Capítulo 1 - Arranjo de Tintas

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Sugestão de música: Nunca Dije – Kaay

Segunda-feira, a luz do sol, por mais cinzento que o dia aparentava, aparecia por uma brecha da janela, eu me revirava na cama, puxando o cobertor para meu corpo. Desistindo de um falho sono, piso meus pés na madeira fria, gemi mordendo os lábios pelo impacto que o mesmo deu. Me espreguiçei tentando não fechar os olhos de novo, sei que se fechasse novamente dormiria as plenas sete horas da manhã. Portanto, sigo o meu caminho para o banheiro, ligo a torneira da pia olhando-me pelo espelho, suspiro passando a mão em meu rosto, seguindo para um longo banho.

Era o que eu mais precisava.

Segundas-feiras são não-úteis para mim, em minha opinião poderiam colocar a segunda-feira para fazer um trio com o sábado e os domingos. Pouparia os meus afazeres.

Retiro a espuma do meu corpo saindo do box, enrolando-me em uma toalha, penso no quão proveitoso seria se eu continuasse naquela água que me abraçava o corpo. Volto à realidade: trabalhos & trabalhos. A minha vida havia se tornado em um poço profundo de afazeres e trabalhos quando decidi olhar mundo à fora. Enfim, passo as minhas mãos pelas roupas no cabide procurando algo confortável, agora, seguro uma calça jeans preta e uma blusa de manga curta na mesma cor.

Coloco um tênis nós meus pés e retorno à procura de uma segunda peça, visto uma jaqueta qualquer do guarda-roupa buscando pela minha chave, o que se fora desnecessário. A buzina e o barulho da moto estridentes que estavam lá fora indicava que Henrique Fogaça estava se aproximando. Lamento mentalmente por ter aceitado que ele passasse em casa para me buscar e esqueço, minutos antes, que ele viria.

Paola Florência Carosella, tome seus remédios antes de sair, para o bem da sua sanidade mental.

Bom dia, Carosella. Preparada pra tatuar?” Henrique segurava entre as pernas um capacete, olhou-me com um sorriso deixando que eu me aproximasse

Bom dia, Henrique.. e não. Tentei me preparar a noite inteira pra isso e não adiantou nada. Tem certeza que é seguro?” Disse o olhando

Pô, relaxa, Paola. Cê tá ligada nessa tatuagem?” Ele apontou para seu pescoço “Foi a Priscilla que fez, e não ficou bonita? Sobe na garupa!” Henrique puxou-me para perto fazendo-me reparar em como ele havia mudado desde a última vez que nos vimos.

Sua barba havia crescido, ficado um pouco mais esbranquiçada, e não estava tão grande igual a última vez. Parecia mais forte.. e maduro.

Henrique, cuidado! Quase que eu caio!” Soltei minha mão olhando para sua moto

Bora que ela tem horario marcado e eu quero te ver tatuando pela primeira vez, não duvido nada que vai ser engraçado.” Ele gargalhou colocando seu capacete, repito sua ação

Mais engraçado que você tatuando? Ah no.. no vai ser no!” retruco sentando-me na moto

Ele acelerou sem aviso prévio, fazendo com que eu batesse levemente em seu braço, ainda coberto pelo moletom. Aconcheguei-me em suas costas, encostando meu rosto no mesmo, fecho meus olhos sentindo o vento bater contra meu corpo.

Ao chegarmos, Henrique cumprimentou Priscilla e seus amigos, se sentia em casa, sentou-se ao lado de um homem também tatuado e deixou-me ao lado de Priscilla. Suspiro fundo retirando minha jaqueta. Logo sentei-me na cadeira esticando meu braço em um suporte, mostrei para ela a minha referência, qual tal Henrique ajudou-me a escolher (com muito esforço e dedicação).

Ela limpou o local onde faríamos a tatuagem, colocou o decalque e sentou-se ao meu lado “A tatuagem que você escolheu é linda, Paola, tem algum significado?

“No.. no tem no! Na verdade quem escolheu foi o Henrique, ele me enviou a imagem e achei ela tão linda, sabe? Por mais que seja só isso ” pausei o olhando de escanteio “Obrigada pelo elogio.” sorrio

Ele tem bom gosto pra tatuagem, né.

“Oh se tem!” rimos

A conversa fluía normalmente quando percebo que a tatuagem havia terminado e alegremente agradeço à Priscilla, que respondeu-me com um sorriso aberto, devolvo.

Está.. Me falta palavras. Não pensei que ficaria tão linda desse jeito. Obrigada, Priscilla, obrigada mesmo! a puxei para um abraço apertado, a balançando

Pri, solta a chef que eu quero ver se ficou boa 'memo.” o amigo de Henrique, Luca, disse, sendo acompanhado do mesmo.

Separei-me de Priscilla esticando meu braço para os rapazes, Henrique abriu um sorriso indo até mim, com a boca entreaberta. “Ficou boa, Paola.. Ficou.. Você ficou linda com ela. Eu sabia que ficaria.” ele afirmou. Sorrio timidamente, sabendo que a essa altura, minhas bochechas estariam rosadas e minhas covinhas amostra.

Eu acho que mereço um abraço também, né não?” Henrique indagou

Tá carente, velho? Óia que dó..” Luca ironizou arrancando nossas risadas

O aproximei de mim abraçando-o em seguida, podendo sentir seu corpo colado ao meu pela segunda vez ao dia“Obrigada por me fazer sentir a dor mais engraçada que já tive, tatuado. Você sempre fazendo com que eu fique assim.. feliz, alegre. Tava sentindo falta” dou uma risada contra seu pescoço, levanto minha cabeça “Desenhos que você vêm me fazendo, corações que tenho tatuado de você, estaria mentindo se falasse que no tinha tatuado antes.” sussurro em seu ouvido sentindo o mais baixo me apertar contra seu corpo, continuo: “Obrigada por essa tatuagem, tá gravada em mim igual o nosso amor.

Priscilla e Luca pigarreiam em nossa frente, nos afastando, sorrio abertamente para ambos pegando minha bolsa. A moça de cabelos escuros passou-me os cuidados que há de tomar com a tatuagem, agradeço.

A dor mais engraçada que tive ao lado dele.


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⏰ Última atualização: Oct 27 ⏰

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