- Como foi? - Pat perguntou, desviando seu olhar das mensagens que trocava com Pran, para Pa que entrava pela porta do apartamento.
Pa deixou sua bolsa escorregar pelo ombro, até cair totalmente no chão. Foi até a cama de Pat e se sentou ao lado dele.
- Foi bom, ele é um cara legal, atencioso... - Pat sabia que viria um "mas" ai. Esse ja era o terceiro encontro que Pa ia em uma semana e todos eles acabavam em amizade.
- Mas?
- Não sei, sinto que falta algo, sabe?
No primeiro encontro que teve, com Mook, o garoto foi um cavalheiro, buscou e levou Pa em casa, elogiou o quão linda ela estava, pagou ambas as contas, comentou sobre vários assuntos que eles tinham em comum, foi um encontro muito agradável. Mas Pa achou melhor serem apenas amigos.
Seu segundo encontro, com Atom, foi divertido, ele tinha muitas perspectivas futuras, era muito bonito e um dos melhores alunos em sua faculdade. Apesar de várias qualidades, Pa não sentiu um pingo de atração sequer. O que a levou para o terceiro encontro, com Jimpat.
- Talvez... você esteja procurando na direção errada. Tente mudar um pouco sua visão, irmã. - Comentou, como se soubesse de algo que Pa não sabia.
- Você está me deixando confusa, Pat.
Pat ia falar algo, mas desistiu e deu de ombros, voltando a enviar mensagens para Pran.
Após a conversa com o irmão, Pa não marcou mais encontros e tentou entender o que Pat havia dito, porém ela ainda não fazia ideia do que ele tinha sugerido.
- Estou te dizendo, P'Ink! Pat é horrível em dar conselhos amorosos. - Pa falava e Ink ouvia atentamente. - Não sei como ele conseguiu um namorado.
Ink riu, brincando com o hashi que segurava.
Ela estava a par de todos os encontros mal sucedidos de Pa, afinal, era Ink a primeira pessoa a saber quando Pa marcava de se encontrar com alguém.
Mesmo a contra gosto com os encontros que Pa marcava, Ink desejava boa sorte e torcia para que as coisas corressem bem entre Pa e seu acompanhante.
- Quem diria que ele e Pran namorariam. A alguns anos atrás ele era louco por mim.
- E quem não seria? Tipo, olhe para você! - Pa comentou, elogiando.
Ink riu soprado, analisando bem Pa.
- Você seria louca por mim? - Ink perguntou, um tom de flerte misturado com brincadeira.
O sushi que Pa estava levando à boca ficou suspenso no ar, parado.
Por mais que Ink tenha falado brincando, Pa levou a pergunta bem a sério. Nenhuma delas falou mais nada, apenas comeram em silêncio.
Os dias que se seguiram foram sendo uma descoberta de sentimentos por parte de Pa.
Não importava se ela estava estudando, trabalhando ou apenas relaxando, quando ela menos esperava sua mente a levava até Ink.
O que Ink estava fazendo agora?
Ela já almoçou?
Quando não eram perguntas sobre o dia de Ink, Pa relembrava o dia em que sua confusão sentimental começou por causa de uma pequena frase dita por Ink.
Você seria louca por mim?
Pa estava começando a pensar que a resposta era sim.
Isso a assustava um pouco, afinal amigos não deveriam a fazer se sentir quente com um elogio, muito menos influenciar seus batimentos cardíacos com uma aproximação física.
E com certeza, ela não devia sentir vontade de beijar uma amiga.
Mas ela sentia, o que poderia significar uma coisa.
- Pat?
- Sim?
- Acho que entendi o que você quis dizer.
Mais algum tempo passou após a ultima saída de Ink e Pa.
- Onde você vai? - Pat perguntou assim que Pa embarcou no carro. A garota estava bem arrumada e com uma maquiagem leve no rosto. - Outro encontro?
- Não, vou assistir a um filme com P'Ink na casa dela.
Fazia duas semanas desde a última conversa de Ink e Pa, agora ja era quase final do semestre o que significava que elas não conseguiriam se ver com frequência, devido a quantidade de provas e trabalhos chegando.
Então concordaram em se ver duas vezes no mês fora da faculdade.
Pat esboçou um sorriso contente e deu partida no carro, fazendo o percurso para a casa de Ink.
- Vou para a casa de Pran, estaremos bem ocupados, então se você não for dormir aqui chame um uber. - Avisou.
Pa concordou com um "uhum". Se tudo corresse bem, ela não precisaria chamar um uber.
- Tem certeza que você quer assistir a um filme de terror? - Ink perguntou, com estranheza na voz. - Você odeia qualquer coisa de terror.
- Sim, tenho certeza.
Ink não tentou argumentar, ela amava assistir filmes de terror, ainda mais se sua companhia fosse Pa.
Pa se ajeitou no sofá, aguardando Ink para que pudessem se cobrir com uma coberta no frio que fazia.
Assim que apertou o play e se sentou ao lado de Pa, a coberta foi jogada sobre si.
Ink agradeceu e as duas focaram a atenção na tv, onde passava Nosferatu.
Com apenas alguns minutos de filme, Ink sentiu Pa se aconchegado nela, descansando sua cabeça no ombro dela.
- Pa, se você está com medo podemos ver outra coisa. - Ink comentou na metade do filme, percebendo que Pa, na grande parte do tempo, fechava o olho na maior parte das cenas e se segurava com força no braço de Ink.
Tentando passar algum conforto, Ink levou sua mão até a de Pa e a entrelaçou.
- Pa, sua mão está suada.
- É que estou nervosa.
- Por causa do filme? Não pr-
- Por sua causa.
Pa manteve sua atenção na tv, mas ela sentia o olhar curioso de Ink.
- O que você disse aquele dia no restaurante...não consegui parar de pensar naquilo um único dia, Ink. Estar assim próxima de você me deixa ansiosa e com o coração palpitando. Eu só sugeri vermos um filme de terror para tentar desviar meu real medo de algo que estou tentando tomar coragem para fazer.
- E o que você está precisando de coragem para fazer?
Pa afastou o rosto do ombro de Ink, mantendo uma distância curta entre elas.
Pa desceu seu olhar para a boca de Ink. Pa queria saber o gosto daqueles lábios.
- Posso te beijar?
Ink não respondeu, sua boca incapaz de emitir qualquer som e seu cérebro correndo a mil por hora.
O rosto de Pa ficava cada vez mais próximo do dela.
Com a distância quase inexistente, Ink podia sentir o perfume doce que exalava de Pa, assim como a respiração quente e lenta que a estava deixando extasiada.
Ink não se moveu mas não afastou a garota, Pa enviou uma última olhada para os olhos de Ink, constando que estava tudo bem e que ela tinha permissão.
Finalmente unindo suas bocas em um tocar tímido.
Ink logo a correspondeu, abrindo um pouco a boca para transformar o selinho em um beijo de verdade.
E com aquele beijo, Pa percebeu o motivo de seus encontros passados nunca terem evoluído para algo além da amizade.
E o motivo era simples. Nenhum deles era com Ink.
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Nenhum deles era você - InkPa
FanfictionCom aquele beijo, Pa percebeu o motivo de seus encontros passados nunca terem evoluído para algo além da amizade. E o motivo era bem simples. Nenhum deles era com Ink.