26| Sick Fuck

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“Almas que não foram feitas para a paz, mas feitas a mão para a morte e assassinato, sangue e ossos...
Almas gêmeas forjadas no fogo, sob o olhar atento e zombador de Satanás.

Zyan.

Abby.

Apenas um casal de doentes fodidos.”

- Sickfux

ZYAN


.
Ainda encarava Abby.

Ou melhor.

Encarava a foto que Abby segurava, aterrorizado ao encarar de novo aqueles olhos cor de avelã, aqueles sorrisos largos e calorosos. Cada segundo fazendo meu coração bater mais rápido, cada segundo me fazendo reviver o maldito momento em que apareci em sua porta. Cada maldito segundo me fazendo reviver aquele momento. O momento em que eu soube que não importa o quanto eu me negasse a matar ou destruir, Caim sempre faria dez vezes pior.

Horrorizado e malditamente com raiva por sentir tudo de novo, Abby não tinha o direito, não tinha o direito de me fazer reviver Cada maldito grito e a porra da sensação de esfaquear os dois, de mata-los mesmo com seus gritos de socorro, de reviver tudo o que eu senti naquele dia.

Mais ao mesmo tempo não posso culpa-la quando fui eu quem escondeu dela, não posso culpa-la porque continuo mentindo, não posso culpa-la por me fazer relembrar o único motivo pelo qual eu pensei em deixa-la.

E agora, nada dói tanto quanto seu olhar de decepção, cada maldito segundo que se passa em que tenho que olhar nos seus olhos e pensar em mais uma mentira me faz desacreditar se realmente a amo ou se sou a porra de um mentiroso.

Ela olha pra a foto em suas mãos trêmulas e eu dou um passo em sua direção, Abby deixa mais lágrimas rolarem por seu rosto.

— Eu não entendo... — ela fungou com o nariz entupido e logo começou a respirar pela boca. — Tô cansada de não entender, Zyan.

Ela me olhou e eu paralisei incapaz de dizer algo ou de fazer qual quer coisa que não fosse encara-la e quando abri minha maldita boca, me arrependi imediatamente — De onde pegou isso?

Ela franziu os lábios e negou enquanto se sustentava na pia para se levantar, a barriga gigante esticando o vestido, seus pés descalços e inchados sendo firmados no chão. Me aproximei por instinto e estiquei a mão para segura-la mas, ela se afastou.

— Não me toque... — seu sussurro doeu muito mais do que se ela tivesse acertado meu rosto com um soco. Ela suspirou e continuou olhando para a foto — Não vou tentar te entender ou ficar aqui e ouvir mais uma das um milhão de mentiras que você conta a si mesmo para poder dormir a noite... — ela deixou a foto em cima da banca da pia mais ainda não me olhou —  O gravador está na sala, faça o que quiser.

Ela passou por mim e entrou no quarto.

Meu coração disparou e eu movi meus pés em sua direção.

Não vá, fique, por favor grite comigo, me bata, me faça sentir raiva, Abby.

Minha garganta oscilou e eu cerrei os punhos incapaz de me mover, incapaz de dizer todas aquelas palavras que estavam presas em minha garganta.
De segurar sua mão e fazê-la olhar para mim. A dor de vê-la atravessar a cozinha.

Me faça sentir alguma coisa.

Me faça desejar te deixar, me faça apenas esquecer cada maldito segundo que tive que reviver desde que entrei nessa cozinha.

Profano PARTE 01  [DISPONÍVEL ATÉ DIA 15/08]Onde histórias criam vida. Descubra agora