Capítulo 1

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Diana

— Só mais um pouco — respiro fundo, tirando os fios de cabelos que grudam no meu rosto.

Quando fugi do bordel que minha tia trabalhava a dois dias atrás, esperava encontrar algum lugar no mínimo decente para passar a noite. Mas aparentemente eu esqueci que vivo em uma cidade pequena e esquecida.

Agora sem um lugar para dormir e fugindo pela minha vida só tenho a mim mesma para me culpar. Mas quando se tem 24 anos e da noite para o dia seu corpo ganha curvas, limpar aquele antro de prostituição e perversidade não era mais o suficiente para ter comida e um teto para dormir.

A madame Cida, também conhecida como minha tia, dona do bordel, queria que eu trabalhasse igual as suas prostitutas. E essa vida eu não queria para mim.

— Devia ter pego mais dinheiro — resmungo sozinha no meio de uma estrada sem fim.

Olho ao redor desolada, minha esperança se esvaindo com as horas. Minha roupa está suja, o vestido colocado às pressas é pequeno demais para o meu corpo. O decote mostrando os meus seios que parecem maiores do que fiz parecer quando trabalhava.

Segurando o lençol que transformei em bolsa e joguei meus poucos pertences e 100 reais que roubei da minha tia, sinto minha consciência pesar um pouco.

— Não sou uma ladra — digo em voz alta como se alguém fosse ouvir.

Trabalhei todo o mês e quando me neguei a virar mais uma prostituta, ela não me pagou pelo meu trabalho.

Então peguei o que ela me devia e fugi pela madrugada.

Só me resta ir o mais longe possível, quando Juan descobrir que não estou mais trabalhando lá, sei que ele vai procurar por mim. Ele é um velho asqueroso, um assediador imundo que tem me olhado mais do que devia há muito tempo, tentando me encurralar, mas sem sucesso.

Deixando as memórias ruins para trás, levanto a cabeça para o céu, sentindo as gotas de água no rosto, não sei que horas são mas se a escuridão é uma indicação devem ser 5hrs da tarde.

Vivendo em uma região fria o tempo todo, me acostumei a viver sempre tendo o vento gélido no rosto.

— Pensa, pensa — peso minhas opções ,ou seja, praticamente nada. Tudo o que posso fazer é seguir andando até ter a sorte de encontrar um estabelecimento.

Uma hora depois minhas esperanças retornam quando avisto ao longe um enorme portão de madeira, parece a entrada de uma fazenda. Acelero os meus passos e mesmo que a exaustão esteja me puxando não posso parar agora.

Me aproximando mais sinto um arrepio quanto mais chego perto, o casarão ainda que distante, não parece está no seu pior, mas imagino que já esteve em condições melhores.

Talvez eu esteja sendo burra, idiota, me aproximando do que no final só vai ser o pior para mim. Mas o que posso fazer? Não tem nada melhor para alguém como eu lá fora, só me resta os riscos.

Parada em frente ao portão de madeira que não parece tão seguro, vejo que está aberto. Entro sem bater palmas ou anunciar a minha chegada. Uma ideia se formando na minha cabeça.

Caminhando pela área e sempre olhando ao redor, procuro um celeiro, talvez eu só posso passar a noite aqui e pela madrugada posso ir embora. Ninguém vai saber que estive aqui, por mais estranho que seja o quão desprotegida está esse lugar.

Aparentemente o cansaço e a fadiga nublam os nossos sentidos.

Depois de andar mais trinta minutos, encontro o que estou procurando. O celeiro parece está em melhores condições, é grande o suficiente para ninguém notar a minha presença se eu me deitar no amontoado de palhas que tem na parte de trás.

— Obrigada, Senhor — agradeço, deitando na palha que não parece cheirar tão mal, melhor do que eu.

Usando a bolsa como travesseiro deixo o cansaço me dominar.

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⏰ Última atualização: Jul 07 ⏰

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