A piscina do Amor

Rachaduras invisíveis

O amor é uma piscina. Algumas são rasas, enquanto outras transbordam. No entanto, é difícil compreender como um amor que transborda pode chegar ao fim. Uma pequena rachadura pode ser suficiente, mas não qualquer rachadura; é preciso uma que machuque profundamente, permitindo que todo o amor escape por ela. Aquilo que antes era um amor esplêndido, capaz de despertar inveja, hoje se transforma em meras lembranças.

As piscinas transbordantes de amor são as mais deslumbrantes. Elas representam a abundância de sentimentos, a intensidade de uma conexão que parece inesgotável. No auge, tudo é perfeito, cada momento é uma celebração de um amor que parece invencível. Contudo, a fragilidade desse amor transbordante reside na sua própria profundidade. Uma única rachadura, um único momento de dor intensa, pode ser suficiente para drenar todo aquele sentimento.

Essa rachadura, muitas vezes, não é visível a olho nu. Ela pode ser uma palavra não dita, um gesto mal interpretado, uma traição inesperada. O que era sólido começa a se desfazer, o que era profundo começa a esvaziar. A piscina do amor, antes cheia e vibrante, agora se esgota lentamente. E o que resta são as lembranças, testemunhas silenciosas do que um dia foi.

Essas lembranças, apesar de dolorosas, não são apenas tristes. Elas carregam consigo momentos de felicidade, risos compartilhados, sonhos construídos juntos. Porém, ao mesmo tempo, são um lembrete constante do fim. A nostalgia das boas lembranças é tingida pela tristeza da perda, uma dualidade que torna o processo de seguir em frente ainda mais desafiador.

No fim, o amor que transbordava se torna parte do passado. As rachaduras podem ser curadas, mas a piscina jamais será a mesma. E talvez, ao olhar para trás, percebamos que, mesmo com todas as dores e perdas, fomos abençoados por ter experimentado um amor tão profundo. E isso, por si só, é uma lembrança que vale a pena guardar.