Capítulo 17

3 0 0
                                    

Ele adentrou o local, seus olhos observando cada movimento com uma frieza calculada. Escolheu um canto escuro e se acomodou, sua presença mal notada por aqueles ao redor, que estavam perdidos em seus próprios mundos de miséria e intoxicação. Ele esperava, como um predador à espreita, que a próxima presa caísse em sua rede.

No entanto, ele não contava com a presença dos policiais. Dois deles estavam sentados no bar. A tensão cresceu em seus músculos, mas seu rosto permaneceu inexpressivo. Ele sabia que, para seguir com seu plano, teria que ser ainda mais cuidadoso, cada movimento agora exigindo precisão e astúcia.

Ele pediu uma bebida, o copo frio na sua mão lembrando-o do sangue que em breve estaria derramado. Seus olhos não deixavam de vigiar os policiais, cada gesto, cada olhar, memorizando cada detalhe. Ele sabia que um erro poderia ser fatal, mas isso apenas aumentava a excitação dentro de si.

Enquanto esperava, a atmosfera sombria do bar parecia sussurrar segredos de tragédias passadas, ecoando as histórias de desespero que ali se desenrolaram. E no meio desse cenário decadente, ele se preparava para orquestrar mais uma, sem deixar vestígios, com a precisão de um maestro do caos.

Ele sabia que precisava ser rápido e silencioso, como uma sombra que passa despercebida na escuridão. O tempo parecia se arrastar, cada segundo um teste à sua paciência. Mas ele estava acostumado a esperar — a paciência era uma de suas armas mais afiadas.

Finalmente, ele avistou sua próxima vítima, uma mulher solitária, de aparência frágil, cujo olhar vazio refletia a mesma dor e desespero que ele procurava. Seu coração acelerou, mas ele manteve a calma exterior. O jogo estava apenas começando, e ele estava determinado a ganhar, independentemente dos obstáculos.

Com uma última olhada para os policiais, ele esboçou um plano na mente. A noite ainda estava jovem, e a escuridão oferecia muitas oportunidades para um mestre da morte como ele.

╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳

Camargo sequer imaginava que, enquanto ele estava ali aliviando a tensão, tomando uma cerveja com sua parceira, o assassino estava a poucos metros, esperando mais uma vítima.

— Só faltou aquela torta deliciosa para acompanhar essa cerveja. — Disse Camargo, tomando um gole.

Sorrindo, Renata concordou e eles começaram a falar dos primeiros casos de Camargo como Detetive.

╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳╳

Em uma mesa distante poucos metros dos policiais, o assassino os observava, absortos em suas conversas. Seus olhos calculistas não perdiam nenhum movimento, estudando cada detalhe de suas possíveis vítimas. Camargo e sua parceira, alheios à presença sinistra, riam despreocupadamente, imersos em sua conversa.

De repente, uma jovem apareceu, aproximando-se da mesa do assassino.

— Leonardo? — perguntou ela, colocando a mão nas costas da cadeira em frente ao assassino.

Ele ergueu o olhar e sorriu, um sorriso que não alcançava os olhos frios e predatórios.

— Sim. — respondeu ele, com uma voz suave e controlada.

Levantou-se e, num gesto cavalheiresco, afastou a cadeira para que a jovem se sentasse. Ele sempre dizia a si: "Não é porque irei matá-las que não serei educado."

A jovem, sem perceber a ameaça disfarçada de cortesia, agradeceu e sentou-se. O assassino, agora sobre a alcunha de Leonardo voltou a se sentar, ainda de olho nos policiais, mas agora também focado em sua nova companhia. Ele sabia que a noite seria longa e cheia de oportunidades.

— Você deve ser a Ana, certo? — perguntou ele, inclinando-se ligeiramente para frente, um gesto que simulava interesse genuíno.

Ela assentiu, um sorriso tímido nos lábios.

— Sim, sou eu. É um prazer finalmente conhecê-lo. — respondeu ela, sem saber que estava diante de um predador.

Ele fingiu escutar com atenção, participando da conversa com perguntas educadas e comentários pertinentes. Ele tinha uma habilidade nata para fazer suas vítimas se sentirem à vontade, criando uma falsa sensação de segurança antes de atacar.

Enquanto isso, a poucos metros de distância, Camargo e sua parceira continuavam alheios ao perigo iminente.

O tempo parecia se arrastar enquanto ele observava cada movimento de Ana. Ele era um mestre na arte da paciência, e sabia que a chave para o sucesso estava em esperar pelo momento perfeito. Com uma voz suave e gestos calculados, ele fez com que Ana se sentisse cada vez mais à vontade.

— Então, Ana, o que te trouxe a este lugar hoje? — perguntou ele, seu tom casual e despretensioso.

— Ah, apenas queria relaxar um pouco depois de um dia difícil no trabalho. — respondeu ela, soltando um suspiro que revelava o cansaço.

O assassino sorriu, fingindo empatia. Ele sabia que pessoas vulneráveis eram as mais fáceis de manipular. Enquanto Ana falava sobre seu dia, ele aproveitava para analisar seu comportamento, procurando por qualquer sinal de hesitação ou desconfiança.

Ao mesmo tempo, Camargo e Renata continuavam a conversar animadamente no bar. Camargo estava contando uma de suas histórias mais memoráveis, e Renata ouvia atentamente, rindo ocasionalmente das anedotas.

— E então, quando pensamos que o caso estava resolvido, descobrimos que o culpado era o jardineiro! — exclamou Camargo, gesticulando animadamente.

Renata riu, sacudindo a cabeça em descrença.

— Você tem uma vida cheia de surpresas, Camargo. — disse ela, tomando um gole de sua cerveja.

Enquanto isso, Leonardo não perdia um detalhe da interação dos policiais. Ele sabia que qualquer distração poderia ser fatal, então continuava atento, seus sentidos em alerta máximo. Ele mantinha uma conversa leve com Ana, mas sua mente trabalhava incessantemente, planejando cada movimento.

— E você, Leonardo? O que faz da vida? — perguntou Ana, curiosa.

— Ah, nada muito interessante. Trabalho com investimentos. — mentiu ele, com uma facilidade assustadora.

Ana sorriu, parecendo impressionada.

— Deve ser um trabalho bem exigente. — comentou ela.

Leonardo assentiu, aproveitando a oportunidade para desviar a conversa de si.

— Sim, mas o que realmente me interessa é conhecer pessoas interessantes como você. — disse ele, inclinando-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos nos dela.

Ana corou levemente, sem perceber o perigo que a cercava. Ela estava encantada pela atenção que recebia, sem imaginar que estava diante de um predador.


Sombras de Serra VerdeOnde histórias criam vida. Descubra agora