Quando a polícia chegou à residência onde Dante ficava com sua parceira, o que encontraram foi além do que qualquer um poderia imaginar. Os restos humanos estavam espalhados pela casa, cada cômodo revelando uma cena mais macabra que a outra. Recipientes com carne humana preservada em solução salina ocupavam prateleiras, enquanto várias partes de corpos eram armazenadas meticulosamente no freezer, como se fossem troféus de um ritual grotesco.
Camargo, ao entrar na cena do crime, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A evidência diante dele era perturbadora demais para ser compreendida de imediato. Ele sabia que havia visto muito ao longo de sua carreira, mas aquilo ultrapassava todos os limites do horror humano.
Silva, ao seu lado, pôs a mão sobre a boca, visivelmente abalado. Ele olhou para Camargo em busca de orientação, mas as palavras pareciam ter fugido dele. A equipe de forenses trabalhava rapidamente, tentando documentar cada detalhe antes que a realidade da situação os engolisse completamente.
— Meu Deus... — murmurou um dos técnicos forenses, seu rosto pálido enquanto tirava fotos das evidências.
Camargo respirou fundo, forçando-se a manter a compostura. Ele sabia que precisava liderar sua equipe através daquele pesadelo. A cada peça de evidência coletada, uma imagem mais clara do que havia ocorrido naquela casa macabra começava a se formar.
A investigação se desdobrava em múltiplas direções. Cada item encontrado na casa do casal se transformava em uma peça do quebra-cabeça, revelando não apenas a extensão dos crimes cometidos, mas também as motivações por trás deles. A conexão com as fotos encontradas no celular perdido agora parecia mais clara do que nunca.
Enquanto as autoridades trabalhavam incansavelmente para juntar as evidências, a cidade assistia horrorizada. A ideia de que algo tão hediondo pudesse acontecer bem debaixo de seus narizes era difícil de aceitar. Mas a verdade era inegável, e o impacto se espalhava como uma sombra sobre a comunidade.
Camargo sabia que o trabalho estava longe de terminar. A captura do casal era apenas o começo de uma longa jornada rumo à justiça. Cada passo dado significava um passo mais próximo de trazer paz às famílias das vítimas e fechar um capítulo sombrio na história da cidade.
— Camargo. — Disse um dos subordinados, tentando disfarçar o horror na voz.
Camargo se aproximou e viu que na mão do subordinado havia uma foto que exibia uma cabeça com uma maçã, disposta em uma bandeja, e o que mais assustava era o que estava escrito atrás da foto."Natal de 1999"
Sim, aquela foto havia sido tirada no Natal, demonstrando que aquela bizarrice macabra, havia sido servida na ceia.
Enquanto Camargo caminhava pelos corredores da casa, ele coletou provas que poderiam ajudar na identificação da parceira de Dante até que Silva apareceu dizendo.
— Pegaram ele.
Camargo sorriu de satisfação, minutos depois ao chegar na sala de interrogatório ele se surpreendeu com quem estava diante dele, Dante, era ninguém menos que o vendedor das tortas de carne.
— Não precisava fazer isso, detetive, era só me dizer que queria mais torta. — Disse Dante sorrindo.
Camargo deu um soco na mesa, dizendo:
— Cala a boca, seu canalha!
Dante cruzou os braços ainda sorrindo.
— Se não é torta, o que você quer comigo? — Disse Dante.
Camargo começou a espalhar na mesa as impressões das fotos do celular, Dante olhava inexpressivo.
— Belas imagens. — Disse ele.
Camargo, quase pulando no pescoço do criminoso, falou:
— Quem era essa vítima?
— Vitima? — Disse Dante, se ajeitando na cadeira — Eu encontrei esse corpo na rua, e resolvi tirar uma foto, nada de mais.
Camargo ficou ainda mais indignado com a declaração debochada do criminoso.
— Ah, sim, você encontrou um corpo aleatório na rua, e não ligou para a polícia, ao contrário disso, tirou fotos com as partes dele?
Dante assentiu com um sorriso irônico. O interrogatório daquele homem era um teste de paciência, até que Renata apareceu na sala dizendo.
— Encontramos a parceira dele, e prepare-se para uma surpresa e tanto.
— Nada mais me surpreende. — Disse Camargo, saindo com ela da sala.
Mas a identificação da parceira de Dante lhe causou repulsa, era Isabel Duarte, também na casa dos 40 anos, e para o assombro de todos era enfermeira chefe do hospital militar da cidade.
Na sala de interrogatório, o ar pesado era palpável. Isabel, de olhos baixos e mãos trêmulas, quebrou finalmente o silêncio tenso. Entre soluços entrecortados, ela começou a relatar os eventos que assombraram a cidade por décadas.
Desde 1999, ela e Dante, seu marido, haviam cometido atos inimagináveis. O que se seguia, porém, era um pesadelo grotesco. Isabel detalhou como eles atraíam suas vítimas para a casa, onde as aprisionavam em um porão sombrio e sem esperança.
A narrativa sombria se desdobrava lentamente: os métodos meticulosos de sedução e captura, as câmaras de tortura improvisadas onde realizavam seus atos horríveis, e o momento crucial em que a vida de suas vítimas se tornava mera matéria-prima para seus desejos sádicos. Isabel confessou com uma mistura de arrependimento e alívio, como se finalmente estivesse se libertando de um fardo insustentável.
Para os investigadores, cada detalhe era uma peça do quebra-cabeça macabro que revelava não apenas a extensão dos crimes, mas também a mente distorcida por trás deles. Ouvir sobre as práticas de desmembramento e até mesmo o consumo dos corpos das vítimas foi um choque que reverberou muito além das paredes da sala de interrogatório.
Enquanto Isabel despejava sua confissão, a equipe de investigação lutava para manter a compostura diante do horror descrito. A cada palavra, a imagem da pacata cidade de Serra Verde era transformada em algo que lembrava mais um conto de terror do que a realidade.
Ao final do longo interrogatório, Isabel e Dante foram levados para as celas, deixando para trás uma sala que ainda ecoava com o peso de suas palavras e a profunda cicatriz que deixaram na comunidade de Serra Verde.
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Sombras de Serra Verde
Misterio / SuspensoBaseado em fatos reais, "Sombras de Serra Verde" mergulha nas profundezas obscuras dos crimes cometidos pelo casal Dante e Isabel. No coração do interior Paranaense, em uma cidade aparentemente tranquila, uma série de desaparecimentos misteriosos re...