Eu ainda estava zonzo e sem conseguir raciocinar direito, a luz da sala estava muito forte para mim. A casa era mais linda por dentro do que por fora. Tinha muita coisa legal que dava um ar personalidade para o ambiente. Muitos quadros, um chão de azulejo europeu, e muitos tons de azul e branco espalhados ao redor. A vista da janela da minha avó era linda, mas nada se comparava a vista da sala de estar dos... qual era o sobrenome deles mesmo?
─ Olha, agora está tudo bem mas... chamamos a ambulância. - Sophie me disse.
Ok, talvez isso seja demais.
─ O serviço médico nesse país não é extremamente caro...?
Ela olhou para Remus e depois para mim.
─ Nada que você não consiga pagar.
Coloquei a mão na têmpora, isso não podia estar acontecendo. Poderia ter sido qualquer coisinha, mas foi apenas um desmaio, certo?
─ Vamos precisar do seu carro, já que Remus fez questão de perder a chave do carro e até agora eu não encontrei.
Tudo parecia estar contra ao meu favor desde que pisei os pés nesse país ridículo. Sophie percebeu minha cara de desespero e sorriu como resposta.
─ Não se preocupe, não deve ter sido nada demais.
...
─ Um pré-infarto? - Respodi ao médico, claramente a beira dos nervos - Como isso é possível ?
─ Bom...
O médico deu todas as informações necessárias tentando achar algum ponto coerente que possa ter me causado isso, mas eu não ouvi nenhuma palavra. Sophie estava na sala junto comigo me dando toda a assistência possível. Remus ficou em casa cuidando da sua sobrinha, me deixando cada vez mais intrigado com a história do meu terraço.
─ Ele precisará de alguns cuidados ao retornar para casa, bom, não queremos que isso venha a acontecer novamente. O senhor tem algum parente por perto para lhe ajudar?
Antes que eu pudesse responder, Sophie me interrompeu.
─ Sim! pode me falar o que for preciso para ajudar na recuperação.
Eu fiquei em choque, ele deve ter uma alma muito boa, pois nos conhecemos há um dia. O médico disse tudo o que era necessário para evitar um ataque cardíaco, mas eu não escutava mais nada que ele dizia.
Saímos do hospital e Sophie sentou no banco do motorista. Ela não me olhou no rosto desde que passamos pela porta do consultório.
─ Sabe, você não precisava. Eu poderia contratar uma enfermeira e...
─ Mas você não gostaria, certo?
Calei-me. Nos conhecíamos há quase um dia, e era tão esquisito ter acontecido tudo aquilo. Para começo de história eu nem deveria ter lido a carta de Regulus, não falo com ele há meses. Por que eles pareciam me conhecer tão bem se eu nunca tinha escutado minha vó falar sobre eles? Eles não moravam lá quando eu visitava a minha avó, a mudança era recente então... tinha algo escrito nos jornais sobre mim que eu não esteja sabendo?
─ Não.
─ Então assim será, temos quartos sobrando, vai ser bom ver a casa ganhando vida.
Eu não podia fazer isso. Eu me recusava a ter que ficar na casa deles sabendo que não os conheço bem. Não costumo lidar bem quando tenho que conviver com pessoas que não estão presentes na minha rotina, e por mais que eu me esforce, eu não sou sociável e quando tento ser acabo falando algo que não devo. No ano passado eu tive uma pequena "socialização" com um parente russo distante por parte de mãe, ele disse que no repertório musical dos britânicos só existiam homens gays o que acabava afeminado a cultura inglesa. Disse a ele que até onde me lembrava a única música cultural que os russos tinham era o som dos disparos no domingo sangrento em São Petersburgo, e é assim que se acaba com um jantar em família.
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wolfstar; all about my grandmother
RomanceAAMG é uma reinvenção de uma história já existente desta autora. Sirius acaba de se mudar para Malibu onde era a antiga casa de sua avó que tanto amava. Ele percebe logo na primeira noite que tem alguém lhe observando na casa ao lado, mas sua avó er...