Capítulo 10

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A jovem acordou em um quarto escuro, suas mãos e pés presos. Ela tentou gritar, mas a mordaça abafava seus sons. Sentia um terror crescente enquanto olhava ao redor, percebendo a gravidade de sua situação.

A enfermeira e seu companheiro observavam de uma sala adjacente, monitorando cada movimento da jovem pelas câmeras que haviam instalado. Eles se entreolharam, um brilho frio nos olhos. Sabiam terem a situação sob controle e que essa era apenas a primeira de muitas vítimas que viriam.

— Está apenas começando — disse ele, sorrindo.

— Sim — respondeu ela, com um olhar de satisfação. — Apenas começando.

Um pouco distante dali, completamente alheio ao que estava acontecendo, Camargo olhava para o painel onde as pistas que eles haviam encontrado até o momento lhe tiravam o sossego. O painel estava coberto de fotos, recortes de notícias e notas manuscritas, todas conectadas por linhas vermelhas, formando uma complexa teia de informações.

— Fazendo hora extra? — disse Renata, surgindo com duas latas de energético.

— Não consigo tirar esse caso da cabeça, o quanto esse cara é ardiloso e perspicaz — respondeu Camargo, pegando uma das latas e abrindo com um suspiro.

Renata se aproximou, observando o painel com atenção. Ela sabia que Camargo estava obcecado por esse caso, mas também compartilhava da mesma inquietação. Cada vez que pareciam estar perto de uma pista concreta, o criminoso escapava, deixando-os com mais perguntas do que respostas.

— Já conferiu aquela nova pista? — perguntou Renata, apontando para um recorte de jornal com uma notícia sobre um desaparecimento recente.

— Sim, mas não parece estar conectada diretamente ao nosso cara. Pelo menos, não ainda — respondeu Camargo, tomando um gole do energético.

Renata suspirou, cruzando os braços.

— Precisamos de uma nova abordagem. Ele é cuidadoso, nunca deixa rastros evidentes. Talvez devêssemos focar nas conexões indiretas, pessoas que podem tê-lo conhecido de alguma forma.

Camargo assentiu lentamente, considerando a sugestão.

— Pode ser. Talvez amigos, conhecidos, lugares que ele frequentava. Alguém deve saber de algo, mesmo que não percebam.

De repente, o telefone na mesa de Camargo tocou, interrompendo seus pensamentos. Ele atendeu rapidamente.

— Detetive Camargo.

Do outro lado da linha, uma voz nervosa falou:

— Detetive, soube que vocês estão investigando o caso do assassino em série. Acho que posso ter visto algo suspeito.

Camargo anotou rapidamente as informações, sentindo um novo fio de esperança. Desligou o telefone e olhou para Renata, com uma expressão determinada.

— Temos uma nova testemunha. Vamos lá, pode ser a pista de que precisamos.

Renata pegou seu casaco e saíram apressados da delegacia, ansiosos para seguir essa nova linha de investigação.

— Espero que desta vez seja uma pista real — disse Camargo, enquanto caminhavam rapidamente em direção ao carro.

— Quem quer que seja, não iria se dispor a nos chamar para testemunhar cara a cara se não fosse nada concreto e verdadeiro — disse Renata, com uma nota de otimismo na voz.

Entraram no carro e Camargo dirigiu apressado pelas ruas da cidade, focado em chegar o mais rápido possível ao local combinado com a testemunha. O endereço era um pequeno café num bairro tranquilo, longe do tumulto do centro.

Ao chegarem, avistaram uma jovem nervosa sentada em uma das mesas próximas à janela. Ela olhava ao redor, claramente ansiosa. Camargo e Renata se aproximaram com cuidado, mostrando seus distintivos discretamente.

— Você é quem ligou para nós? — perguntou Renata, sentando-se ao lado da jovem.

— Sim, sou eu. Meu nome é Juliana — respondeu a jovem, com a voz trêmula.

Camargo sentou-se em frente a ela, tentando parecer o mais calmo e acolhedor possível.

— Juliana, agradecemos por ter entrado em contato. Pode nos contar o que viu?

Juliana respirou fundo antes de começar a falar.

— Minha amiga, a Ana, desapareceu há alguns dias. Ela tinha um encontro marcado com um cara que conheceu em um aplicativo de namoro. Eu estava preocupada, então decidi ir com ela até o café onde eles se encontrariam, só para garantir que tudo estivesse bem.

Camargo e Renata trocaram um olhar rápido, sentindo que finalmente estavam no caminho certo.

— Continue, Juliana — incentivou Camargo.

— Quando cheguei lá, vi minha amiga conversando com um homem. Ele parecia simpático, mas havia algo nele que não me parecia certo. Quando eles saíram do café, eu os segui de longe. Eles entraram em um carro e eu consegui anotar a placa. Depois disso, não consegui mais contato com a Ana.

Renata inclinou-se para a frente, interessada.

— Você anotou a placa do carro?

— Sim — disse Juliana, puxando um pedaço de papel do bolso e entregando a Renata. — Aqui está.

Camargo pegou o papel e olhou para Renata, que estava já anotando a informação.

— Vamos checar isso imediatamente — disse ele, levantando-se. — Juliana, você fez um ótimo trabalho. Pode ter certeza de que vamos fazer o possível para encontrar sua amiga.

De volta ao carro, Renata digitou rapidamente a placa no sistema de busca da polícia, enquanto Camargo dirigia de volta à delegacia.

— Aqui está — disse Renata, olhando a tela do laptop. — O carro está registrado em nome de um homem chamado Paulo Moreira. Ele tem um histórico limpo, mas há algo estranho. Ele mudou recentemente de endereço várias vezes.

— Vamos descobrir onde ele está agora — disse Camargo, determinado.

Chegando à delegacia, a equipe começou a trabalhar intensamente para rastrear Paulo Moreira. Cada minuto contava, e eles sabiam que o tempo estava contra eles. Enquanto isso, em seu esconderijo, a enfermeira e seu companheiro continuavam com seus planos, sem saber que a polícia estava cada vez mais perto de descobrir sua identidade e acabar com seus crimes.

Momentos depois, um dos policiais entrou na delegacia acompanhado de um homem que sentou na cadeira diante da mesa de Camargo. O homem parecia nervoso, mas tentou manter a calma.

Camargo olhou para ele com um olhar penetrante.

— Então, me diga o que o seu carro estava fazendo em uma suposta cena de sequestro?


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