Camargo olhou novamente para a tela, para as imagens borradas do desconhecido. Ele sabia que essa seria uma longa jornada, mas estava determinado a não desistir. O jogo de gato e rato continuava, e ele estava mais do que disposto a jogar até o fim.
Eles passaram horas analisando os vídeos, buscando qualquer anomalia que pudesse ter passado despercebida. Renata revisou os relatórios anteriores, procurando por padrões ou conexões que poderiam ter sido ignorados. Enquanto isso, Camargo contatava informantes, tentando obter qualquer informação adicional sobre o suspeito.
O tempo parecia se arrastar enquanto trabalhavam incansavelmente. A sala de vigilância estava silenciosa, exceto pelo som ocasional dos teclados e o murmúrio baixo das conversas entre os agentes. A tensão era palpável, mas também havia um fio de esperança. Eles sabiam estarem se aproximando, mesmo que fosse a passos lentos.
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O casal, agora mais confiante do que nunca, deitou-se na cama, planejando meticulosamente os próximos passos. A adrenalina ainda corria em suas veias, mas sabiam precisarem descansar para o dia seguinte.
O sol começou a nascer, banhando a cidade em uma luz dourada. No hospital, a enfermeira estava pronta para o seu turno, com o frasco escondido em seu bolso. Na delegacia, Camargo e Silva chegaram, determinados a desvendar o mistério. Mas enquanto todos estavam imersos em suas rotinas diárias, o jogo de manipulação e engano do casal continuava, suas sombras se movendo silenciosamente nos bastidores.
O destino de todos estava selado em um perigoso jogo de gato e rato, e enquanto o tempo passava, a tensão aumentava. Os policiais estavam mais perto da verdade do que nunca, mas ainda havia muitos passos a serem dados, muitas peças do quebra-cabeça a serem encaixadas.
E assim, o dia começou, com cada movimento calculado e cada ação planejada, o casal caminhava mais um passo em direção ao seu objetivo final, deixando um rastro de enganos e manipulações pelo caminho.
A enfermeira terminava de organizar as coisas dela para mais um turno de trabalho quando o seu amado companheiro falou.
— Hoje, irei focar em encontrar novas vítimas e um possível novo lugar.
. Ele era um caçador de sombras, um ser destinado a vagar pelas noites em busca de presas. Seu amor por ele era tão intenso quanto seu medo por sua segurança.
Enquanto ele se preparava para sair, ela voltou seu olhar para o uniforme branco que usaria durante seu turno no hospital. O tecido imaculado parecia esconder a escuridão que habitava em seu coração, uma dissimulação perfeita. Chegando para iniciar o seu turno, foi abordada por diversos colegas, todos com um brilho nos olhos, ansiosos pela promessa da torta de carne deliciosa que o marido dela fazia.
— É, ele faz com um ingrediente especial. — disse ela, com um sorriso irônico nos lábios, que não chegava aos olhos, guardando um segredo que apenas ela e seu esposo partilhavam.
As enfermeiras e os médicos, encantados com a iguaria, começaram a fazer encomendas das tortas de carne, sem saber que o sabor que tanto os atraía era fruto de um segredo macabro. Ela anotou os pedidos, a caneta deslizando pelo papel com uma precisão meticulosa, cada nome e quantidade anotados com uma caligrafia quase artística.
Mais tarde, em seu intervalo, ela retirou o celular do bolso e mandou uma mensagem para o amado, falando sobre as encomendas. Seus dedos moviam-se com agilidade, cada toque na tela preenchido com a antecipação do retorno. Poucos minutos depois, ele respondeu com um áudio. A voz dele, embriagada pelo êxtase, ecoou pelo pequeno refeitório vazio onde ela estava.
— Incrível, meu amor! Mais pedidos! Você sabe que, para manter a qualidade, precisamos de ingredientes frescos... Vou providenciar mais esta noite. — Ele riu, uma risada baixa e sinistra, que enviou um calafrio pela espinha dela, um calafrio que ela acolheu com uma satisfação perturbadora.
