Aquele pebleu

Os detentos

Ano 1800

Em um dia nublado e frio, uma das garotas de mais alta classe do reino Taka, olhava pela janela de seu quarto, suspirando fundo, observando todo império que seu pai construira. A jovem estava entediada após dias trancafiada em seu quarto, já que a neve tomava conta de cada canto daquele gasto reino, árvores, ruas, postes e o topo de todas as grandes casas.
Jade sai da janela olhando ao redor, proucurando por algo que, talvez, satisfaça sua vontade de se entreter; ela observa sua cama, que já fora bem arrumada pelas camareiras, seu grande armário, cheio de longos vestidos, das mais variadas cores; observava de canto o vasto banheiro cheio de produtos caros; nada divertido por ali.

A princesa sai de seu quarto descendo rumo a grande cozinha do palácio real. Descendo as grandes escadas, observa os grandes quadros de sua família, pendurados pelas paredes do salão principal.
Ao chegar na cozinha, a jovem se encontra com cozinheiros, preparando algumas variadas comidas para o jantar real. Vendo que não encontraria nada que satisfaça sua curiosidade naquele local, segue rumo ao grande jardim.
Passando pela enorme sala de jantar, observa a parede, que estampava a grande coleção de vinhos e taças de seu pai; a sala continha uma grande mesa, com várias cadeiras ao centro; no teto, um grande lustre iluminava a sala. Jade continua caminhando até a imensa porta em um dos cantos, abrindo-a e encontrando outra sala enorme, o salão principal da castelo; pouco maior que seu quarto, tinha o chão de madeira, e várias mesas perto das grandes paredes.
A jovem não observa muito aquele salão, não tinha boas recordações de quando estivera ali, ela vai até a imensa porta de entrada do castelo, chegando então ao enorme jardim. Ela olha para os lados, a procura de alguma das jardineiras, mas não as encontra; Jade começa a caminhar pelo jardim, observando toda aquela paisagem magnífica, montada pelas flores, árvores, arbustos e neve; umas das imagens mais lindas que a bela princesa já podera ter visto.
Continuando sua camisa por entre as flores, a princesa se depara com uma espécie de escada, ela se assusta ao ver o quanto andou, aquela era a grande prisão, onde só quem ameaçava ou insultava os nobres estava. Jade pensa um pouco, não parecia seguro, porém, a porta que deveria estar trancada, estava totalmente exposta, a neve já cobria todos aqueles degraus. A jovem nobre decide descer as escadas, o medo era grande, mas algo ali a chamava.

Jade desce até o fundo, onde encontra um silêncio ensurdecedor, ela suspira fundo e vai em direção as celas, caminhando entre todas aqueles grades, a princesa consegue ver que havia muitos prisioneiros ali, nenhum deles gritando, nenhum deles batendo ou tentando arrombar as celas, todos aqueles detentos estavam encostados no canto mais fundo da cela, alguns encolhidos, e outros juntos. Jade enfim se lembra de todo aquele frio insuportável que estaria ali, a mesma não o sentia graças a sua grande blusa de pelos. Uma angústia enorme sobe pela garganta da bela donzela, por mais que fossem ladrões, ou assassinos, ela não poderia deixá-los morrer de frio, até mesmo de fome. Num ato de coragem a bela princesa chega perto de uma das grades.

-Olá! Meu nome é Jade, sou a princesa deste reino... Vocês estão com frio?-A jovem garota tenta parecer simpática, não queria que aquelas pessoas pensassem que ela era ruim.

Um dos prisioneiros olha pra ela de canto, depois uma aura de desprezo surge, podendo ser sentida através da respiração de desaprovação de um dos reclusos ali presente. A garota sente um arrepio enorme, ao lembrar que quem os prendera ali, fora certamente seu pai, o rei. Ela suspira um pouco nervosa, pensando em alguma forma de poder ajudar todas aquelas pessoas.

-Eu não quero fazer-lhes mal, quero ajudar-lhes, está muito frio, não gostariam de ter alguns cobertores ou algo quente para comer?-Ela da um pequeno sorriso, esboçando confiança, mas novamente nenhuma resposta. Suspirando frustada, a jovem garota enfim decide agir, tirando seu casaco quente, ela sente o frio atingir-lhe com força, estremecendo-se por completo, apesar desse ocorrido, a garota continua firme, estendendo a mão com o casaco para dentro da cela a sua frente.