Capítulo 12

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Enquanto isso, no esconderijo, a enfermeira e seu companheiro finalizavam os preparativos para o próximo encontro. Ele verificou o perfil da próxima vítima no aplicativo de namoro e enviou uma mensagem confirmando o encontro para aquela noite.

— Tudo pronto? — perguntou ele, olhando para a enfermeira.

— Sim, o local está preparado. Vamos seguir o plano de sempre — respondeu ela, confiante.

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De volta à delegacia, Camargo e Renata receberam uma ligação urgente de uma das patrulhas.

— Detectamos um carro suspeito que corresponda à descrição de um dos veículos roubados. Está parado em uma rua deserta na área sul da cidade.

Camargo pegou seu casaco e fez sinal para Renata.

— Vamos, talvez seja a chance que estávamos esperando.

Chegando ao local, encontraram o carro suspeito estacionado. Mantendo uma distância segura, Camargo e Renata se aproximaram cautelosamente. No carro, encontraram equipamentos de vigilância e várias identidades.

— Isso é grande — disse Renata, examinando os itens. — Esses documentos podem nos levar direto a eles.

Camargo assentiu dizendo.

— Vamos levar tudo de volta à delegacia e analisar cada detalhe. Pode ser a chave para finalmente capturá-los.

Renata sorriu.

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O homem conversava com a vítima de uma maneira divertida, sua voz carregava um tom leve e suas piadas arrancavam risadas fáceis da jovem. Eles estavam em um bar, rodeados pelo burburinho de outras conversas e pela música ambiente que preenchia o espaço. O homem, de maneira aparentemente casual, verificava discretamente o relógio de pulso, sincronizando mentalmente o tempo necessário para a próxima fase do plano. A vítima, sem desconfiar de nada, se levantou sorrindo e disse precisar ir ao banheiro.

Enquanto ela se afastava, o homem observou atentamente seus passos, garantindo que ela realmente estava indo para o banheiro e que ninguém mais estava prestando atenção neles. Aproveitando-se da distração geral do ambiente, ele rapidamente retirou um pequeno pacote do bolso interno de sua jaqueta. Com movimentos precisos, ele despejou um pó branco na bebida da jovem, mexendo-a discretamente com o canudo para garantir que o pó se dissolvesse completamente.

Ele voltou à sua postura relaxada, como se nada tivesse acontecido, mantendo a conversa com a parceira, que estava sentada ao seu lado.

O tempo parecia se arrastar enquanto ele esperava o retorno da jovem. Finalmente, ela voltou do banheiro, sem suspeitar de nada, pegou seu copo e, sem hesitação, tomou um longo gole. O efeito foi quase imediato; em questão de minutos, seus olhos começaram a perder o foco e sua cabeça começou a pender. O homem a segurou delicadamente, fazendo parecer que ela apenas tinha bebido um pouco demais.

Era a hora de colocar a etapa final do plano em prática. Com um olhar rápido para sua parceira, eles se levantaram, apoiando a jovem desorientada entre eles. Saíram do bar com passos firmes, fingindo estarem apenas ajudando uma amiga a chegar em casa. Uma vez fora da vista de todos, eles se moveram com mais rapidez e precisão. A parceira do homem abriu o porta-malas do carro, estrategicamente estacionado em uma área menos movimentada do estacionamento.

Trabalhando em perfeita coordenação, eles colocaram a vítima no porta-malas do carro, garantindo que ela estivesse confortável, mas segura, para evitar que ela acordasse ou chamasse atenção durante o transporte. Fecharam o porta-malas com um clique suave e se entreolharam, um sorriso de satisfação mútua se formando em seus rostos. Mais um plano concluído com sucesso, mais uma vítima capturada sem levantar suspeitas.

Com um último olhar ao redor para garantir que ninguém os havia visto, eles entraram no carro e partiram, triunfantes e já planejando os próximos passos de seu esquema cuidadosamente arquitetado.

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De volta à delegacia, a equipe se reuniu na pequena sala de investigações, onde o ar estava carregado de frustração e cansaço. As paredes eram revestidas com quadros de avisos repletos de fotos, notas e diagramas conectados por fios coloridos, cada um representando uma pista ou ligação no caso que vinham perseguindo há meses.

Os agentes haviam passado a última semana analisando minuciosamente a documentação encontrada em uma operação recente. Esperavam que aqueles papéis trouxessem a pista decisiva para desmantelar uma quadrilha de falsários que operava na região, mas a descoberta foi uma desilusão. Ao término da análise, perceberam que toda aquela documentação não passava de arquivos internos da própria quadrilha, que já havia sido parcialmente desmantelada em operações anteriores.

A sala estava em um silêncio tenso quando o agente Camargo, visivelmente exasperado, deu um soco na mesa, fazendo com que alguns papéis voassem. Seu rosto estava vermelho de raiva, e seus olhos brilhavam com uma mistura de desespero e frustração.

— Quando é que vamos parar de correr atrás do nosso próprio rabo! — esbravejou Camargo, sua voz ecoando pelo espaço apertado. — A cada passo que damos, parece que voltamos dois!

Renata, estava sentada no canto da sala, observando a cena em silêncio. Seus olhos estavam fixos em um ponto distante, como se estivesse perdida em pensamentos profundos. Ela era conhecida por sua calma e capacidade de pensar fora da caixa, especialmente em momentos de crise.

Ela sabia que a frustração de Camargo era compartilhada por todos ali. Meses de trabalho árduo, noites sem dormir e a pressão constante para resolver o caso estavam cobrando seu preço. No entanto, ela também sabia que a raiva e o desespero não os levariam a lugar algum. Precisavam de uma nova abordagem, de uma nova perspectiva.

Renata olhou para os quadros de avisos, seus olhos seguindo os fios coloridos que conectavam as diversas pistas. Ela se perguntou se talvez estivessem perdendo algo óbvio, algo que estava bem diante de seus olhos, mas que não conseguiam ver por estarem tão imersos nos detalhes.

— Camargo — disse ela, sua voz baixa e controlada, cortando o silêncio que se seguiu ao desabafo do colega. — Precisamos de um novo plano. Vamos rever tudo do início, com olhos novos. Pode ser que algo tenha passado despercebido.

Camargo respirou fundo, tentando controlar a raiva. Ele sabia que Renata estava certa. Precisavam de uma nova estratégia, uma maneira de abordar o caso que ainda não haviam tentado. Aos poucos, os outros membros da equipe começaram a se animar com a ideia, cada um trazendo uma nova perspectiva para a discussão.

E assim, em meio à frustração e ao cansaço, a equipe começou a traçar um novo caminho, determinada a colocar finalmente as mãos nos assassinos que tiravam a sua paz.

— Vamos começar pelo local do primeiro crime — sugeriu Marcos, o perito criminal. — Analisamos tudo o que encontramos lá, mas talvez tenhamos deixado escapar alguma pista por conta da pressão inicial.

Renata concordou, pegando um quadro branco e marcando "Local do Primeiro Crime" no topo. Ela desenhou um mapa do local, detalhando a disposição dos corpos e os principais pontos de interesse.

— Precisamos também reavaliar os depoimentos das testemunhas — acrescentou Júlia, a investigadora. — Na época, algumas declarações pareciam contraditórias, mas pode ser que agora façam sentido, com as novas informações que temos.

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