Jisung se considerava um fracasso.
Chan o mataria caso descobrisse que pensava assim de si. Teriam mais uma daquelas conversas motivacionais, em que o mais velho citaria a sua lista completa de conquistas ao longo de sua vida, incluindo tirar a carteira de motorista na primeira tentativa, e que ele não é um fracassado apenas por nunca ter namorado.
Lógico, um monte de fatores deveriam ser levados em conta. Havia passado uma parte considerável de sua vida morando em outro país, só se percebeu como gay pela primeira vez aos 18 anos e teve sua primeira vez bem depois, aos 21. Mesmo assim, Jisung não conseguia entender porque todos os caras com quem se envolvia o abandonavam em questão de meses, até mesmo semanas. Será que havia algo de errado com ele e nem ele próprio se dava conta?
- Pela última vez, Jisung, não há nada de errado com você. - Chan falou com seu tom de voz normal, como se ele não estivesse repetindo as mesmas palavras que oferecia para o mais novo nos intervalos do trabalho deles, desde o dia em que se conheceram. - Aliás, quem tem algo de errado é esse cara.
Jisung arqueou uma sobrancelha, se sentando no sofá de couro escuro do estúdio caseiro do outro rapaz.
- Como assim, hyung?
- Ele é um feio que age como se fosse lindo, Ji. Se acha o último Bis da caixa.
Jisung soltou arzinho pelo nariz. Foi a primeira vez que riu desde quinta-feira.
- Eu tô falando sério! Se ele levasse o trabalho de modelo a sério, ele estrelaria uma campanha para uma marca de camisinha. Nada mais anticoncepcional do que um cara feio pedindo para que você se proteja na cama.
Não tinha como não dar uma gargalhada alta depois do que Chan disse. O mais velho riu junto, aliviado por ver a cara triste indo embora aos poucos.
- Não fique triste por um bostinha desses. Você é uma pessoa tão boa e com um coração de ouro. Tenho certeza que o cupido vai te favorecer logo.
- Será que ele sabe da minha existência, hyung?
Chan sorriu, afetuoso.
- Tenho certeza que ele não vai se esquecer daquele que escreve canções tão lindas sobre amar e que, para mim, é a personificação do amor. Acho que se o cupido existisse de verdade, ele seria você.
Jisung balançou a cabeça em negação, revirando os olhos.
- Não diga besteiras, hyung.
- Só falo verduras, Hannie. - o trocadilho de tiozão feito por Chan quase fez Jisung sair correndo daquela sala verde, de vergonha. - Fala sério, você me apresentou ao amor da minha vida! Só poderia ser obra do cupido.
Isso era verdade. Chan sempre mencionava como era eternamente grato por Han ter apresentado ele a Felix no aniversário compartilhado dos dois no ano passado. Em menos de uma semana já haviam ido em dois encontros, e duas semanas depois firmaram compromisso sério. Jisung tinha certa inveja desse namoro de filme dos dois, mas estava feliz demais por ver seu melhor amigo de infância e seu colega de profissão encontrarem refúgio um no outro. Acabaram virando sua meta de relacionamento e ele mesmo brincava falando que o casal era a razão para suas expectativas serem tão altas.
- Vai dar certo, Hannie. Não se preocupe com o que não está no seu controle. O que é seu tá guardado. - Chan afagou os cabelos de seu dongsaeng e logo em seguida o rapper com quem eles trabalhariam tocou a campainha do apartamento.
Jisung mudou completamente seu semblante. Guardou tudo que envolvia sua vida amorosa fracassada numa pasta em seu cérebro e quem estava no comando agora era Han, produtor profissional e adulto. Choraria as pitangas na casa de seu melhor amigo mais tarde.
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Arco do Cupido || Minsung
RomanceJisung está quase desistindo do amor e resolve dar uma segunda chance ao cupido. ou O Deus do Amor, mais conhecido como Minho, deve flechar o coração de uma última pessoa para se redimir com o Olimpo.