Em uma tarde chuvosa, Aiko estava sentada em uma casa de chá acolhedora, folheando um livro de plantas medicinais. A lareira crepitava suavemente, proporcionando um calor bem-vindo ao ambiente frio e úmido. Seus cabelos pretos, geralmente presos em um coque devido ao trabalho como enfermeira, estavam soltos e ligeiramente armados, caindo em suaves ondas ao redor de seu rosto. Seus finos lábios rosados formavam um pequeno sorriso enquanto ela lia, e seus grandes olhos verdes brilhavam de interesse.
O som da porta se abrindo fez Aiko levantar o olhar. Giyuu entrou, sacudindo a água da chuva de seu haori. Seus olhos frios e calculistas varreram o ambiente antes de encontrarem os dela. Ele hesitou por um breve momento antes de caminhar até o balcão e fazer seu pedido.
- Um chá verde, sem açúcar, por favor. - ele disse, sua voz calma e controlada.
Aiko observou atentamente, notando a leve tensão em seus ombros que sempre parecia estar presente. Quando Giyuu pegou seu chá, ele se dirigiu até a mesa dela.
- Posso me sentar?- ele perguntou, sua voz baixa e grave, mas com uma suavidade que ela raramente ouvia.
- Claro, fique à vontade. - Aiko respondeu, fechando seu livro e oferecendo-lhe um sorriso acolhedor.
Giyuu sentou-se com um movimento fluido, ajeitando o haori ao seu redor. Ele segurava a xícara de chá com uma delicadeza surpreendente, considerando sua força evidente. "Você está estudando?" ele perguntou, tentando iniciar uma conversa.
- Sim, plantas medicinais. Achei que poderia ser útil na nossa próxima missão. - ela respondeu, seus olhos brilhando de entusiasmo.
- Isso é... prudente. - ele respondeu, desviando o olhar para a lareira por um momento. Aiko percebeu que ele parecia mais relaxado na presença do calor.
- Você sempre parece tão sério, Giyuu. Não acha que deveria relaxar um pouco? - ela provocou, com um tom de brincadeira.
Giyuu franziu ligeiramente a testa, seus olhos azuis escurecendo um pouco.
- Há pouco tempo para relaxar quando estamos em guerra contra os demônios.
- Entendo, mas até mesmo um Hashira precisa de um momento de descanso," ela insistiu, mantendo o tom leve.
Ele olhou para ela, seus olhos penetrantes a avaliando.
- Você sempre parece encontrar tempo para relaxar, Aiko. Como consegue?
Ela deu uma risada suave, seus olhos verdes cintilando.
- Acho que é uma questão de perspectiva. Eu tento aproveitar os pequenos momentos de paz, mesmo quando tudo ao nosso redor está em caos.
Giyuu parecia ponderar suas palavras, seus olhos suavizando ligeiramente.
- Talvez você esteja certa. - ele disse finalmente, em um tom mais leve.
Giyuu tomou um gole do chá, fechando os olhos por um breve momento enquanto saboreava o sabor. Aiko o observou atentamente, notando como ele relaxava ligeiramente com o calor do chá.
- Você realmente não gosta de açúcar, não é? - ela comentou, tentando manter a conversa.
- Não. - ele respondeu simplesmente, abrindo os olhos e olhando diretamente para ela - Acho que o sabor puro do chá é mais... honesto.
- Honesto? - ela repetiu, levantando uma sobrancelha em curiosidade - Essa é uma maneira interessante de ver as coisas.
- Você não acha? - ele perguntou, sua voz suave, mas com uma firmeza subjacente - Às vezes, adicionar algo altera a essência do que algo realmente é. Prefiro as coisas como são, sem artifícios.
Aiko considerou suas palavras, seus lábios rosados se curvando em um sorriso pensativo.
- Talvez você esteja certo. Mas, às vezes, um pouco de doçura pode melhorar as coisas.
Giyuu não respondeu imediatamente, apenas continuou a olhar para ela, como se estivesse tentando entender algo que escapava à sua compreensão. Finalmente, ele disse:
Talvez haja algo a ser aprendido com isso.
Desde que Giyuu chegou à sede dos Hashiras, ele sempre foi reservado, permitindo apenas que Aiko cuidasse de seus ferimentos. No início, ele era ríspido e não deixava que ninguém o tocasse. Mas, com o tempo, ele passou a confiar nela, embora raramente conversassem. Ela sempre o cumprimentava quando o via, e ele apenas se curvava em resposta.
Aiko sabia que Giyuu apreciava sua companhia de uma forma silenciosa. Ele era um homem de poucas palavras, mas suas ações falavam por si. Ele sempre a procurava quando precisava de cuidados, e, embora não o admitisse abertamente, parecia encontrar conforto em sua presença.
- Você sabe, Giyuu... - ela começou, hesitante, suas mãos brincando nervosamente com a borda de sua xícara de chá - Eu sempre admirei sua dedicação e força. Mas às vezes me pergunto... você nunca pensa em um futuro além das lutas?
Giyuu ficou em silêncio por um momento, seus olhos azuis fixos nos dela, como se pesando suas palavras.
- Eu penso. - ele admitiu finalmente, sua voz baixa e introspectiva - Mas esse futuro parece distante e incerto.
Eu entendo. - Aiko disse suavemente, seus olhos verdes cheios de compreensão - Mas talvez, um dia, quando essa guerra acabar, possamos encontrar um pouco de paz. E quem sabe, algo mais.
Ele levantou os olhos para encontrá-la, uma leve suavidade em seu olhar intenso.
- Talvez. - ele disse, sua voz quase um sussurro - E talvez, Aiko, você possa fazer parte desse futuro.
O coração de Aiko acelerou com suas palavras. Ela sempre teve sentimentos por Giyuu, mas nunca ousou expressá-los. Agora, havia uma centelha de esperança, um vislumbre de algo mais entre eles.
Enquanto a chuva continuava a cair lá fora, eles compartilharam um momento de compreensão silenciosa. Giyuu não precisava de palavras para expressar seus sentimentos. Sua presença ao lado dela, sua confiança em seus cuidados, tudo isso dizia mais do que qualquer declaração poderia.
Giyuu finalmente se levantou, ajeitando seu haori.
- Foi... agradável conversar com você, Aiko. - ele disse, sua voz suave, mas firme.
- Foi sim, Giyuu. Espero que possamos fazer isso de novo. - ela respondeu, sentindo uma estranha mistura de esperança e curiosidade.
Ele fez uma pausa antes de responder, seus olhos azuis encontrando os dela uma última vez.
- Eu também.
Com um leve aceno de cabeça, Giyuu se dirigiu para a porta, a chuva ainda caindo lá fora. Aiko o observou enquanto ele desaparecia na tempestade, seu coração batendo mais rápido do que nunca.
No pequeno refúgio da casa de chá, Aiko encontrou um vislumbre de algo mais com Giyuu. E, talvez, aquele fosse apenas o começo de um futuro que eles poderiam compartilhar juntos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vislumbres
RomanceAiko, uma enfermeira na sede dos Hashiras, cativa Giyuu não apenas com suas habilidades curativas, mas também com sua gentileza e sorriso tranquilo. Enquanto ela cuida dos ferimentos dele, Giyuu descobre que os momentos de silêncio compartilhados sã...