Ela desligou o áudio e guardou o celular, o sorriso ainda presente nos lábios. Sabia que à noite, enquanto a cidade dormia, eles iriam novamente caçar, em busca do ingrediente especial que tornava a torta de carne tão irresistível. O pensamento a enchia de uma sensação de poder e controle, como se fossem deuses, decidindo o destino daqueles que desapareciam sem deixar rastro.
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Camargo tomava uma cerveja em um bar sem tirar os olhos da tela do notebook, analisando as informações do caso quando uma mão apareceu fechando a tela.
— Desliga um pouco. — Disse Renata.
— Enquanto eu desligo, ele pode estar matando por aí.
— Enquanto você está lendo, ele está matando, a vida dele é isso.
Camargo sacudiu a cabeça contrariado. Ele sabia que Renata tinha razão, mas não conseguia se afastar do trabalho, especialmente com a pressão crescente do caso. O bar estava relativamente vazio, a música de fundo era suave e o som dos copos sendo lavados ao longe proporcionava um ritmo quase hipnótico. Renata sentou-se ao lado dele, sua expressão preocupada suavizada pela luz suave do ambiente.
— Você precisa de uma pausa, Camargo. — Renata insistiu, sua voz mais suave agora. — Você não vai resolver tudo em uma noite.
Camargo soltou um suspiro pesado e passou a mão pelo rosto, sentindo a exaustão pesar em seus ombros. Ele olhou para Renata, seus olhos encontrando os dela. Ela sempre foi uma fonte de apoio, e ele sabia que ela estava ali por ele, não apenas como colega de trabalho, mas como amiga.
— Eu sei, Renata. Mas não posso deixar de pensar nas vítimas. Cada minuto que eu perco aqui pode significar mais uma vida perdida.
Renata assentiu, compreendendo a carga emocional que ele carregava. Ela também sentia a pressão, mas sabia que era crucial manter a mente clara e o corpo descansado para pensar com clareza e agir com eficiência.
— Vamos fazer um acordo, então. — Disse ela, um leve sorriso brincando em seus lábios. — Desliga o notebook por meia hora, aproveite essa cerveja, converse comigo. Depois disso, voltamos ao trabalho com a cabeça mais fresca.
Camargo hesitou por um momento, mas finalmente cedeu. Fechou o notebook com um clique definitivo e o empurrou para o lado. Ele levantou a cerveja, brindando a Renata.
— A você, Renata, e à sua insistência.
Renata riu e levantou seu copo também, brindando de volta.
— A nós, e à solução desse caso.
Enquanto conversavam, Camargo sentiu uma parte da tensão se dissipar. Falar sobre coisas triviais e rir um pouco com Renata o fez lembrar que ainda havia humanidade no mundo, algo que ele estava começando a esquecer no meio de tantos horrores. Por um instante, ele permitiu-se acreditar que, com o apoio dos amigos e uma mente descansada, poderiam finalmente capturar o responsável por tanta dor.
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Enquanto a sua parceira se afundava na rotina monótona e meticulosa do trabalho, ele caminhava pelas ruas estreitas e mal iluminadas da cidade, a capa preta balançando ao ritmo dos seus passos calculados. O assassino estava a caminho de um bar decadente, conhecido por atrair almas perdidas e desesperadas — um lugar perfeito para escolher sua próxima vítima.
O bar, um antro de depravação e desespero, estava envolto em uma névoa de fumaça e cheiro de álcool barato. As paredes eram escuras, com manchas de umidade e decadência. As lâmpadas de neon piscavam intermitentemente, lançando uma luz vacilante que criava sombras grotescas nos rostos dos frequentadores.
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Sombras de Serra Verde
Mystère / ThrillerBaseado em fatos reais, "Sombras de Serra Verde" mergulha nas profundezas obscuras dos crimes cometidos pelo casal Dante e Isabel. No coração do interior Paranaense, em uma cidade aparentemente tranquila, uma série de desaparecimentos misteriosos re...