ficaria nítido que as mulheres que correrão atrás dele só vão fazer isso pela riqueza e poder. Ia ser engraçado.

– Infelizmente, acho que o príncipe não é feio, mas tem razão, em certas partes seria divertido.– ele fala e levanta– Foi muito bom conversar com você senhorita? – falou perguntando meu nome.

– Celeste – respondo enquanto pego em sua mão para me levantar.

– Boa sorte em sua longa temporada. – Quando levanto, seu rosto é iluminado, e consigo perceber que ele tinha uma beleza surreal. – E só para te informar, o príncipe não é um menininho mimado – ele diz rindo enquanto se afasta.

Volto para minha casa sem me pensar nisso. Daqui alguns dias teria que ir para o castelo, então precisava aproveitar o pouco de paz que me restava. Chego em meu quarto e não demoro muito para me deitar e dormir