Eu juro que eu gostei dessa aparÊncia, mas tudo bem se vcs imaginarem mais normal, o que importa é manter esse bulbo na cabeça dele ok?
Debruçada sobre o parapeito nos fundos da loja, observo a névoa branca que desce sobre o território humano, em contraste com o calor intenso da selva e posso sentir atrás de mim, a umidade rançosa do pântano.
Eu estou bem no meio, um pequeno posto de gasolina e loja de conveniência, o único da estrada.
Ouço os gritos do meu avô antes mesmo do sino na porta da frente, apago o cigarro na porta antes de entrar. Passo o mais rápido que posso pelo estoque e abro a pivotante que dá para a loja.
Meu avô está bravejando palavrões sem parar para o homem que entra pela porta dupla carregando dois engradados cheios.
O enorme bulbo sobre sua cabeça mal se espreme pela abertura, pegando toda a largura de seus ombros e músculos, manchados de branco, o cheiro adocicado que ele emana enche o ambiente logo depois.
— Calma, vovô. Ele só veio fazer uma entrega.
— Eu não quero esses malditos musgosos na minha loja.
Passo pela cadeira de balanço, ignorando totalmente o velho ranzinza e me aproximo da geladeira de bebidas que o musgoso está abastecendo.
— Oi, Takrat — cumprimento alegremente.
— Beth — ele revida, dando um breve olhar antes de enfiar mais três garrafas com uma só mão — venderam bem esse mês.
— Estamos sem café. As pessoas não querem parar para dormir no meio da estrada, então a única alternativa é se encher de coca-cola.
— No meu tempo, Coca-cola tinha sabor — meu avô voltou a bravejar — não era essa porcaria cheia de veneno musgoso.
— Não colocamos veneno no refrigerante, Sr. Ávilla. Mas é difícil conseguir a matéria prima já que vocês acabaram com o planeta — Takrat responde calmamente.
— Acha que eu vou acreditar nessa conversinha? Vocês querem deixar todo mundo viciado. Só assim pra continuarem vendendo esse lixo.
— Deixa ele pra lá, vai esquecer que você esteve aqui minutos depois que for embora.
— E para que? — Takrat me ignora, enfiando o restante das garrafas no freezer, ele empurra com o pé os engradados vazios até que esses batam no balcão — me desculpe, senhor. Mas se eu fosse drogar alguém com esse suco aqui — ele aperta o bulbo cheio sobre sua cabeça de um jeito que quase parece sexual — seria um cara podre de rico. Se eu mantiver você sobre controle, vou ter que cuidar dessa espelunca sozinho. Sem ofensa, Beth.
— Não me ofendeu.
Vovô resmunga algum xingamento racista antes de mastigar as próprias gengivas.
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O Jogo Dos 23 Monstros
Literatura FemininaComo duas senhoras bingueiras, eu e a @ProxyMr, vamos completar a cartela. Multiplas cabeças? Monstros marinhos? Chifres? Acompanhe