Capítulo 15

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— Não podemos nos deixar intimidar. Ele é esperto, mas ninguém é infalível. Temos que continuar cavando.

Além da pressão do público e da mídia, Camargo enfrentava a pressão interna. Seus superiores exigiam resultados, e ele sentia o peso das expectativas. Mas Camargo era determinado. Ele havia prometido a si que não descansaria até capturar o responsável por tanto sofrimento.

— Camargo, o chefe quer uma atualização — disse um policial entrando apressado na sala. — Ele está cada vez mais impaciente.

— Eu sei, eu sei — respondeu Camargo, passando a mão pelo rosto cansado. — Diga a ele que estamos perto de um avanço. Não quero prometer nada ainda, mas estamos chegando lá.

Enquanto isso, a cidade vivia em estado de alerta. As pessoas evitavam sair à noite, e pais mantinham um olhar vigilante sobre seus filhos. Boatos e teorias conspiratórias se espalhavam pelas redes sociais, aumentando ainda mais o clima de medo e desconfiança.

— Camargo, olha isso — disse Renata, mostrando seu celular. — As redes sociais estão fervendo com teorias sobre os sequestros. Isso só está dificultando nosso trabalho.

— Precisamos de um comunicado oficial — disse Camargo. — Algo que acalme as pessoas, mas sem revelar muito. Não queremos dar vantagem ao nosso alvo.

Num momento de reflexão, sentado em seu escritório rodeado de arquivos e fotografias das vítimas, Camargo se perguntava o que motivava o sequestrador. Havia algo pessoal? Uma vingança? Ou era simplesmente a mente de um psicopata que encontrava prazer em causar dor e medo?

Ele pegou uma das fotografias e a estudou. Era de uma jovem de sorriso tímido, tirada num parque.

— Quem é você? — murmurou Camargo, como se pudesse obter uma resposta.

O telefone tocou, interrompendo seus pensamentos. Era o chefe de polícia, Silva.

— Camargo, temos outra pista. Uma testemunha diz ter visto um homem suspeito perto do último local de sequestro. Preciso de você e Renata lá imediatamente.

— Estamos a caminho — respondeu Camargo, levantando-se apressadamente.

Ao sair do escritório, encontrou Renata na sala ao lado, finalizando o comunicado.

— Temos uma nova pista. Vamos.

Eles dirigiram-se rapidamente para o local indicado. A cidade parecia ainda mais tensa, com ruas quase desertas e um silêncio inquietante. Ao chegarem, foram recebidos por Silva e a testemunha, um homem de meia-idade, visivelmente, nervoso.

— Ele estava ali, naquele beco — disse a testemunha, apontando com a mão trêmula. — Parecia estar esperando alguém.

— Pode descrever como ele era? — perguntou Renata, anotando detalhes.

— Alto, magro, usava um casaco escuro. Não consegui ver seu rosto direito, estava de boné.

Camargo olhou para o beco, imaginando o homem que eles perseguiam.

— Precisamos de mais do que isso — disse ele, frustrado, mas agradecendo à testemunha. — Vamos procurar câmeras de segurança na área.

Renata concordou, já ligando para a equipe técnica.

— Não podemos errar. Cada detalhe pode ser crucial — disse ela.

Camargo assentiu, sentindo o peso da responsabilidade. Eles precisavam encontrar o sequestrador antes que ele fizesse outra vítima.

Enquanto a equipe técnica se movia rapidamente para obter as gravações das câmeras de segurança, Camargo e Renata começaram a vasculhar a área em busca de pistas adicionais. O beco era estreito, com paredes grafitadas e várias lixeiras alinhadas contra as paredes.

— Isso é estranho — murmurou Renata, examinando o chão. — Há marcas aqui, como se alguém tivesse arrastado algo pesado.

Camargo se abaixou para olhar mais de perto. As marcas eram recentes, talvez de um par de horas.

— Precisamos descobrir para onde isso leva — disse ele, seguindo as marcas.

