CAPÍTULO 8: O Cofre e o Acordo

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Suguro Geto observou o beco vazio abaixo, uma chuva fina caía em seus cabelos e nos paralelepípedos abaixo. O beco não passava um um corredor escuro entre dois prédios abandonados, lotado de lixo e gatos famintos, mas se ele prestasse atenção… Havia ali um leve resquício de energia amaldiçoada, um fio que percorria o comprimento do beco e sumia logo depois. 

Ele nunca tinha perguntado para outros feiticeiros, mas Suguro sempre conseguia sentir o gosto das maldições e aquilo o enojava, era como se seu corpo fosse feito para consumi-las. Até onde sabia, era possível sentir o cheiro e isso ele também fazia muito bem. 

Normalmente, as maldições cheiravam a mofo e coisas estragadas, mas aquela era completamente diferente, ela cheirava a algodão doce e chocolate. 

Um ruído atrás de si o fez se levantar de supetão, olhando os arredores com atenção. 

O terraço que estava não passava de um espaço vazio e abandonado, de metros em metros, havia um saco plástico ou restos de comida, mas a noite era a melhor amiga dos segredos e ele não poderia menosprezar os perigos escondidos. 

Ele examinou com cuidado os outros prédios.

Suguro sabia que não havia maldição alguma ali, sua preocupação era outra chamada Satoru Gojo. 

Suguro tinha sido alertado sobre a vontade de Gojo de conseguir aquela missão e de como ele faria qualquer coisa para isso. Suguro não ficou muito feliz de ficar no meio daquele fogo cruzado, mas um soldado obedece, não questiona. 

Contudo, saber no dia seguinte que seu vizinho de quarto era o dito cujo o deixou completamente perturbado. 

Perturbado o suficiente para ser burro e andar com aquela pasta no bolso do próprio casaco para evitar perde-la.

A missão é minha! Ele sentia vontade de gritar. 

Depois de decidir que não existia ameaça, exceto pelos seus pensamentos paranóicos, Suguro virou-se para o beco novamente. 

Ele nunca tinha visto um rastro desaparecer, a não ser que a maldição também tenha e por mais que quisesse, era burrice continuar ali, principalmente à noite. 

Suguro pulou da borda do terraço e dobrou os joelhos ao pousar no chão abaixo, ele caminhou para fora do beco e marchou de volta para casa. 

***

Mesmo à meia-noite, a Escola de Feiticeiros estava lotada de funcionários indo e vindo, luzes acesas e conversas baixas, aquele dia não era diferente. 

Suguro se encaminhou para o escritório de Yaga para escrever seu relatório, o qual ele fez o mais detalhado que conseguia, explicando cuidadosamente o bairro em que estava e o porquê havia ido para lá. Quando terminou, deixou o relatório na mesa de seu professor e saiu, desesperado por um banho. 

Os prédios de dormitórios continham banheiros compartilhados e Suguro não gostava nada daquilo, não que tivesse algum problema com seu corpo, o grande problema é que teria que dividir a sala de banho com seu vizinho de quarto.

O cansaço e a sensação de sujeira tiraram o seu bom senso e quando ele percebeu que não tinha levado a chave para trancar seus pertences em um dos armários, ele decidiu deixar as roupas no banco que ficava no centro da sala de vestir. 

Ele então, se encaminhou para a sala de banho, onde havia seis chuveiros, três de cada lado. Suguro escolheu o mais próximo e o ligou, colocando-o na maior temperatura que conseguiu. 

A água escaldante escorreu pelo seu corpo como um bálsamo, lavando toda a sujeira invisível que ele sentia se acumulando em sua pele. 

Ele se permitiu deixar seus pensamentos vagarem até sua família, fazia alguns meses que não os via. No início, ele tinha odiado a decisão da sua mãe, mas agora, ele a agradecia. Ela não era uma feiticeira, jamais conseguiria lidar com ele. 

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