Eles seguiram as marcas até uma porta de metal no final do beco. A porta estava ligeiramente entreaberta, o que aumentou ainda mais a tensão.

— Vou entrar primeiro — disse Camargo, sinalizando para Renata ficar atrás dele.

Eles entraram com cuidado, as luzes de suas lanternas cortaram a escuridão do interior. O lugar parecia um antigo depósito, com caixas empilhadas e objetos variados espalhados pelo chão.

— Cuidado onde pisa — alertou Camargo.

Renata assentiu, movendo-se cautelosamente. Eles chegaram a uma sala maior, onde havia uma mesa com vários papéis e mapas. Camargo se aproximou e começou a examinar os documentos.

— Olha isso — disse ele, mostrando um mapa da cidade com várias marcações. — Esses pontos... parecem locais de sequestros anteriores.

— Então ele está planejando os ataques — concluiu Renata, observando os detalhes. — Isso nos dá uma vantagem. Se soubermos onde ele pode atacar a seguir, podemos antecipar seus movimentos.

Nesse momento, o rádio de Camargo crepitou.

— Camargo, aqui é Silva. Conseguimos as gravações. Temos imagens do suspeito saindo do beco e entrando em um carro. Enviando as imagens para você agora.

Camargo pegou seu celular e recebeu as imagens. O homem era alto e magro, como a testemunha havia descrito.

— Vamos voltar para a delegacia e tentar identificá-lo — sugeriuRenata.

Camargo assentiu, determinado. Ele sabia que essa era a melhor chance de pegar o sequestrador e acabar com o terror na cidade. Com todos os detalhes alinhados, eles partiram, prontos para enfrentar o perigo e trazer paz de volta à cidade.

Mesmo com tudo a seu favor, Camargo não conseguiu nada mais do que imagens de um desconhecido entrando em um carro. As filmagens estavam borradas e a qualidade era péssima. O suspeito mantinha o rosto escondido sob um boné e óculos escuros, impossibilitando qualquer identificação facial.

— Não acredito que o desgraçado soube desviar das câmeras! — exclamou Camargo, sua frustração evidente na voz enquanto socava a mesa com força.

Renata, que estava sentada ao lado, observava as imagens com uma expressão de desânimo. Ela suspirou e balançou a cabeça em desaprovação.

— Ele está brincando conosco. — Disse Renata, cruzando os braços. — Parece que ele sabe exatamente onde estão todas as câmeras e como evitá-las.

Camargo passou a mão pelos cabelos, tentando manter a calma. Ele sabia que perder o controle não ajudaria em nada.

— Mas uma hora ele vai errar — disse Camargo, tentando se convencer enquanto sua irritação transparecia em cada palavra. — Eles sempre acabam errando, essa segurança dele de não ser pego faz com que ele acabe errando.

Renata concordou com um aceno de cabeça. Ela sabia que Camargo estava certo, mas a paciência era uma virtude difícil de manter em situações como aquela.

— Precisamos mudar nossa abordagem — sugeriu Renata. — Se ele está evitando as câmeras, talvez seja hora de usar outros métodos. Podemos tentar rastrear seus movimentos de outra forma, como analisando padrões de comportamento ou buscando testemunhas que possam ter visto algo suspeito.

Camargo refletiu sobre a sugestão de Renata. Era uma boa ideia, mas ele sabia que não seria fácil. O suspeito parecia estar sempre um passo à frente, e qualquer movimento errado poderia significar a perda definitiva da pista.

— Vou falar com a equipe de vigilância — disse Camargo, finalmente. — Precisamos revisar todas as gravações novamente e ver se há algo que tenhamos perdido. Além disso, vou pedir para reforçarem a segurança na área. Se ele tentar fazer outro movimento, estaremos prontos para interceptá-lo.

Renata assentiu e começou a fazer anotações no seu bloco de notas. Eles não podiam se dar ao luxo de cometer mais erros. Cada detalhe, por menor que fosse, poderia ser a chave para capturar o suspeito.

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